quarta-feira, 19 de junho de 2019

Vil Mental

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Numa mesma panela, bem grande, chamada mundo. Eu, você, todos nós, a putada toda. Vivos e mortos, bons e maus, inocentes e culpados. Os que viveram antes, os que vivem agora, os que talvez vivam qualquer dia desses...
Um forró doido, bolinha girando e girando no meio do espaço com noites e dias se sucedendo que nem animação de documentário americano. Quem pode explicar?
Balanço de bundas muitas, goró dos fins de semana dos miseráveis que se candidatam à vergonha pública. Cegos de óculos escuros e bengala, pedindo moedinha lata na porta da Matriz e os outros mais, muito mais, por aí, cagando e andando e tropeçando e caindo na própria bosta...
Filosofia ao avesso, tudo que nos faz mal é bem vindo. Venenos em boas embalagens numa grande promoção. Compre dois e leve um. Descobertas incríveis, mas tão incríveis que nem o descobridor acredita nela. 
É taco no taco, seu Cavaco. Peça pra meninada ver na escola e sair correndo, tudo apavorado. Incêndio na nave-mãe, olhada bem de perto pela nave-pai. Notícia no papel de monte. Tanto daqui quanto de lá e acolá também. Bala que não é de Cosme e Damião.
E a fuzarca daqui pertinho? Os burros agora não comem mais capim, tá fora do cardápio, agora é na lagosta mesmo. De empapuçar a greta do rabisteco, sim senhor. Vergonha é roubar e não poder colocar na conta no exterior. Se você falar certinho, tá errado.
Vem passando o carro do ovo! Ovos fresquinhos, selecionados, ovos que a galinha cagou! Haja rock pra tanta fulinha, o beleléu é logo ali, sem dúvida, de botar no bolso. Com ou sem cara feia, tanta faz agora.
Agora tá faltando tudo, tá faltando até a falta da falta, se é que é. Nana nenê, que a Cuca tá de férias, já tá quase na hora dela se aposentar, coitadinha. Tá só no biscoito e não quer outra vida.
Altares particulares na mão de qualquer um. Por um desses o cara mata a mãe e os filhos também. Vende um rim na feira. Corta o saco fora e ranca os dentes. Assina trato com o Demo sem ler as letrinhas miúdas. Fica parado na linha na hora que o Japeri vem passando só pra aparecer. 
Já teve coisa que dava medo. Agora? Medo foi na rua da Alfandega e comprou roupa nova. Foi no salão, fez cabelo e até conseguiu falsificar uma identidade no Zé da Esquina. Medo é outro, mudou sim. Medo de ficar vivo se todo mundo morre, medo de não ter crédito pra postar babaquice, de não poder desperdiçar.
Mais um monte, um montão.
Coragem virou coisita boba, dá de cara na parede e cai na rua. É mais patusco sem patuscada. Vamo de pato assado! Laranja não... Tá em falta na esquina, virou caso sério que nem piada no frevo. Entendeu? Nem eu...
Eu só tenho à declarar que nada tenho à declarar, nesse sublime momento que é só momento e não tem nada de sublime. Gosto de usar frases bem bonitas, desde que sejam dum jeito bem moderno que ninguém entende, certo?
Vamos sair correndo porque nem sabemos a diferença entre o nada e coisa alguma. Comprei um quebra-cabeças sem pé nem cabeça. É dar um pulinho no inferno de hora em hora. A gente chega lá, faz uma careta e os capetinhas se molham todos.
Há muita coisa que esquecemos, até o esquecimento foi nessa barca de cachoeira acima. O que mandarem, eu traço. Saudável? É palavrão! Respeita a mãe dosotro. Toma a que matou o guarda que tá tudo certinho.
Velho é o de anteontem, o de ontem é relíquia. É feio pra ficar mais bonito. Não se conta mais carneirinho, se é. Carneirinho brabo, bem entendido seja. Que mete bronca, suja rua e mais meia dúzia de coisas que todo mundo já sabeu. Mico-leão na sopa, churrasco de panda.
Só tem louco fora do hospício, é verdade, juro pela sua mãe mortinha, em cima da pedra, sem carpideira e no balacobaco, ziriguidum, telecoteco. Um teco só e o bagulho nem é mais doido, é frenético mesmo. Assim é, se não lhe aparece.
Numa mesma panela, bem grande, chamada mundo. Eu, você, todos nós, a putada toda.  Vivos e mortos, bons e maus, inocentes e culpados. Os que viveram antes, os que vivem agora, os que talvez vivam qualquer dia desses...

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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