sábado, 31 de agosto de 2019

Alguns Poemetos Sem Nome Número 21

fumando | O Defensor
Quedo minha cabeça em teu colo
ó minha amada!
Deixa que descanse
de todas as maldades do dia...
Não foi com dolo,
fui apenas um tolo,
eu quis apenas alegria...

Segura a minha mão
ó minha amada!
Eu preciso que me leves,
me leves longe daqui,
para um lugar mais seguro,
pois eu tenho medo do escuro,
é assim desde que nasci...

Perdoa minhas besteiras
ó minha amada!
.Foi tudo sem querer,
foi tudo sem querer...

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vários sons se espalham na noite
apesar do silêncio ser sua roupa...
existem luzes em vários pontos
apesar da escuridão ser sua alma...
o impossível também dá suas voltas...
tudo há de ser misturado
apesar das matizes de cores não vistas...
o profano e o sagrado se mesclam
apesar das regras que tentamos...
tudo foi visto e nada olhado
violência e ternura de braços dados
apesar de cabeças baixas e lamentos...
todas as dores são parecidas
apesar de sermos únicos...
acendo um cigarro e prossigo

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telhados onde gatos passeiam
muros e altos lugares
não possuem asas
mas mandam nos ares
doce equilíbrio de muros
como misteriosos mares
vamos escalar alturas
todos os seus andares
na nossa maior solidão
mesmo quando em pares...

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Filme mudo
Filme tudo
Cena lépida
Cena intrépida
Normalmente tudo passa...
Mesmo sem motivos para tal
E eu brincava nesse quintal
Mesma faixa
Mesma baixa
Tudo seu
Tudo meu
Até o que nunca existiu...

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Sinto-me só entre muitos
Triste com toda essa alegria
Insatisfeito realizando desejos
Escalando impossíveis paredes
Ávido colecionador de dores
Um vento sopra quase mau
Enquanto espero o dia insone

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Onde esse rio vai dar?
Depois de muitos caminhos
Qualquer lugar...

Onde vai o pássaro à voar?
O céu que estiver mais próximo
Qualquer lugar...

Onde está o menino à sonhar?
Para sonhar basta qualquer canto
Qualquer lugar...

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O relógio pode ser nosso carrasco
A espera a experiência do cientista louco
A paixão uma antiga doença sem cura
Todos os problemas são meus e seus...

As mentiras são recursos de cena
Até nas favelas tragédias gregas são encenadas
A camuflagem atinge todos os mortais
Todos os problemas são meus e seus...

A sorte é um grande quebra-cabeças
Pulamos amarelinha e o tombo é certo
Brincar é compromisso assumido 
Todos os problemas são meus e seus....

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sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Alguns Poemetos Sem Nome Número 20

Resultado de imagem para garoto de boné
outros sons
escuto atento e desatento
maus ou bons
são todos estes ventos

na direção
de que vou sem sequer olhar
não há razão
só sabemos que um dia vai acabar

vai tudo acabar...

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os pensamentos
também pensam?
os sonhos
também sonham?
as carências
são carentes?
as necessidades
necessitam de algo?
a tristeza ficou triste?
só as perguntas 
de nossa alma
vivem em todos os cantos...

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necessito urgentemente
de dias mais longos
com uma hora à mais
ou até mais que isso
por que?
para poder olhar em volta
e captar mais profundamente
a essência de todas as coisas...

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por que não há porquê
em certos porquês?
tudo se repete ao seu jeito
e para que a monotonia
afinal não nos fira
as ilusões chegam
em nosso socorro
e aí mais erros nascem...

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Tentei ser um herói
não consegui...
Até tentei ser o bandido
não era mau o suficiente...
Alguns avessos andam em alta...
Uma triste verdade
se esconde sob os risos...
Desculpem então
o excesso de reticências usadas...
Eu tenho um certo fraco
pela morbidez das saudades...
Façamos uma pausa para o cafezinho...
Um trago! Eu necessito...
Só o impossível vale ser tentado...
Estou morto já faz um tempinho...
Qualquer dia desses viro poema...

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Respiro o dia
e na constante inconstante
tudo se move por si
até o que não o vemos
Formigas e grãos de pó
Grande espetáculo!
Digno de inscrições nas pedras...
Todo cuidado é cuidado
e não se fala mais nisso...

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Posso ser um chato
(e até o sou)
mas cheguei em um tempo
de mim mesmo
que muito se inverteu
e meus algozes de antes
não me fazem sofrer.
O tempo é mestre
e ensina o valor
que algumas insignificâncias possuem
enquanto algumas importâncias
são apenas banalidades 
disfarçadas com cores enganosas.
Sorrisos são grandes conquistas.
A apatia é uma doença.
A simplicidade vence obstáculos.
A esperança é o único vício
que pode nos salvar de nós mesmos.

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quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Caiu No Chão

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Caiu no chão...
lá do alto das nuvens
onde brincava sempre
e ao cair se machucou
com feridas que nunca fecharão...

Caiu no chão...
em terras tão estranhas
que nunca tinha ido antes
terras secas e inóspitas
cheias de homens malvados...

Caiu no chão...
no começo inconsciente
depois desperto em sustos
existe maldade e bondade
depende apenas do tempo...

Caiu no chão...
feito frutas maduras demais
que esperam que a colham
quem as prove em seu sabor
mas vão ao banquete da terra...

Caiu no chão...
não fez barulho algum
como a melodia estridente e vítrea
das tragédias tão encenadas
igual ao choro de um menino...

Caiu no chão...
tentou levantar mas foi em vão
continuou no mesmo lugar
como quem tenta criar raízes
só que poderá morrer uma hora...

Caiu no chão...
ficou naquele canto escuro
até que um dia um anjo tenha pena
e vá buscá-lo de volta
para o céu onde moram os sonhos... 

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Caminho

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Caminho...
de pouca rosa, muito espinho
e vamos todos assim
à procura do jardim
à procura da procura
a manhã está escura
dentro de mim...

Caminho...
tanta gente, eu sigo sozinho
e é assim nosso luto
nosso coração bruto
à procura da procura
como ferida sem cura
em absoluto...

Caminho...
tão carente, quero carinho
quero colo pra deitar
motivo pra respirar
pra continuar por aqui
chorando porque nasci
querendo amar...

Caminho...
de pouca rosa, muito espinho...

(Para o jovem poeta Patrick Duarte, pela sua maioridade. Muitas felicidades nesse mundo quase sem...)

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Remendos

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Mais do que nossas roupas velhas, nossa alma. Rasgada com todas as tristezas quais espinhos pontiagudos e malvados, que não ficam em seu lugar, mas nos procuram. São os acontecimentos da vida e os acidentes de percurso, tão comuns em sua singularidade.
Mais do que máquinas enguiçadas, nossa mente. Os problemas dançam em roda em volta dos nossos olhos, feito um desenho animado qualquer até que fiquemos exaustos, debaixo dos tapetes nossas confissões mais inconfessáveis de que pecamos e muito.
Somos os que somos, seres únicos, um universo em caos, apesar de parecer o contrário. O desconhecimento é a rotina que seguimos, sem percebermos, ser darmos conta de tal.
Estamos num grande tribunal, onde nossos desejos são nossas testemunhas, de defesa ou de acusação, isso depende apenas de meras circunstâncias, o herói do dia foi o covarde que deu apenas o golpe certo.
Somos cruéis mesmo quando não o desejamos, mesquinhos mesmo nos esforçando para que tal não aconteça, tolos o bastante para não reconhecermos nossa falta de visão.
As novas músicas se espalham pelo ar, mas falam sempre de coisas antigas, é impossível modificar isto. As modas são lançadas uma à uma para seu laborioso ofício de nos tornarmos ridículos com gosto apurado. Tudo é obsoleto e esse ofício é por conta de nossos calendários.
As saídas de emergência estão hermeticamente fechadas, as mais simples expressões são em um idioma que não conhecemos, as bulas são escritas em códigos secretos parecidos com os que foram utilizados em grandes guerras.
Tentamos disfarçar sempre, mas o imperador está nu; tentamos convencer à nós mesmos que tudo vai bem, mas o desastre é iminente. Ter paciência é um grande tesouro perdido em alguma ilha deserta no mar da nossa intranquilidade.
Não é por questão de ofício, mas à bem da verdade, só a poesia nos salva de alguma coisa. Seja ela de que forma for, eloquente em palavras de ordem ou em simples gestos afetuosos ou em olhares infinitos. Imaginar é poder viver um pouco nos céus que não merecemos de outra forma.
Eu errei, você errou, todos nós erramos, remendos são quase impossíveis de se fazer...

(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Alma Barata

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alma barata essa minha
que anda sozinha
mesmo entre as gentes
há tantos doentes
há tantos loucos
e felizes bem poucos

caminho duvidoso o meu
onde o tempo se perdeu
onde a vida desperdiçada
vai encontrar o nada
é sempre o mesmo final
tudo vai bem tudo mal

alma barata mais que tudo
cacos de vidro pés de veludo
vamos pisando em ovos
os velhos e os novos
os donos do mundo
e os tais vagabundos

caminho sem saída o nosso
eu faço aquilo que posso
mesmo entre estranhos
tantas matizes e tamanhos
onde meu amor estará?
desconheço aonde está

alma barata essa minha
que anda tristinha
mesmo entre as gentes
meus dedos dormentes
há tantos loucos
e eu sou como poucos...

domingo, 25 de agosto de 2019

Quando Ele Morrer

Quando ele morrer
será manhã de carnaval
pois afinal viver
não foi assim tão mal
e os foliões virão sambando
e a sua morte comemorando
viveu como lhe foi dito
um viver nem feio nem bonito
às vezes rindo e outra chorando
ou na espera ou se desesperando

Quando ele morrer
será numa noite de temporal
o vivente tem que sofrer
numa luta tão desigual
e as carpideiras se lamentando
todas elas virão em bando
viveu como um mero canalha
que pelo chão ilusões espalha
espalha pra depois ir catando
as ilusões são folhas amarelando

Quando ele morrer
será uma tarde tão banal
será então como ver
aquela luz bem no final
a luz que sempre foi brilhando
mas que vai se apagando
a mesma luz entrou pelas janelas
e deixou as cores até mais belas
estão agora em seu rosto beijando
e até sua morte comemorando

Quando ele morrer
na verdade serei eu...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Se Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Muito Além da Retina

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Muito além da retina 
eu via coisas que não queria
uma despedida sem tamanho
foi embora minh'alegria

A minh'alma foi embora
deixando-me a velha carcaça
uma fogueira se apagou
só me restando a fumaça

Eu tinha medo do escuro
mas só olhava a escuridão
os fantasmas do passado
estão vindo lá do porão

Não há segredos à contar
tudo já foi revelado
os pesadelos estão vindo
mesmo estando acordado

Muito além da retina
eu via até coisas que não via
tudo dói à minha volta
até aquilo que queria...

Rotina de Solidão

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Atos repetitivos
eis a questão 
não há motivos
nesta solidão

Levanto na hora
eu quero café
quero ir embora
tudo é o que é

Não sei o que fazer
como será o dia
há tudo que temer
até minha alegria

Não sei onde ir
não sei aonde vou
pareço um zumbi
eu sou um robô

Vida moderna
tempo passado
dentro da caverna
mais um derrotado

Preciso dormir
eu quero comer
vou aqui e ali
eu vou me benzer

Faço o que faço
tudo é batalha
é tanto cansaço
para esse canalha

O dia acabando
a rotina não
então vou chorando
nesta só solidão

sábado, 24 de agosto de 2019

Os Montes

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Os montes da vida
os montes da morte
montes de ferida
montes de sorte
os montes os montes
cuidado em passar pontes
há mentiras sem fontes

Aquilo que queremos
aquilo que não alcançamos
aquilo que não podemos
é o que não esperamos
eu faço rimas
tenho cá minhas cismas
vejo por meus prismas

Os montes sem cor
os montes escuros
montes de dor
montes monturos
mais forte que a incerteza
vem de braços com a pobreza
essa é nossa natureza

Aquilo não é aquilo
aquilo que não é a meta
aquilo que faz intranquilo
a nossa ânsia secreta
eu faço caos
tenho medo dos maus
vamos partir nessas naus

Os montes da vida
os montes da morte
montes de ferida
montes de corte
os montes os montes
acabaram os horizontes
não existem mais pontes

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Sangram Pés

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Sangram pés...
na rotina mais cruel
de ter que andar por aí
mesmo não querendo ou podendo
porque o tempo não conhece paradas

Sangram pés...
estamos todos propensos
ao suicídio sem morte alguma
porque se morre lentamente aos poucos
e quando vemos já aconteceu a hora da partida

Sangram pés...
tudo tem ar de exagero
mesmo quando parece faltar
o que acaba nos sufocando é apenas ar
assim como as plantas morrem por excesso d'água

Sangram pés...
os monstros que construímos
são aqueles mesmos que irão torturar
nossas carnes como uma infeliz brincadeira
descontroladamente dançamos até cairmos no chão

Sangram pés...
mesmo sem notarmos tal
mesmo se escondemos isso de alguém
as dores são uma constante no calendário
acostumarmos à elas é a estratégia de nossa fuga

Sangram pés...
em todos os lugares possíveis
em ocasiões tristes e até em felizes
mas assim mesmo haveremos de viver sempre
escolhemos a roupa mas nunca escolhemos ocasiões

Sangram pés...
encontrei uma pedra no caminho
não tive tempo algum de fazer versos
apenas a observei com alguma real atenção
ela poderia ser um estorvo ou um descanso talvez

Sangram pés...
e mesmo assim continuemos...

(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Soneto Que A Vida Quis

eu cumpri as juras que não fiz
a vida que quis, foi pura aflição
todo cara que ser um dia feliz
mas tudo acaba e é só ilusão

a vida quando muito é sorteio
uns para luz, outros na escuridão
quase ninguém sabe porque veio
vamos vivendo nessa confusão

eu não olhei os caminhos que andei
então tropecei e acabei indo ao chão
de vários pesadelos eu não acordei

por que vou correr até a exaustão?
não sei onde é que eu chegarei
pois foi a vida é que fez tanta questão...

Um Cidadão Moderno

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Sou um cidadão moderno 
possuidor de tantas mazelas
sigo esse meu caminho
imitando todas as novelas

Como o que me mandam
sou um burguês comportado
não me importo com ninguém
não fico olhando pro lado

Não vejo ninguém na rua
não ligo pra quem está dormindo
não enxergo nuvens no céu
só os prédios que estão subindo

Eu queria ser mais livre
mas aprisiono a minha pessoa
em celas que eu construo
pra eu ter essa vida boa

Só uso calçado caro
andando sempre na moda
o meu cartão de crédito
é o único que me incomoda

É uma eterna competição
é isso tudo o que eu faço
só não sei o que é viver
esse é o meu maior fracasso

Um cidadão de classe
cidadão exemplar modelo
não cuido da minha alma
tenho que cuidar do cabelo

Sou um cidadão moderno 
proprietário de muitas balelas
sigo no meu quarto fechado
sem nem mesmo abrir as janelas...

Festa dos Ossos

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nossos ossos
comem as carnes do dia
e não procuremos explicações
para tal jornada...

cegos estamos e continuaremos
no mais trabalhoso afã
de sermos exatamente nada
como sempre o fomos...

o único perigo
que estamos expostos
é que tudo dê certo
e percamos a fama de tristes...

queimei todos os livros da estante
porque passava muito mal
fazendo certos malabarismos
com verdades incômodas...

os passos são difíceis
porque somos sempre perseguidos
por tudo que deveria ser
motivo até de algum perdão...

saí feito um desembestado
pelos becos que encontrei
não porque já era noite
mas porque a luz me cegava...

a química é imperfeita
e a lógica usa umas muletas
mas ainda assim vamos
por alguns caminhos aí...

nossos ossos nos consomem
e mesmo assim vamos
com as carnes em pânico
sabendo que amanhã talvez...

(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nenhum, Nenhum

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nenhum som percorria o ar
como se esperava
nenhuma cor vinha vindo
invadindo a retina
nenhum cheiro gritava algo
que chamasse atenção
absoluto silêncio...

e eu ainda tento em vão
tirar algumas grandes lições
de vários pequenos algos
até que tudo esteja parado...

nenhuma festa me aguardava
para deleite d'alma
nenhuma fogueira acendia
o que restou dos passos
nenhum motivo acontecia
para poder dormir
inquietante nada...

sento no calçado e espero
os doces que não virão
e aqueles meus brinquedos
que faziam alegria...

nenhum enfeite mais antigo
guardava algum conto
nenhum carnaval tão bonito
me dava o seu canto
nenhuma explicação certa
para dores assim vindas
exuberante fracasso...

faço um último esforço
para entender aquilo 
que não pude entender
mas nada entendo nunca...

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

O Alvo Acertado

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o alvo acertado
a mentira mandando
o certo é errado
meu Deus, até quando?

o poder mata tudo
por qualquer uma prata
vamos fazer o absurdo
botar fogo na mata

a ferida sem corte
o sangue escorrido
pior que é a morte
é ter assim vivido

os tolos podendo
na carne dos dias
o tempo correndo
pra a nossa agonia

a carta marcada
o roubo no jogo
a água parada
não apaga fogo

quem tem pode mais
que não tem lamenta
é trégua sem paz
nossa febre aumenta

filhos da sua fome
filhos de nossas ruas
crianças sem nome
tetos feitos de luas

e eu me canso
tudo se cansa
o leão é manso
mas nos alcança

o alvo acertado
a mentira mandando
está tudo errado
e as crianças chorando...

terça-feira, 20 de agosto de 2019

Claros Sinais

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Não cegue à si mesmo
a vida dá claros sinais
que não anda nada bem
e aí pra frente tem mais...

Tem novas guerras chegando
a fera tem fome e pressa
mal um problema acaba
e um outro desastre começa

Não negue à si mesmo
abrigo nesses temporais
as folhas já rodopiam
chegaram os vendavais...

Tem velhas mentiras contadas
tanto ódio e muito preconceito
parece um vidro quebrado
quebrou não tem mais jeito

Não castre à si mesmo
as ondas batem no cais
o tempo passa correndo
deixando tudo pra trás...

Tem muito para consertar
as máquinas estão quebradas
há poucos passos para dar
mas existem muitas estradas

Não cegue à si mesmo
a vida dá claros sinais
tudo o que já partiu
acabou não volta mais...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Sob A Tempestade (Era Isso)


Era isso que minha mãe dizia...
que nasci numa noite fria
como a tristeza de quem ama
às três da manhã sem estrelas...

Era isso que meu pai dizia...
que a solidão nos acompanha
por todos os cantos possíveis
antes e durante e talvez depois...

Era isso que o amor dizia...
que o tenhamos sempre em nós
mesmo sem retorno algum
pois o amar por si já basta...

Era isso que a paixão dizia...
tome todo cuidado possível
nossos desejos são como espinhos
ferem ao menor descuido...

Era isso que o sonho dizia...
você nunca estará aqui ou lá
seu coração percorrerá distâncias
e será apenas o mundo inteiro...

Era isso que a morte dizia...
não fuja de mim nem me persiga
eu chegarei na hora certa
e você perceberá que não sou má...

Era isso que a vida dizia...
eu não sou um grande enigma
sou a solução de todos eles
mesmo com as setas que te firo...

Era isso que a tempestade queria...
ser quase igual à mim quando choro
mas nem ela pode fazer o que quis
pois tinha todas as lágrimas existentes...

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

São Certas Coisas

Resultado de imagem para menino sorrindo
São certas coisas
que eu queria te falar
falar que é sempre cedo
é sempre cedo pra se matar
que devemos viver os dias
até tudo se acabar...

São certas coisas
que eu queria te falar
que devemos sempre rir
mesmo se quisermos chorar
é muito bom ser alegre
nisso mal nenhum há...

São certas coisas
que eu queria te falar
que vida e morte são belas
formam o mais lindo par
e tudo é uma grande dança
então iremos dançar...

São certas coisas
que eu queria te falar
que a liberdade que é nossa
só nós podemos tirar
não somos feito passarinhos
mas temos asas para voar...

São certas coisas
que eu queria te falar
mas acaba faltando o gesto
é melhor eu me calar
esquece as minhas loucuras
pode então caminhar...

Emaranhados


Emaranhados de fios
tão cheios, vazios,
ousados, vadios,
tão quentes e frios,
numa eternamente paradoxia...

Emaranhados de atos,
tão velhos, novatos,
são caros, baratos,
tão verdades e boatos,
em labirintícos anseios...

Emaranhados de gestos,
tão comportados, protestos,
alegres, funestos,
tão sãos, molestos,
cirandamente divertido...

Emaranhados de cores,
tão prazeres, dores,
maldades, amores,
tão abismos, andores,
coloristícamente inestético...

Como sempre...

domingo, 18 de agosto de 2019

Malvada

Resultado de imagem para feiticeira gótica
É claro que ela não viria
brincar comigo nesse carnaval
ela não queria essa folia
que vai acontece sob o temporal

É claro que ela não tem pena
não tem dó de me deixar sozinho
ela é a flor que me envenena
com seu veneno junto ao espinho

É claro que ela não gosta
dos versos que faço com capricho
e que não me mandou resposta
e os jogou todos bem no lixo

É claro que ela não tem ideia
de quantas vezes é que me matei
que virei as costas pra plateia
e seus aplausos não escutei

É claro que ela não fez questão
que eu parasse de vez de chorar
e as palavras tolas sem razão
parassem de vez de me atormentar

É claro que ela não me perdoou
deixou que eu continuasse um louco
ficou calada e virou as costas e andou
me deixando aqui no maio sufoco

Malvada...

Aquele Seu Rosto

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os gemidos dela não chegam aos meus ouvidos
e provavelmente tudo é só pode ser assim
eu conto meus minutos igual moedinhas
e o que normal na verdade não pode sê-lo
há festas até nos dias em que existe um luto
e a velocidade que tudo acontece não se mede
nada posso e nada tenho e nada realizo
como um morto que espera seu sepultamento
quem me dera contar as estrelas de sua pele
e arrancar um pouco do brilho dos seus olhos
fazer perguntas indiscretas sem sentido algum
porque agora me libertei dos castigos do destino
mas você é a dona de todas as chuvas que vêm
e eu sou o mesmo menino tímido de anteontem
tragam-me algumas flores com a devida pressa
porque sem cores não pode haver carnaval
eu preparo com paciência as minhas surpresas
como um rio manso que teima em não correr
desperto sempre em meio às madrugadas
para olhar o relógio e lamentar dessa minha insônia
esquinas demais são o que tenho em minha cidade
e acabo confundindo minha malícia e meu sentimento
como repito palavras que nunca tiveram nexo
e acaba sendo muito bom até não mais doer
você não sabe e com certeza nunca vai saber
quantos enigmas fiz com as minhas próprias mãos
observo cada detalhe até confundi-los todos
e quem me dera sua nudez proibida e ofuscante
as coisas passageiras permanecem em minhas dores
e mesmo voando sinto que me falta aquele ar
um festival de obscenidades eu assim prepararia
como quem cava a terra com as próprias mãos
nunca esquecerei seu semblante mais que sério
escondendo o sorriso mais belo de todos

É Verdade!

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Não vamos contar mentiras fáceis, mentiras fáceis são como pequenas dores que de repente chegam e somem, nosso tempo tem que ser gasto com algumas tolices bem maiores do que estas.
Acabou de passar na televisão alguns venenos agradáveis para satisfazer nosso grande (pequeno) ser e nosso desespero nasce se corre tudo mais ou menos normal e bem.
É tão fácil ir por caminhos tão errados, mais fácil ainda chorar por cenas que não presenciamos, testemunharmos crimes que não vimos e dormir com sonora calma em nossos travesseiros sujos.
Somos pequenos o bastante para que nossos apetites nos levem à engasgar com bocados que mal cabem em nossas bocas, que não estão presentes na lista de nossos gostos e vomitemos no dia-a-dia uma inutilidade digna de grandes heróis.
Seu maior inimigo é inatingível, uma forte barreira lhe impossibilita de feri-lo, mesmo que ele zombe de seus afetos mais caros, a grande barreira do espelho brinca placidamente com o desespero que nunca havia sentido antes.
Escolhas normalmente existem para que o remorso nos ataque mesmo que tudo tenha corrido dentro de nossos planos, talvez melhor ainda e seja mais rápido ainda a perda de vontade do que tudo o que fizemos para pegar com as mãos nuvens bonitas.
Nada nos assombra mais do que determinadas naturalidades já fora de moda, onde as virtudes são apresentadas com feios andrajos enquanto os vícios desfilam sem pudor algum.
Rios são rios, deveríamos ter prestado atenção à este simples e cruel fato, mas os cadáveres que boiam sobre as águas acabam nos divertindo tanto que as nossas lágrimas ocasionam nossas previsíveis quedas.
Eu sou o mais comum entre os mortais e meu asco acaba sendo enciclopédico, salvo as restrições que acabaram pegando carona num pau-de-arara vindo da direção errada e que me deixa zombando do que pode existir de mais sagrado.
A minha mortalha perdeu seu charme e agora que me transformei em um simples número e estou coberto de razão mesmo quando os augúrios dizem totalmente ao contrário e este possa ser o último café que bebo e esse possa ser o último cigarro que engulo.
Nossa liberdade é algo plenamente admirável, alguns escolhem serem livres em demasia até que sua liberdade transforme-se em grilhões enferrujados e necessários, outros optam pela liberdade de uma escravidão que acaricia e entorpece.
É discutível sabermos quem é o primeiro e o último nesta fila que percorre quarteirões desprovidos de pés, que conhece todos os detalhes sórdidos de nossa jornada inacabável ou não, sempre com sãs dúvidas e certezas ignorantes, ambas migalhas que os pássaros catam pelo chão.
Acabaram todos os instintos básicos e caiu por terra toda compaixão necessária para pelo menos não sujarmos nossa folha corrida, ações impensadas é que temos para o almoço, para a janta e para o dia seguinte em nosso apressado café da manhã. 
Hoje é o grande dia! De matarmos à nós mesmos para a realização de um grande e vão espetáculo onde a beleza se esconde sob os véus e tudo mais acaba desaparecendo num simples estalar de dedos pois somos os mágicos sem nada de extraordinário.

(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sábado, 17 de agosto de 2019

Veio

Resultado de imagem para menino andando
Veio nas veias
em ponto de bala
a testa queimando
a alma fala

Chegou mansinho 
feito furacão
abrindo os olhos
tirando a razão

Veio nas rimas
palavras que invento
sinto uma dor
que dura um momento

É a estética
realizada às avessas
e algumas nuvens
meninas travessas

Veio nas cores
em tudo o que faço
o calor sincero
e terno dum abraço

A dança começa
e nunca mais pára
faltam detalhes
mas ninguém repara

Veio de cima
igual veio do chão
tão lindas flores
minha emoção

É vendaval infindo
começo e fim e meio
como tudo que há
tudo o que veio

Hoje


Arregalo meus pobres olhos 
Para uma escuridão sem trevas
E tenho medo do nada que me esconde
Daquilo que poderá não me fazer
Alguma hora um mal algum

Uma reza que não sai dos meus lábios
É feita num idioma incompreensível
Que grita para a sensibilidade rude
Não há mais o que e com que chorar
Porque o morto ainda vivo está

Quanto mais decifro alguns enigmas
Mais eles brotam de todas as esquinas
Como zumbis que imitam o que somos
Brotam de todos os lados possíveis
E as recompensas já foram embora

São lúdicos os nossos reais problemas
Porque somos apenas um grande rebanho
E abismos profundos aparecem sempre
Cada segundo se cerca de importância
Mas somos idiotas demais para notá-lo

É mentira! É mentira! É pura mentira!
As virtudes são tapetes de cacos de vidro
Que servirão de mais um acompanhamento
Para ser servido bem na hora do nosso chá
E as contradições são pílulas douradas

Eu quero e cada um quer e todos nós queremos
Que a queda do vidro seja menos dolorosa
E que o gosto de cereja dos cigarros que fumo
Sejam por enquanto mais leves que a terra
Porque o hoje acabou de passar no galope

(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Sucessividade

Resultado de imagem para menino com medo
Quando os olhos se arregalaram para o nada
num momento qualquer que nem bem sei
essa era a escuridão que não queria nunca
mas me acompanhou feito um morrer de fato...

Quando os ouvidos tiveram um pressentimento
como só pequenos zumbidos pode então nos dar
sobre iminências totalmente cobertas de perigo
como uma bomba explodisse e acordasse todos...

Quando aromas misturados de prazer e de náusea
solidificaram no ar como cristais de um frio cruel
ocasionado por incômodas e estáticas lembranças
que nos apontam o dedo nos denunciando inocência...

Quando o amargo assustou o doce de minha boca
com as reclamações que queria fazer mas não pude
e foi como quem coloca o dedo na boca no susto
do espinho que nos fere em nome do irremediável...

Quando todos os pelos do meu corpo se eriçaram
não pelo líbido que tinham oculto por tuas carnes
mas algo meio que inexplicável semelhante ao toque
que o morto experimentar ao tocar sua lápide...

Quando todos os sentidos acabaram se misturando
para o mais insólito dos resultados que se pode obter
e um grande sono veio e veio como talvez um tsunami
e algo que me sucedeu fora dos sentidos e na alma...

Come Na Cuia

Comê na cuia Comê na tuia Comê na nuia Experimente o berimbau catreiro Em todas as noites de pé de sapo! Paca tatu Paca tutu Paca Dudu Apert...