terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Resta Um

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Resta um dia
Um dia somente
Resta uma alegria
Pra me deixar contente
Resta um apenas um...

Resta uma mentira

Mentira piedosa
Um espinho que fira
Está junto da rosa
Resta apenas um...

Resta apenas o sonho

Verdade é inverdade
Tudo aquilo que suponho
E deixei lá na cidade
Resta apenas um...

Resta uma cicatriz

Dum corte mais profundo
Eu queria ser feliz
Mas acabou o meu mundo
Resta apenas um...

Resta apenas uma reza

Que não será atendida
É nossa alma que pesa
Pelos caminhos da vida
Resta apenas um...

Resta apenas um lance

Um beijo que está no ar
Resta a última chance
Pra poder ao menos amar
Resta apenas um...

Resta apenas um...

Insaneana Brasileira Número 61 - Putaria Segundo M.G.R.


O Diabo não usa calças. Pelo menos eu sabia isso desde o começo. Muito tempo e drinques esquisitos que passaram pela minha garganta. Era o vento e o tempo mais que debochado. Nossa. De suas duas tranças começaram os labirintos. Maldades que foram bondades. Com vice-versa. Um pote bem grande e bem cheio de feitiços. Pragas noturnas. E pequenos tênis. E uma voz enjoativa e necessária. Quando as rimas se fazem. E muito mais coisas. Coisas que nunca fiz e lamento. E uma febre faz que eu pense de vem em quando. Tudo se acabou. E a porta foi fechada. Trancaram com a chave e a jogaram fora. Nunca mais. Mas mesmo a lembrança inlembrada a ressuscita. Como os cânticos que escutei um dia. Tudo que vive um dia será repetido. Quantas vezes necessário for. É só a mente estar somente. E os tesouros guardados nos bolsos. u não tenho nada. E nada haverá que não corra perigo imediato. São só palavras que ordeno em fileiras. Para que caiam que nem dominó. Vamos que vamos marchando forçadamente em direção ao que pode ser. É tão pouco... Aceito a sua hipocrisia de bom grado. Como a sujeira posta sob o tapete. Nada mais importa do que a água que desce de meus olhos. Tudo se copia. Até velhos épicos retratados em novelas chicanas. Eu sou de todos os signos. Sou o mundo que você não conheceu. Minha bela. E se os passos pudessem ser invertidos entraria em sua boca. Em todos os sentidos. Fossem bons ou maus. Não há julgamento preciso. Passos graciosos apesar. Um grande amor perdido que não tive. Nunca tive. Nunca terei. E num canto qualquer do mundo estás. Embriagada por certo. Com coisas mais comuns e também normais. E olhe que a normalidade me assusta. Me assusta a contagem das moedas. E o paralelo dos dias. E a não-compreensão dos versos mais tolos e livres. Eu quero fazer um brinde aos fantasmas lá do sótão e aos mortos lá do porão. Aos segredos de todos armários fechados à chave. Minha linda passe as mãos entre minhas pernas. Segure meu sexo latejante. Para rir como na piada mais engraçada. Eu não sei nada. Os meus caminhos deram num muro. E eu nem sei o que há do outro lado. Eu não te amei. Mas te desejei. E muito...

domingo, 28 de dezembro de 2014

Meu Tempo

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Meu tempo é sem tempo
E sem tempo ele está...
Não sei de onde venho
E onde vou parar...

Meu tempo é de saudades

Com tantos faróis...
Acenderam todos os fogos
E se abriram os girassóis...

Eu não sabia nem que devia

Olhar meus dedos e contar
Juro que nem ao menos queria
Olhar pra frente e caminhar
Queria estar aqui em frente
Poder cantar e poder brincar
Porque sofrer é estar doente
Sem um remédio pra lhe curar

Meu tempo é sem tempo

E sem tempo ele é mar...
Não contem as ondas
Não se pode contar...

Meu tempo é de histórias

De lugares desaparecidos...
Se moveram os ponteiros
São os tempos já idos...

Meu tempo é de saudades

Lá haviam heróis...
Apagaram as fogueiras
Mas abriram os girassóis...

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Alegre Alegria

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O sonho insaciado o grande sono
O tempo esgotado sem mais um dono
As nuvens de algodão tão esvoaçantes
O sonho do verão não mais que antes

A velha estrada o mais novo caminho
A mesma mancada estou tão sozinho
Vamos comemorar este novo carnaval
Já morreram as flores do meu quintal

A roda-gigante quase que foi pro mar
Foi só num instante eu estava à sonhar
E assim correram tantas e tais estações
E aconteceram tantas e tantas traições

Foram falsos amigos todos rindo de mim
E reais perigos vindo e chegando ao fim
A agonia da partida a agonia da chegada
Daquele que não se teria na velha calçada

O frio gelando a alma e o vento na cara
Tudo se resolve quando o coração pára
O paciente apresenta alguma melhora
Quando vai passando de hora em hora

Alegria alegria eu queria porque queria
Alegria alegria uma porrada por dia...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Poema das Paredes

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Elas estão lá elas estão lá
Esperando retratos e recordações
Geladas por si e muito sós
Não marcando quais estações
Como o espelho pendurado
Que também faz suas imitações

Elas estão lá elas estão lá

Fabricando a tristeza dos corredores
Como os que em que muito vivi
Não tendo nenhuma de meus amores
Sejam eles vívidos e presentes
Ou bastante afastados e sem cores

Elas estão lá elas estão lá

Sejam elas de pé ou mesmo caídas
Trazendo consigo qualquer morte
Ou ainda trazendo tudo que é vida
Trazendo o sorriso da sorte
Ou trazendo a dor de qualquer lida

Elas estão lá elas estão lá

Olhando com seu olhar enceguecido
Dando seus discursos acalorados
Mas desprovidos de qualquer sentido
Com seu grande enigma de esfinge
Se valeu toda luta se valeu ter vivido

Elas estão lá elas estão lá

Elas foram os castelos que já caíram
Foram testemunhas mais oculares
De todo o prazer da carne que sentiram
Ou ainda de todo aquele desamor
Dos que não vieram mas sempre iram

Elas estão lá elas estão lá...

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Se Eu Morrer


Se eu morrer esqueçam as carpideiras
Contem as histórias engraçadas de sempre
A vida sempre foi uma grande piada...

Se eu morrer usem flores de plástico

Estou dispensando o holocausto colorido
De grandes transmutações dos elementos...

Se eu morrer não fiquem tristes

Já respondi às respostas do grande questionário
Das perguntas que eu mesmo fiz a eu mesmo...

Se eu morrer cantem e berrem e riam

Lembrem que sempre fui assim todos os dias
Mesmo sem ter escolhido o papel de bobo da corte...

Se eu morrer não esquecem de vir se despedir

Pela primeira e única vez eu parto sem adeus
E nem pude olhar para trás para ver a estrada...

Se eu morrer não anunciem ou coloquem no jornal

Fomos apenas números durante a vida toda
E pelo menos agora quero ser dispensado deste papel...

Se eu morrer não escrevam em pedra alguma

As pedras podem ir mais longe do que se pensa
E não devem cumprir algum outro papel que esse...

Se eu morrer abram as champanhes soltem fogos

Tudo é um grande brinde tudo é uma grande festa
Porque é da morte que provem toda a vida...

Se eu morrer me esperem apenas alguns instantes

Os mortos vão e voltam algum dia desses qualquer
É só uma questão de saber esperar...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Aquela Doida

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Aquela doida me partiu bem no meio
Veio sem ao menos me avisar mas veio
Só queria me coisar sem importar se era feio

Veio de manso esfregando o sexo no meu braço

E ela não via nisso nenhum algum embaraço
E com isso se fez a dona de todo meu espaço

Aquela doida me sacudiu e me abalou

Me fez saber até quem eu nem sei se sou
E chegou fazendo escarcéu com seu rock 'n roll

Veio me trazendo muitos beijos roubados

E dando muitos tiros pra todos os lados
E querendo me roubar porque viciou os dados

Aquela doida vinha sorrindo mostrando os dentes

Me mostrando que haviam mil gostos diferentes
E que na minha mente poderiam ter mil mentes

Veio chorando como se eu fosse apenas o morto

E fosse também o capitão que não chegou no porto
Chorando como se eu tivesse meu olhar mais torto

Aquela doida partiu e nem sei de onde veio

Partiu sem dizer adeus o que era bem feio
Só queria brilhar e brilhar bem aqui no meio

Aquela doida: a poesia...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Uma Alquimia


O que já foi um dia apenas alegria
Hoje se transforma em tristeza e saudade.
Os rostos tão bonitos do ontem
Agora se enchem de rugas e de mágoas.
A brincadeira inocente e tão boa
Agora é um gesto mecânico sem sentido.
A novidade de ontem tão bem vinda
Agora jaz jogada em um canto qualquer.
Não éramos felizes de forma alguma
Mas um sofrimento maior faz essa ilusão.
A poeira enche todos os cantos da casa
E os nossos pensamentos reagem imediatamente.
O que eu tanto queria não quero mais
Porque foi a vontade que encantou todas as coisas.
Não esperemos que as coisas voltem
Tudo que anda só conhece passos para frente.
Os velhos possuem seu falso arrependimento
Porque tudo que foi feito está feito e pronto.
Os novos só riem da desgraça alheia
Mas não sabem que esta será a sua também.
A embriaguez tão boa da noite passada
Deu à luz um filho feio chamado desilusão.
A água já passou por debaixo da ponte
Mas todas águas se parecem e nunca são iguais.
Cada erro foi apenas um acerto cometido
Que apenas foi visto por um outro lado.
Não me lancem malditas maldições e pragas
Porque rio todos os momentos do que vem aí.
Esperemos tranquilos quaisquer tragédias vindouras
A esperança se esconde serena sob todas as pedras.
O jardineiro já sabe o tempo certo de todas as flores
E as guardou todas as que conseguiu para mim...

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Eu Tenho Uns Rios Aqui Nos Bolsos


Eu tenho uns rios aqui nos bolsos
Nem sei onde vou parar
Só sei que são como todos os rios
Um dia vão parar no mar...

Eu tenho a saudade nos meus olhos

Mesmo não sabendo olhar
Olhando bem longe no horizonte
E é lá que eu queria estar...

Eu tenho ainda uma vã esperança

Sem ter mais o que esperar
E eu fico brincando com coisas
Com a fumaça que está no ar...

Eu tenho uma revolução à fazer

Há o que muito se revoltar
Sem medos que façam desistir
E correntes pra amarrar...

Eu tenho aqui umas saudades

Que podem até me matar
Mas eu continuo tranquilo
Até de papo pro ar....

Eu tenho uns rios aqui nos bolsos

Nem sei onde vou parar
Mas é esse o destino de todos os rios
Um dia acabar no mar...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

O Último Primeiro ou Era Um Dia Mais Que Um Dia


Era um dia mais que um dia
Em que se previa uma boa noitada
E uma tristeza recortada de alegria
Para o bem de toda garotada

E as nuvens andavam pelo chão

Fumando solenes seus cigarros
E eu perdia toda a minha razão
E ia correndo atrás dos carros

Era um dia mais que um dia

Com meu relógio agora enguiçado
Medindo tudo o que não media
O meio-dia ainda está todo errado

Não sabemos o que comemos ontem

Nem sei se comeremos amanhã
Um dia vamos atravessar aquela ponte
Que vai dar numa procura sã e vã

Era um dia mais que um dia

Como meu guarda-chuva com furos
E que passava a água que escorria
Sem poder ver meus dias futuros

Estreitos leitos estão agrupados

Na terra que os recebe mais faminta
São quadros agora já desbotados
Porque já se descoloriu a tinta

Era um dia mais que um dia

Em que se previa uma boa noitada
E uma tristeza adornada de alegria
Queremos isso e mais nada...

domingo, 14 de dezembro de 2014

Insaneana Brasileira Número 60 - Solmente



Em estados inconscientes vamos andando pra frente. Desde que o pra frente seja pra trás. Comemorações anuais em compromisso. E o que mais possível for. Era nosso calendário em letras marcadas. Tudo urge. Tudo surge. Como monstros na areia do escaldante deserto. Hoje é dia do gás. E daqui quinze dias também. A vida passa rápida e lentamente. As tristezas chegam afobadas e as alegrias com cara de preguiça. Eu nem sei bem onde guardei as chaves. Mas as portas estão fechadas. E os corredores desertos. Não há pichações pelas paredes agora caídas. E o pátio cheio de ervas daninhas e debochadas. Foram tantos anos e tantos planos minguados. Sóis noturnos. Sóis estrelados. Desenhos no papel. E decalques na geladeira da sala. Todo filme alegra e entristece juntamente. Braços dados. Rostos sumidos. Eu era um triste. Agora não sou mais. Sou dois. Porque a tristeza veio velha. E com vários compromissos adiados. E com várias compromissos aliados. Vamos dançar nossos xaxados. Vamos pular através da fogueira.  É assim. Não de outra maneira. Versos cambiando la plata. Suspiros de velhos romances. Folhetim à beça. Como nunca tivemos antes. A mente embaçada como chuva no vidro. E o vidro empoeirado dando uma laminha estranha. É nossa hora. Acabou a madeira. E eu faço quantas palavras que quiser. É o único ofício que o vagabundo aqui gosta. Fora olhar as coisas que acontecem no mundo. E as humanas idiotices seguindo o igual script. Tudo bom e nada presta. Como frases saídas de um almanaque igual aquele que eu perdi. Sem sombra de dúvida duvidamos. E os circos mambembes nos dão belas lições. É a vida sendo o que é. É hora do ora pro nobis. Bem cortado e bem lavado e bem feitinho. Politicamente correto e bem careta. Como salamaleques de novelas antigas. Eu quero explodir em gomos. E em azedas aflições de bem querença. E nunca mais fui pra escola. Mas sem marginalizar todo o amor que sinto. É um simples ataque de abelhas e/ou marimbondos. Faço o que eu quero sem me arrepender deste exato momento. São ações bobas em que me rio muito. Conspirações inocentes de roubar os doces ou tocar o piano. Cada um com sua parte. À mim coube o lado esquerdo da história. E os mais sentimentalismos que se puder ter...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Insaneana Brasileira Número 59 - Vai Passar

Vai passar todo tempo ruim. Um dia há de passar. Esquerdas e direitas num mesmo jogo. Tudo é um campeonato. De bolas de gude. De futebol. E de até nomes feios. Porque é sempre noite. Mesmo havendo bravios sóis. Tudo contribui para o sofrimento. E o erro é nosso companheiro mais constante. Quando teremos paz? Nunca. Enquanto houverem sonhos errados e constante teimosia dos que nos ferem. Eu tinha muitas gudes e eles me batiam. Eu não aprendi jogar por culpa deles. Era um tempo de areia que o vento levou bem pra longe. Não quero nem mais pensar nisso porque me dá náuseas. As náuseas da alma são as piores que temos. A cachaça em excesso não é nada comparado com isso. Não há culpados. Este é o maior dos problemas que enfrentamos. Abaixe sua cabeça. Admita seu erro. Nem mil padre-nossos e nem mil ave-marias pagarão seu preço justo. Vai passar? Nada passa. Talvez passe o cordão do Chico e eu não tenho nada a ver com isso. Eu sou mais um. Sou acompanhante da tristeza que veio. E cicerone da agonia que cisma em não ir embora. Quem me dera... Beijar aqueles lábios que eu tanto queria. E qualquer um outro filho-da-puta beijou... Não há mais chances para perdão algum. Foi sem querer? Meu repertório variado de palavrões está aí mesmo... Não tenham pena. A pena é uma facada disfarçada e escondida na manga da camisa de mangas compridas. Covardia. O tempo já passou. Não diga meu nome em voz alta. Aqueles que vieram certamente não têm culpa. Mas eu não quero saber de porra nenhuma. Balas de alcaçuz e dropes de anis para os nossos convidados. Eu nunca fui bem comportado e agora muito menos. Nem quem sou na verdade. Só sei que tento escrever alguma coisa para que ninguém leia. A gramática não é meu forte. Mas soluçar diversas vezes seguidas. Isso sim. E me matar aos poucos com um cigarro atrás do outro. É que existem diversas fumaças. E grandes estradas sem rumo algum. Eu escolho certos lances. E as rosas que colho em qualquer jardim desse mundo que aí está. Este mundo em que serafins e demônios brincam de roda. Tudo passa. Menos os velhos feitiços que as bruxas fizeram um dia. E as marcas nos meus joelhos de quando caí. Eu não caí em São Sebastião. Nem você se matou. Tudo depende de piedosas mentiras. Não gostamos e até gostamos. Tudo bem se nos cortamos em afiadas lâminas. É apenas poesia. Pura poesia como veneno mortal em nossas veias. Vai passar sem plágio nenhum. Cada invencionice é um drama novo...

Mil Sóis

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Eu quero os pássaros sem canto
Louca tradição de loucas esquinas
Por aí sem nenhum acalanto
Apenas as mais injetadas adrenalinas

Na verdade as coisas se invertem

E o herói é quem fez o errado
E agora os fantasmas se divertem
Caiu a moeda no terceiro lado

Há no céu bem mais de mil sóis

Nós temos vários dias pra contar
Estamos desorientados sem faróis
Perdidos nesse nosso alto-mar

Eu quero o resultado desse jogo

Onde todas as cartas estão marcadas
Apagou a fogueira acabou o fogo
Todas as portas já estão fechadas

Na verdade as coisas já perecem

Sem ao menos dar qualquer sinal
Só nossas tristezas que permanecem
Enquanto encaramos este vendaval

Há no céu bem mais de mil sóis

Que nos iluminam mas ao invés
Estão fechados os nossos girassóis 
Mas estão abertos nossos cabarés!!!

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Formigueiros

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Somos caros cidadães indistintos
Amarelos azuis brancos retintos
Vivemos de ilusões nunca vistas
De novas idéias em velhas revistas
De fomes um tanto atormentadoras
São os doutores e são as doutoras
Vamos vivendo de janeiro à janeiro
Dentro deste nosso mesmo formigueiro!

Somos a base de uma moral sem moral

Onde as guerras acabam em carnaval
Onde há nos sinais mãos estendidas
Onde tudo vale menos as nossas vidas
Viver é o mais prático dos sacrifícios
Nossas virtudes são nossos vícios
Vendidos enfim por trinta dinheiros
Dentro deste nosso mesmo formigueiro!

Somos os espectadores estranhos no ninho

Onde estar na multidão é estar sozinho
Onde cada brincadeira pode ser perigosa
E o Diabo já fez sua opção pela cor de rosa
E cada um pode esquecer qual é a sua
Há um perigo novo esperando em cada rua
Vamos morrendo de janeiro em janeiro
Dentro deste nosso mesmo formigueiro!!!

domingo, 7 de dezembro de 2014

Todo Cuidado

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Todo cuidado é pouco!
Todo cuidado é louco!
Cuidado com a mancha de batom
Lá no colarinho!
Nem sempre é muito bom
Ficar sozinho!
Cuidado com a sua vida
Que vai passando sem ver!
Com essa sua ferida
Que não pára de doer!

Todo cuidado é pouco!

Todo cuidado é louco!
Cuidado ao ser marcado
Pelas redes sociais!
Ser mais um teleguiado
Nas manchetes dos jornais!
Cuidado com o que come
Que você vai passar mal!
Com sua vida que some
E você acha normal!

Todo cuidado é pouco!

Todo cuidado é louco!
Cuidado com quem confia
Fala as suas confidências!
O triste é que cada dia
Tem as suas violências!
Cuidado com o que fala
Tem alguém sempre gravando!
O coração é um trem-bala
Que o freio vai falhando!

Todo cuidado é pouco!

Todo cuidado é louco!
Cuidado se o cão é manso
Pois ele pode te morder!
E o verdadeiro descanso
Só se tem quando morrer!
Cuidado com a cara do crime
Ele já vem todo maquiado!
Nem sempre um grito exprime
O que é certo ou é errado!

Todo cuidado é pouco!

Todo cuidado é louco!!!

Vida Em Caps Lock


Eu quero uma vida em caps lock
Que já é grande mais aumentada
Em que posso gritar quando quero
Sem minha boca ficar calada
Que eu seja enfim livre
Que eu possa olhar pro lado
Eu quero uma vida em caps lock
Sem me importar ser educado
Quero falar tudo que penso
Quero não ser mais comedido
E não me importa nesse faroeste
Só me chamaram pra ser bandido
Eu quero uma vida em caps lock
Eu sou palhaço quero atenção
Uma vida sem ter mais regras
O meu destino na minha mão
Quero uma vida de piruetas
O que vale é a tecla que eu apertar
Quero poder fechar meus olhos
O que me importa é te beijar
Eu quero uma vida em caps lock
Sim eu sempre grito tanto
Pra expressar tudo que sinto
E não somente o meu espanto
Eu já me importei com tanta coisa
Que hoje não me importa mais
Só quero saber de barcos e velas
E contar cada onda que chega no cais
Eu quero uma vida em caps lock
Seja qual for o seu justo preço
Quero fazer das minhas traquinagens
Morar no mundo sem endereço
EU QUERO UMA VIDA EM CAPS LOCKS!!!!

Tenho Inveja do Vento

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Eu tenho inveja do vento...
Que vai na minha cara todo momento
Que vai atrás das folhas caídas
Que sabe de muitas e muitas vidas
Que conhece todos os lugares
Que anda por céus e por mares...

Eu tenho inveja do vento...

Que vive solto é o próprio elemento
Que desconhece o que é massa e peso
Que nunca teve grilhões nunca preso
Que faz as fogueiras subirem crescerem
Que faz até alguns sonhos morrerem...

Eu tenho inveja do vento...

Que vive acordado e sempre atento
Ao que é tristeza e o que é alegria
Que namora a noite se casou com o dia
Que testemunhou cada primeiro beijo
Que se enche à todo instante de desejo...

Eu tenho inveja do vento...

Em cada instante e em cada momento
Pois já não sei mais de onde venho
Eu tenho inveja do vento como tenho...

Teimosamente Quase Haicais


Eu já perdi tantas coisas! Até a flor lilás...
Mas aí chega a vida e me diz:
Fique calmo! Mais na frente tem mais!

Apenas um menino é isso que eu sou

É que todos os meninos choram
Me diga aí quem nunca é que nunca amou?

São girafas azuis e rosados elefantes

Que iam naquele carrossel
Que desapareceu em um instante

De tanto me dizerem apenas o não

Reuni vários pedaços
E fiz pra mim das palavras uma canção

É quente! É frio! É certo ou é errado!

São apenas vãs proposições
A verdade é a chuva que cai em cima do telhado!

A poeira espera que nasça o dia pra bailar

Dança em cima das coisas
Até que chegue a sua hora de descansar

São inconstantes todas as indeterminações

Todas aquelas que saem
Da boca de nossos senhores os barões

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Ainda Chove...

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Ainda chove... Como é seco meu coração!
Seco numa tola e vã expectativa
De que minha própria vida assim viva
Com um pouco mais de emoção...

É os que os prédios já cobrem a luz

E o mar perdeu aquele seu vaivém...
E minha amada agora não me seduz
E minha oração não me faz mais bem...

Ainda chove... Como meu coração secou!

E se enchem de lágrimas todas as calçadas
E o meu próprio peito talvez se molhou

São meus sonhos que são meus nadas

É o que mais caro tinha e agora acabou...
Ainda chove... São estas lágrimas paradas...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Insaneana Brasileira Número 58 - Vila K. K.

Não ter nada e nada ter. À não ser o que viver. E viver da pior forma possível. Viver como se as nuvens fossem pedras. E cada suspiro uma morte esperada ou anunciada. Não use o telefone. Seja usuário. Não use a razão. A razão pode ser perigosa. E a verdade um demônio que nos persegue todo instante. Pensar pode ser uma mania luxuosa. E seu preço é muito alto. São urubus e gaviões que sobrevoam nossas cabeças. Pombas da paz e andorinhas estão em falta no mercado. Todo dia é dia de uma festa medonha. E a estética manca e é feita às avessas. O luxo é o lixo. E Dom João tinha razão. Em plena avenida mostramos nossas bundas. E com elas nossas cicatrizes mais escondidas. É o tema. E é o lema. E um dilema que nos atrai. Assim nascemos. Como quem cai de pára-quedas sem que este abra. Sem vírgulas e sem números. E as coisas mais fáceis são as mais difíceis em cada maldito momento. Não ter nada e nada ver. À não ser o que comer. Sem sombra de dúvida. E enlouquecer por mais de um motivo. Copos vazios em cima do balcão sujo. Onde moscas bailam desesperadamente. E se suicidam nos restos da cachaça. E enlouquecer por mais de um motivo. E rir à toa com olhos vermelhos de pura aflição. Que hajam carpideiras para todos os falidos neurônios. E um gosto doce de sei lá o que. Todas as opções são na verdade uma só. E enlouquecer por mais de um motivo. E as narinas arderem como numa referência nefasta. Tudo conspira para o fim inesperado. Por melhor que este seja. Ou não. Eu quero o mundo. Mas o mundo não me quer. Eis a grande frase dita em sujos muros. Não ter nada e nada ser. À não ser mais um contando na estatística muitas vezes manipulada de jornais baratos. Bons de se embrulharem as sardinhas que caem bem com cerveja bem barata. A barata se encolhe num canto e ganha mais um dia. A nossa se fecha e ganha mais uma hora. Os nossos olhos viram e não viram. Os nossos ouvidos estavam de folga na hora em que os estampidos aconteceram. Não sabemos fazer frases bonitas como artistas famosos. Mas a nossa realidade é mais jiló. Nem sabemos como em verdade somos mas somos em verdade. O que veio e o que sobrou. O que veio e acabou ficando por aqui. Obrigado Senhor por toda a miséria e lascívia imoral que possuímos. Obrigado Senhor por pecarmos sem ao menos sabermos regras sociais. Obrigado Senhor por sermos um arremedo feio de Sua imagem. São bonitos os coleiros que fugiram da gaiola que caiu. E se aproxima o fim de mais um ano inútil e bom. Eu engulo as esperanças como quem espera o pior. Mas nem sempre ele é o que é. A placa ainda está lá. Pelo menos eu acho. Eternidades são tão fáceis de fazer... Os nomes são mais fortes que as espadas. E aparecem mais do que as bandeiras em serenas batalhas. É sangue no chão. E visíveis arrependimentos sem choro. Nem sempre a cor preta é luto. É a nossa moda de não escolher e sim de usar. Cada feio tem o seu modo bonito de ser. Os cabelos embranquecem. E viramos zumbis em doces comemorações. Não valemos nada e por isso que valemos alguma coisa. Alguma coisa e coisa alguma...

Come Na Cuia

Comê na cuia Comê na tuia Comê na nuia Experimente o berimbau catreiro Em todas as noites de pé de sapo! Paca tatu Paca tutu Paca Dudu Apert...