sábado, 30 de junho de 2018

O Grande Paradoxo Segundo C.A. ou Faltas São Assim

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A menina gira gira
Sonhamos que sonhamos
É uma inocente vampira
Nesse mundo que estamos

Falta-lhe a moral
Não tem sequer saúde
Só normal o anormal
Em barulhenta quietude

O menino gira gira
Pensamos que sonhamos
E sem febre ele delira
E pra o abismo vamos

Falta-lhe a cultura
Nem sabe o que diz
Vai descendo da altura
E se engana que é feliz

A menina roda roda
Crente que está abafando
Pensa que está na moda
Nem sabe que está falando

Falta-lhe perspectiva
Desconhece o amanhã
Pode até estar viva
Mas como a vida é vã

O menino roda roda
É tudo que tem de fazer
Nada o incomoda
Se tem o que comer

Falta-lhe a escolha
Verdade nem pensar
Vive dentro da bolha
É sua sala de estar

A menina o menino
Cidadãos do mundo cão
É apenas o seu destino
Viverem nessa prisão

sexta-feira, 29 de junho de 2018

A Nossa Dor

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Os meus olhos quase não acreditam,
Minha amada, quando fitam
Que tudo poderia ser diferente,
Vem, senta aqui, estou doente
É aquela febre que me ataca,
Pois afinal sou apenas um babaca
Que acreditou que seria feliz,
E se sobrevivi, foi apenas por um triz...

A minha carne e se contrai, 
É assim que o tempo vai,
É assim que também vamos
E as alegrias? Essas nem lembramos
Me dê aquele copo com água
Talvez ele afogue essa minha mágoa
Não preciso nem de remédio
Porque não há cura para o tédio...

Eu já nem sei mais como está agora,
Faz muito tempo que eu nem vou lá fora,
Faz algum tempo que meus pés não andam,
Os meus delírios é que me comandam
E eu bem sei que a culpa é só minha,
Me perdoe por tudo, minha rainha,
Eu quis um dia as cores em todos os tons
E mesmo falhando meus planos eram bons...

Canção Pequena

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Canção pequena como esta
feita pra se passar o tempo
chorando pelo tempo que vai passar...

Canção pequena como o dia
que já vem sorrindo quando pode
nos oferecendo sua própria morte...

Canção pequena como menino
que não sabe bem quais palavras
mas é um grande mestre do peito...

Canção pequena como segredo
que guardamos mais bem guardado
do que a nossa própria vida...

Canção pequena pequena canção
em que perdi até minhas rimas
porque até a ternura dói e tanto...

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Meu Festival

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tudo passa toda graça toda  massa
e ainda estou por aqui por pirraça...

e em ondas de sonhos assim galopantes
vou mergulhando em meus instantes
sem saber ao certo o que vou irei fazer
algo mais além de sexo e ter o que comer
ser etéreo como aquela pedra mais dura
e acender alguns sois na noite escura

tudo passa toda a raça toda trapaça
e ainda sobe aos ares toda  fumaça...

e vou deitando no chão tão frio e duro
e desconheço as coisas além desse muro
talvez tenha tudo ou talvez não haja nada
e afinal tudo foi apenas uma grande piada
tenhamos calma com essa tal de demora
várias surpresas nesta caixa de Pandora

tudo passa toda caça toda chalaça
e ainda consigo gritar pela praça...

e continuo amando mesmo sem amor
às vezes dói sem mesmo sentir a dor
acabaram falhando no teste de balística
e zombaram da cara da dona estatística
normas foram feitas para serem esquecidas
então é assim que carrego as várias vidas

tudo passa tudo amassa tudo embaça
e ainda exorcizamos qualquer desgraça...

e navegamos sobre as ondas mais profanas
são sensações tão malvadas e tão humanas
apertemos o botão os versos estão salvos
nunca mais seremos apenas próximos alvos
mil ideias na dança da chuva na cabeça
e um resto de alegria por incrível que pareça

tudo passa toda graça nada passa
e eu ainda estou aqui nesta trapaça...

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Num Quadrado

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num quadrado escondi meu choro
até não poder mais...
não são os quatro cantos do mundo
mas meu ser ali se encontra...
solidão...medo... angústia...
antigas recordações em insistência...
e o meu medo de um amanhã
composto de grandes silêncios...
quem se lembrará de mim?...
o meu tempo já se passou e nem vi...

num quadrado me escondi da maldade
dos homens e de sua loucura...
há muitas ambições mesquinhas
e causas que lutamos sem valer a pena...
orações... pretextos... convicções sem nexo...
tenho tanto medo de lá fora...
e mesmo que me torne um estranho
não faz mal e será de mim mesmo...
eu evito olhar o espelho
pois me transformo diariamente...

num quadrado fiz tudo do meu nada
e assim irei aos poucos seguindo...
é o meu baú de tesouro escondido...
são as quatro pontas da pirâmide soterrada...
é a caixa de Pandora sem a esperança...
é a cela... a sala do trono... alcova dos amantes...
mesmo que o amor não mais exista...
não reparem a bagunça por favor...
mesmo que seja apenas um simples túmulo
onde jaz aquele que ainda não morreu...

Não Sei Fazer Versos ou Tem Horas

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tem horas que acho que sou louco
em outras eu tenho toda certeza
e todo sofrimento ainda foi pouco
levando em conta contra a correnteza

eu não sei fazer alguns bons versos
desconheço segredos de metrificação
o jardineiro resiste aos tempos adversos
e as flores aos poucos brotam do chão

tem horas que me acho muito triste
em outras há em mim um carnaval
mas cabe em mim tudo que existe
desde a brisa mansa ao feio temporal

eu não sei fazer uma canção bonita
em todas elas a tristeza logo aparece
mas a esperança vem tão contrita
como se meus versos fossem prece

tem horas que acho que sou louco
em outras eu tenho toda certeza
e viver ainda é apenas muito pouco
pois os versos são a minha natureza

Consciente Alucinação

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Camarão seco e bola de gelo
Eu sou um macaco de imitação
Eu sou mais triste que um camelo
Eu tenho um sim que só fala não

E vou passando gel no meu cabelo
O padre agora só reza se for missão
Esqueçam todo e qualquer apelo
Ninguém mais estaciona na estação

O zelador já não tem mais zelo
A culpa é toda da nossa comissão
Eu já tirei todo aquele meu pelo
E ainda peço laranjas ao caminhão

Já fazem mil anos que queria tê-lo
Mas não existe mais uma explicação
Mais complicada que uma carta sem selo
São os venenos da minha alucinação

(Extraído do livro "Poemas de Um Louco" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Balada Abalada

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Cada um tem os pesadelos que merece
Os preços andam pela hora da vida
A nossa incerteza cada dia mais cresce
Existem muitos remédios, não há ferida

Enquanto vou fazendo versos sem sentido
O tempo vai gozando com a minha cara
Pouco tempo é aquilo que se tem vivido
E cada novo amor é apenas uma joia rara

Estendo as minhas mãos mostrando sinais
Só não faço a mínima ideia da extensão
E faço as acrobacias mais que sensacionais
Mas numa curva desses deixei o coração

Eu sou o tempo que o tempo ainda falta
Pra dizer todas as coisas que eu queria
Me arde tanto a testa com uma febre alta
Talvez essa doença seja chamada poesia

Eu vim do barro, mas não sei se volto
Não sei se continuo aqui indefinidamente
Não sei se por tanta coisa me revolto
Ou se fico triste e às vezes fico contente

Cada um tem os pesadelos que merece
Os preços andam pela hora da morte
Mas mesmo assim o amor ainda floresce
Talvez um dia eu possa ter até sorte...

Pequeno e Simples Poema para Ana

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A vida é o que é...
Mas com muitas flores pelo jardim!
E um anjo desceu do céu
Se enfeitando de muito carmim!

Veio cheia de de coragem,
Veio sem medo da morte!
Andou por terras e terras,
Mas seu coração está no Norte!

Está em fogueiras ciganas,
Nas mais lindas tempestades!
Veio cantar os seus versos,
Espalhá-los pelas cidades!

Está nos rios que correm
Para um grande mar soberano!
Que haja sempre a ternura,
Que faz deus o ser humano!

Que o vento ande sempre,
Que possa nos dar alegria!
É o que posso te desejar, Ana,
Sou triste, só tenho poesia...

(Para a querida amiga Ana Pires Brandau, poetisa Ana Neruda, sempre e sempre).

terça-feira, 26 de junho de 2018

Um Dia Eu Ainda Tomo Coragem...

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Um dia eu ainda tomo coragem
E  quebro todos os ídolos das prateleiras
E faço os soldados sair de suas fileiras
E saio por aí sem ter nenhuma bagagem...

Um dia eu ainda tomo coragem
E faço os tolos calarem suas besteiras
E boto pra correr essas minhas canseiras
E fico admirando toda essa paisagem...

Um dia eu ainda tomo coragem
E esqueço de vez essas boas maneiras
E coloco todas as estrelas em carreiras
E desenho na alma a tua linda imagem...

Um dia eu ainda tomo coragem
E termino de vez com essas grandes feiras
E levanto as minhas novas bandeiras
E tiro de nossos rostos toda a maquiagem...

Um dia eu ainda tomo coragem
E reacendo todas aquelas antigas fogueiras
E os meus versos serão as setas mais certeiras
E estarei preparado para minha última viagem...

Um dia eu ainda tomo coragem
E digo o quanto eu te amo...

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Passado

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Hoje eu mesmo estou sentindo
Um gosto de uma quase esperança
Deve ter sido o sono maldormido
De uma noite que me alcança

Me lembrei de coisas velhas
Todas elas fora do alcance da mão
Mesmo que eu não tenha culpa
Se ainda tenho um coração

Tudo muda e eu também mudei
Não sou mais aquela criança
Que sorria por quase nada
E que gostava de qualquer dança

Me lembrei de gente querida
E que todas elas um dia foram embora
E só tenho em mim as migalhas
É tudo que resta e que tenho agora

E mesmo quando eu tento evitar
A saudade é coisa que não descansa
Sinto as carnes que me tremem
Igualzinho um barco que balança

Me lembrei de que meu choro é em vão
E que não há mais nada o que falar
E às vezes é melhor olhar para a parede
E então junto ao passado apenas chorar...

Exotismo Abundante Em Versos Mal Arrumados

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Porque a plateia assim exigiu em muitas palmas
E meu fôlego ainda era suficiente para uns saltos dar
Não tenho mais saída nessa cidade onde só há becos
E o medo do amanhã vem me visitar todos os dias
Desconhecemos tudo que na verdade existe
Porque sempre assim foi e assim o será
Não se faz perguntas para o desconhecido
Nossa imaginação não tem tal tamanho de especulação
Um vírus novo é descoberto em casa momento
E uma nova fome nos dá as boas-vindas de sempre
Cada segundo tem a sua diferença mais que básica
Porque somos insones até quando dormimos
Não esperemos mais que as rosas sejam rosas
Sermos humanos demais é o mais real dos perigos
Até as reclamações mais verdadeiras são falsas
Os fabricantes de marionetes fazem hora extra
E só há uma graça nisto tudo se assim pode ter
Os malvados são como são os coveiros
Fazem serviço para todas as pessoas
Mas esqueceram de cavar as suas próprias covas
Quem faz o projétil será acertado por um
Quem recebe também pagará suas contas
E o traidor não vê a hora de saborear uma traição
Eu queria desperdiçar todas as tintas
Mas a parcimônia chamou-me em um canto
E me disse só aquilo que sinceramente não gostei
Tudo é uma grande comédia com graça ou não
E enquanto isso vamos rir mesmo sem motivo algum...

Certas Verdades

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Certas verdades para não serem ditas
Para jazerem debaixo dos anos
Para ficar silenciosas sob o tapete
Ou escondidas dentro do armário...
A comoção nacional para frivolidades
Para notícias habilmente inventadas
Para os absurdos sem sentido algum
A sorte já está lançada desde a criação do mundo...
Certos fatos para não serem lembrados
Perdões para todos os certos erros
Na grande vitória do dia-a-dia
Do nada pelo nada que somos...
Queremos virar a nossa cara para o lado
Ensurdecermos uma vez pelo menos
Achar que tudo vai bem enquanto não está
E assim cumprirmos nossas tolas obrigações...
Certos carnavais sem alegria alguma
Com as mais velhas fantasias
Com os mais chatos sambas-enredos
Falando do que na verdade apenas desconhecemos...
A nobre arte de acreditar no incrível
A agilidade de querer sempre o que não vale
Vamos engolindo as mais douradas pílulas 
Mesmo que o paciente não tenha mal algum...
Certos tiros que não atingem o alvo
Porque não existe sentido algum plausível
E o tempo escorre entre os dedos feito areia fina
E quando podemos perceber algo ou alguma coisa
O circo já pegou fogo e já é tarde demais...
Sentados permanentemente estamos
Mesmo quando nosso desespero nos faz correr
Escrevendo longas cartas de justificativa
Que não serão lidas em tempo algum...
Certas verdades para não serem ditas
Tudo queima, arde, fere e não há mais remédio
À não ser nos envenenarmos lentamente
Com o esse veneno chamado esperança...

quinta-feira, 21 de junho de 2018

O Carnaval Nosso de Cada Dia

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Temos um carnaval dentro do peito
Um carnaval feito de carne, nervos, ossos,
Feito de alegrias que nós tivemos
E também de maldades e de remorsos

Temos um carnaval feito de cinzas
Um carnaval feito de muitos enganos,
Muitos sonhos empilhados pelos cantos
Que afinal não passaram de planos

Temos um carnaval sem fantasia
Ou de muitas fantasias diferentes,
E afinal, o que é que nós somos?
Somos apenas um bando de doentes

Temos um carnaval que é o ano todo,
Um carnaval todo fora de estação
Um carnaval que vai nos invadindo
Só não temos mais nem um coração

Temos um carnaval dentro do peito
Um carnaval de saudade, de poesia,
Mesmo que os versos sejam malfeitos
É um carnaval nosso de cada dia..

Pequenas Coisas, Grandes Coisas

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Não se preocupe, meu amigo, com o tamanho das coisas. Os nossos sentidos são grandes enganadores e sabem muito bem cumprir seu papel. De uma hora para outra, nos enganamos, nem nos percebemos disso...
Não se desespere com o que eu acabei de falar, nosso tempo é bem curto para mais lamentos e mais choros dos que os já temos em nossa bagagem. 
Por isso, não por outra coisa, gaste seu tempo precioso. Gastar seu tempo com o tamanho das coisas não é nada recomendável. Elas são o que são, pequenas ou grandes, não importa.
Aliás, aí está o encanto de todas elas, seu engano. A maioria aparenta exatamente o oposto do que é...
Se preocupe com aquilo que tem verdadeiro valor. Com aquilo que realmente vale a pena...
Não se preocupe com as cifras exageradas que os dias nos exibem, com os muitos bens que você deveria ter e não tem, com aquela roupa de gosto duvidoso que é a última moda, com aquele carrão cuja potência é muito maior do que a você tem. A roupa rasga, o carro quebra...
Se preocupe se você conseguiu ver cada dia. Cada dia, um presente novo, cada dia uma dádiva não percebida. Cada dia um problema, uma tristeza, uma aflição. Por que não? O tédio pode se apresentar até em águas muito calmas. E esse sim, é o mais real de todos os perigos que podemos ter...
Esqueça um pouco das coisas que estão lá fora. As coisas que vivem dentro de você é que podem valer bem mais. Os gestos simples, aquele sorriso, aquele afeto, aquele carinho, aquela ternura, esses sim, acabam entrando na lista que podemos colocar no bolso e levarmos no dia de nossa partida...
Não se engane, o tamanho das coisas não leva à nada. O imperador da China não observa mais a muralha que ele construiu com o sacrifício de muitos, o faraó não caminha mais pelas areias do deserto, nem os exércitos acompanham Alexandre em seu triunfo. Mas, certamente, os pássaros relembram todos os dias o sol que os aquece e cantam para ele. As flores ainda continuam a enfeitar os olhos de quem as miram. A chuva ainda alimentam os rios que, por sua vez, vão direto para o mar contar todas as suas histórias.
Não se preocupe, meu amigo, talvez até essas palavras desapareçam nas dobras do esquecimento, mas seu coração mais do que sua mente vai com certeza se lembrar delas...

Tanta Poesia

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Tanta poesia e nenhum sentimento
tanta razão e nenhum argumento
tantas atitudes e nenhuma paz
tanta insensibilidade em letras garrafais

assim é nossa vida, é o que vivemos
com tanta fé e tão bem poucos cremos
não podemos nada ter com exatidão
para todos os nossos passos - a escuridão

Tantos muros e nenhuma segurança
tantos sonhos e nenhuma esperança
tanto conhecimento sem ter resultado
tanto faz qual é ou será o nosso lado

assim é nossa vida, muitas conquistas,
enxergamos tanto e não temos vistas,
guardamos tanta coisa para jogarmos fora
e nem sabemos onde é que estamos agora

Tantos delírios sob a forma mais sã
tantos dias de hoje sem um amanhã
tantos esforços para pouca bobagem
tantas caras tristes estão sob a maquiagem

assim é nossa vida, a nossa vida é assim
não existem mais flores, só sobrou o jardim
apenas um grande palco, mas faltou a peça
está vindo logo o fim quando ela começa

Tanta poesia e nenhum sentimento
tanta razão e nenhum argumento
tantas atitudes e nenhuma paz
tanta maldade e queremos mais...

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Ela Gritou Discretamente

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Ela gritou discretamente no meio da rua,
Fez caras e bocas, andou seminua,
Era estrela do dia, queria dançar
Ela começou, mas não sabia parar

Ela chamou atenção, em todos os lados,
Mandou tantos beijos, até pros soldados,
Falou tanta coisa que já não sei mais,
Acenou pras nuvens, pediu temporais

Ela me puxou, me empurrou pra frente,
E nem se importou s'eu estava doente,
Me disse que isso ia logo passar,
Era questão de tempo, era só esperar

Ela quebrou o silêncio, fez soar os tantãs,
Mostrou os seus dentes pras todas manhãs,
Não teve vergonha, nem teve pudor,
Contou meus segredos, fez versos de amor

Ela disse pra eu não ligar pra conselho
E deixou no meu rosto seu batom vermelho,
Depois de tanto argumento eu me convenci,
Acompanhei a minha loucura e saí por aí...

Frio

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Sinto frio, 
tenho um vazio
Vou andando, 
não sei até quando

E eu nem calculei quais os passos
e meus pés conheceram cansassos
E quando falo não sou escutado
meu Deus, por que deu tudo errado?

Sinto frio,
é como um rio
Nem sei mais
se terei a paz

E meus ossos então vão doendo
e uma lição então eu vou aprendendo
Nunca espere por nada
pois a história pode ser recontada

Sinto frio,
mas ainda assim sorrio
Vai adiantar
somente chorar?...

Acabou de Acabar

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Acabou de acabar...
Aquela mansão bonita bem de frente pro mar...
Eram muitos que dormiam na rua
Enquanto você não se importava
E nem ali você estava
Ficava vivendo na sua...

Acabou de acabar...
A mesa do banquete que você mandou enfeitar...
Os pratos finos, os mais vinhos mais nobres,
Tudo que podia pagar o seu dinheiro,
No outro dia era levado pelo lixeiro
E virava um regalo para os mais pobres...

Acabou de acabar...
O perfume barato, peruca, brinco e colar...
Você vivia na frente do espelho,
Ficava só se admirando,
Mas quando o tempo vai passando
Nem todo sangue é vermelho...

Acabou de acabar...
A sua rude arrogância que tinham de acatar...
Todos aqueles que você um dia oprimiu,
Que você um dia tirou o sono,
Hoje está num triste abandono
O seu castelo de cartas caiu...

Acabou de acabar...
Todas as mentiras que você pôde inventar...
Todas as batalhas que você planejou,
Aquelas crianças que você tirou os pais,
A alegria que você tirou dos carnavais,
Todas as bruxas que você queimou...

Acabou de acabar...
Agora não adianta nem você rezar...
Agora que já se apagou o seu dia,
Que veio finalmente o seu fim,
Responda sinceramente para mim:
Sua lápide, por acaso é mais macia?

Acabou de acabar...
Você não pode ao menos respirar...

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Eis O Poema

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Eis o poema
Que eu lhe escrevi
Que você não quis
Mas eu insisti

Não é um poema bonito
É um poema meio esquisito
De rimas previsíveis
Mas de desejos impossíveis

Eis o poema
Que quase sangrou
É triste, nunca alegre
Como quem amou

Não será lembrado
Não terá grande fama
É apenas marcado
E fala de um drama

Eis o poema
É assim, mas é meu
É apenas um sonho
Que há muito morreu

Não é um poema exato
Sua rima é quebrada
Por ele morro e mato
E vou sempre na estrada

Eis o poema...

Tudo e Mais Um Pouco

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Tudo e mais um pouco
Feito um louco
Rolando entre os versos e as flores
Imaginando imaginários amores
Em coisas bonitas que não vi
Aqui e também ali...

Tudo e mais um pouco
Estou rouco
Mostrando as insanidades
Dos homens e suas cidades
Falta amor e falta bondade
Para a nossa felicidade...

Tudo e mais um pouco
Fico mouco
Quando a inspiração me incomoda
Escrever coisas banais já virou moda
E pensar se tornou perigoso
Só queremos o nosso gozo...

Tudo e mais um pouco
Não tenho troco
O que falo é um tanto rude
Me perdoem porque ando sem saúde
Eu falo porque alguém tem de dizer
Se não fosse eu poderia ter sido você...

Ó Nós Aqui Traveis

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Ó nós aqui traveis. Como sempre. Mostrando a mesma cara lavada. A mesma cara pintada. A mesma cara safada. Na grande preparação. Do mesmo sim e do não. Quem sabe? Tudo nesse sanatório cabe. Poesias baratas. Hoje mais trinta pratas. Eu misturo no prato. É o novo barato. Um barato até velho. No espelho eu me espelho. Eu andei feito cego. Não nego.
Ó nós aqui traveis. Explicando o inexplicável. Agradando o desagradável. Hoje o tempo é estável. Tá esvaziando meu pote. E a cobra não deu bote. Tem mais o que fazer. Quem sabe cantar. Mostrar o que não há. Tem que beber e comer. Vamos todos cantando. Não estou delirando. Sou o delírio em pessoa. É o delírio em pessoa. Afundou a canoa.
Ó nós aqui traveis. Chegou a febre terçã. Eu virei bambambã. O anjo de hoje é o diabo amanhã. E lá vem vindo um cometa. É o novo careta. Eu não quero mais treta. Eu não quero mais nada. Não pulei da escada. É a grande jogada. Não pulei ainda. Minha linda. Tudo finda. E a Ester não é estrela. Mas queria vê-la. Vê-la no fundo do mar. Morta e sem respirar.
Ó nós aqui traveis. O gigante é miúdo. Dessa vez eu me iludo. Volto pra Idade Média. Tudo lá é comédia. Vamos acender fogueirinha. Olha só a carinha. Há muita lenha pro fogo. Isso é apenas um jogo. Isso é apenas um fato. O gato e o rato. Estão apertando a mão. Acabou a questão. Cada qual sem cada qual. Pra cada dia um mal. Eu não estou mais legal. Traga o meu gadernal.
Ó nós aqui traveis. Eu não sou mais um moço. Vou pular lá no poço. Vou ficar mais contente. Até vou gritar feito gente. Vou plantar a semente. Vou visitar um parente. Olha que eu saio de cena. Me vestir só de pena. Como um índio tupi. Nem aqui e nem ali. Até perdi a noção. Se é fígado ou se é coração.
Ó nós aqui traveis. É facinho, facinho. Me dê logo um docinho. Eu estou tão sozinho. Eu só quero um carinho. Eu só quero um carrinho. Sou tão pequenininho. É tudo tão engraçado. O certo vira errado. Não me negue comida. Não me tire a bebida. Seja mais precavida. A qualquer hora tem despedida. É a tarefa cumprida. É a tarefa comprida. Na merda que chamamos vida.
Ó nós aqui traveis...

domingo, 17 de junho de 2018

Eu Faço O Que Quero


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Eu faço o que quero. Rio com os olhos nas situações mais tristes possíveis que se possa ter. Nos dias de temporal e nas terríveis noites de calor ou frio que andam por aí.
Eu faço o que quero. Transbordo de uma ternura quase que insuperável destas que só bichos e plantas possuem. Ou ainda bichos de pelúcia na mão dos doentinhos.
Eu faço o que eu quero. Espreito atrás de portas por fúteis segredos de alguns segundos. Em outros dias tento roubar beijos.
Eu faço o que eu quero. Componho figuras fantásticas com mãos sempre trêmulas. Pinto tentando dar cores mais alegres aos choros de cada cotidiano.
Eu faço o que eu quero. Espero sempre pelo pior de todas as coisas. Se o melhor vier será grata surpresa.
Eu faço o que eu quero. Poetizo todas as coisas em seus mínimos detalhes. Como formiguinhas em fileiras meus versos vão chegando.
Eu faço o que eu quero. Aproveito ao máximo de minha inspiração. Ela chega como uma garota de programa que dispensa qualquer forma de pagamento.
Eu faço o que eu quero. Junto meus soldadinhos em fileiras para batalhas ocorridas nos céus. E os faço cair por terra como ambições mesquinhas.
Eu faço o que eu quero. Mudo os nomes de terras e de coisas com puro prazer. Para isso inventaram o nome de invenção.
Eu faço o que eu quero. Grito nomes feios na praça dos homens. Expondo razões sobre nenhuma razão perfeitamente razoáveis.
Eu faço o que eu quero. Há ainda muito o que falar em dias sobre os dias. Mas paro por aqui...

Você Tem Medo



Você tem medo de pegar o avião
De visitar uma outra terra
De chegar no meio da guerra
De ter mais uma decepção

Você tem medo de não ter um amigo
De não gostar do novo barato
Do sentido estrito e do sentido lato
De dormir na rua sem um abrigo

Você tem medo de sair do esquema
De não gostar daquela mina
De um assalto bem ali na esquina
De não entender um novo poema

Você tem medo de falar uma besteira
De ficar muito louco de bebida
De não gostar nem um pouco da comida
Do feriado que acabou na segunda-feira

Você tem medo que roubem seu dinheiro
Medo demais que furtem seu celular
Medo de rir demais até chorar
E ter de vomitar e dormir no banheiro

Você tem medo do seu próprio medo
Um grande medo da própria idade
Pois temos medo até da felicidade
Mas faz parte de nosso enredo...

(Para o jovem e amigo poeta Jullyano Lourenço, o Poetinha).

Come Na Cuia

Comê na cuia Comê na tuia Comê na nuia Experimente o berimbau catreiro Em todas as noites de pé de sapo! Paca tatu Paca tutu Paca Dudu Apert...