terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Loucura, Mistura


É samba, é semba, é simba, é soba, é mistura. 
O ar, a luz, o chão, o verde, a altura. 
O grito, o soco, a reza, a candura. 
É leva, é treva, me enerva, a ditadura. 
É marte, é parte, é morte, é sorte, é pura. 
É um, é dois, é três, é dia, é mês, é manhã, noite escura. 
É chique, é Chico, é triste, é chiste, é tortura. 
Quem faz, quem traz, quem fatura. 
A gueixa, a deixa, a ameixa, que fartura. 
A crista, a pista, a vista, a lista, a procura. 
É a inocência, a carência, a ciência, a gastura.
É a flor, é a dor, é o amor, é o que cura.
É o olho, é mão, é a mente, é a censura.
É o oito, é o coito, é o biscoito, a fofura.
É a seita, é a maleita, me deita, me segura.
São os ossos, são os nossos, é o que perdura.
É o teto, é o veto, é reto, é a curvatura.
O que quero, o que espero, a nomenclatura.
A nina, a sina, a tina, a vina, a leitura.
A lambada, a lambida, a chegada, a partida, me segura.
A sela, a tela, a vela, a novela, tudo cura.
A ameixa, a queixa, a deixa, se apura.
O que vai, o que sai, o que cai, nada dura...

O Teatro Que Não É de Pablo


Um teatro cuja peça já dura dois mil anos
Dois mil anos ou até um pouco mais
Uma peça que está fora dos planos
Com um enredo que não nos deixa em pais
Um enredo que é contra toda vida
Um enredo que o próprio sistema faz
Não esperemos que nos fechem a ferida
Abri-la sempre é o que é capaz
Um teatro feito de guerra e fome
Em que o lobo está vindo atrás
Que animaliza e perverte o nome
Soldados mortos e mortos generais
Nada adianta o tempo escorre
O sangue corre pelas capitais
É consequência se tudo morre
Assim foi com nossos ancestrais
Um teatro que acha mais bonito o feio
Fala de leis mas não sabe quais
Que quebra o riso e a festa bem no meio
Meta o chicote senhor capataz
Sente aí e veja o que eu mostrar
Olhe que bocas que poses sensuais
Faça tudo o que eu lhe mandar
Engula logo o que a morte traz
Vista logo o que eu quero que vista
Sonhe logo que não há algo demais
É na platéia que está o artista
Se fecham as cortinas vêm os funerais
Batam palmas batam palmas
Mesmo se isso não lhes apraz
Já estão compradas as suas almas
Há dois mil anos ou um pouco mais!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Teoria do Paradoxo


Tudo ao mesmo tempo e mesmo assim nada. Tesão e reza. Céu e inferno juntos. Causa e efeito. E meus pés com a preguiça de chegar logo. Em um só destino de várias portas. Nada tenho e ao mesmo tempo rico. Nada penso e assim mesmo maquino mil planos infalíveis de explodir tudo. Eu me mato aos poucos para viver. E no final da peça era tudo verdade. Estou aqui faz tempo e tudo é ainda inédito. Tudo morreu para continuar vivo. O bom da embriaguez é o arrependimento no dia seguinte. Insensato sou e nisso consiste minha única virtude. A fumaça é pesado e as pedras flutuam. O que escrevo hoje só poderia ter sido lido ontem e amanhã não existirá mais. São descobertas científicas. Malabarismo sensacionais sem equipamento de segurança. Me sirva mais uma. Séculos são banais e segundos são importantes demais para serem contados. Do alto dos prédios nada vemos e os gatos dilatam suas pupilas. Quando vamos? Nem sei se vamos... E se formos não avisarei. As surpresas são bem vindas e afinal deixam algum gosto. Eu mudei a métrica e mudei a rima. Agora é tarde demais para coisa alguma e mesmo assim façamos. O jazz jaz vivamente. Por isso leiamos o dicionário de traz pra frente. Viver de cabeça pra baixo sem o sangue descer. As sereias usam microfone. E os pôneis vão para a frente de batalha. Queremos sorvete porque está frio. Por que não? Em madrugadas luminosas andamos por aí. Há muito mais estrelas. E lírios que também se abrem pra nós. Vou ganhar o Oscar por não ser ator. Quanto mais animado o Carnaval e mais triste ele é. Os gatos cantam em coro. Minha memória anda boa e por isso esqueço o mais importante. Detalhes são o que contam. Sou réu confesso de crime nenhum. A alegria é meu principal delito. Mea culpa. Mea culpa. Mea culpa. Eu quero você no meu colo. Minha cabeça entre suas pernas. E mais pra que? 

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Teoria da Eternidade


As bolas de gude que um dia joguei
Ainda são de vidro
Do mesmo vidro que um dia admirei

As pipas que voavam lá no céu

Estão lá no alto
E ainda voam serenas ao léu

Todos os amores que amei um dia

E que pensei mortos
Estão vivos! Quem diria...

Todos os passos que dei na estrada

Guardo todos um à um
Porque valeu toda a jornada

Mesmo se gargalhava em desatino

Era o mesmo riso bom
E quem ria era o mesmo menino

Que ria e ria com o peito aberto

Mesmo no meio da noite
Quando tudo era um deserto

Não fique triste meu amigo

Assim tudo acontece
Também acontece contigo

Nada morre tudo é vivo

Mesmo se choramos
E não há nenhum motivo...

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A Grande Chance

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Esta é a grande chance
Corra e se canse
Se canse até a exaustão
E caia no chão
Só haverá saída
Não haverá chegada
Pois é a vida
E mais nada...

Esta é a grande chance

Entenda o lance
Que é ter sorte
Até que chegue a morte
É como a novela
Tudo acontece por um triz
Acenda a vela
E seja feliz...

Esta é a grande chance

Tente e alcance
Tente mais uma vez
É fim de ano é fim de mês
Mês que vem tem
Mais um carnaval
É só dizer amem
Menos mal menos mal...

Está é a grande

Viver está ao alcance...

Poema Indefinido pelo Indefinido Poeta

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eu sou a pedra o burro o ignorante a eternidade e o instante o espelho o fedelho o velho que me espelho em tardias objeções o norte a sorte a morte a morte que se inicia em cada dia quem diria quente ou fria doente e sadia o que começou amanhã mas terminou ontem sou afã sou o fã sou a ponte o alto do monte novo horizonte a ponta o que conta e apronta e afronta e grita aflita na alta madrugada que nada que nada pra que dá estrada a fada de cada do cado às vezes mudo de lado o certo o errado o bardo o fardo o cardo o carinho o espinho a passeata na Rio Branco o banco o manco me espanco me espanto com pranto com tanto e minto é rosa é tinto e o absinto é verde que sede deitei nesse rede enquanto não é vão é rede e sede olha eu na televisão em cadeia nacional e tal e tal é só ter ciência que acaba a violência demência deixei minha bike em casa ontem mesmo comprei asa agora posso tê-las é um trem para as estrelas tudo que leio guardo o meio e o que mais me tardo e ardo e ardo há muita ressaca no dia seguinte é o cigarro é a vinte é o acinte eu sou o inseto e o concreto a curva a turva o destino reto o pai o filho o neto a corrida a vida contra corrente e nem sente doente covarde e valente eterna contradição as tripas e o coração o pé e a mão a fé e a explicação sou o cravo e sou o crivo o escravo e o incentivo sou o livro sou o livro a nave que voa e a pedra que cai o papo à toa e o haicai o haicai o que resta a festa o que te trai o que vem o que vai simplório e sem explicação o velório e a fogueira de São João o tamanco e o chinelo o branco e o caramelo o pandeiro e o violoncelo o bisturi e o cutelo a vara de condão e a de marmelo três vezes fiz a soma três vezes a multiplicação nenhum caminho vai à Roma mas não me causa aflição são tantas cores tantas dores tantos amores que cabem na minha mão um dia é de glória entra pra história e o outro é dia de cão é o gato no mato é o livre no paredão sou Guevara e sou Buda a Baía de Guanabara e um Deus nos acuda a fruta a semente e a muda é a cara na tela sou galã de novela é a vela é a vela são os fogos são os rogos que não se acendam mais vou em paz vou em paz...

Come Na Cuia

Comê na cuia Comê na tuia Comê na nuia Experimente o berimbau catreiro Em todas as noites de pé de sapo! Paca tatu Paca tutu Paca Dudu Apert...