Lá vão os penitentes...
com velas, sem velas,
com chagas, correntes,
vão sãos ou doentes,
são bichos ou são gentes...
E no meio dessa escuridão
chamada dia,
vem chegando a paixão,
vai fugindo a alegria...
Lá vão os penitentes,
com rezas, com pragas,
são ricos, são indigentes,
tem tudo ou nada somente,
flores mortas ou sementes...
E no meio desse temporal
chamado vida,
encontro de bem e mal,
chegada e partida...
Lá vão os penitentes,
silenciosos, com matracas,
sem nada, presentes,
são gélidos, são ardentes,
tão iguais, tão diferentes...
E no meio dessa gente toda,
a alma muda,
antes que o coração exploda,
antes dum deus-nos-acuda...
Lá vão os penitentes,
chegando de todos os lados,
são patrões, são serventes,
são sábios, são dementes,
são médicos, são pacientes...
Lá vão os penitentes...
(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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