domingo, 9 de junho de 2019

Cor Nenhuma

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Embalando o bêbedo com moscas em volta bailando
Sob um sol qualquer que nem estávamos esperando
Numa triste sina prevista e todavia não desejada
Os leões estão soltos esperando começar sua caçada
A morte acaba pegando até o mais forte da manada...
E mesmo que de nada adiante o avaro conta com avidez
O dinheiro que um dia terá de jogar fora de uma vez
Vejo ao longe uma triste figura que vem transfigurada
A maioria dos nossos planos falhou e não deu em nada
Eu não sei motivo mesmo assim valeu essa estrada...
Eu recorto toda notícia que posso e guardo na memória
E tentarei qualquer dia desses contar toda essa história
Que talvez seja triste mas de uma tristeza mais engraçada
Como os risos que eu perdi e ficaram por aí pela calçada
E alguns sonhos insistentes que deixam a alma extasiada...
A rua ainda exibe os mesmos trejeitos de ensaiada peça
E ao inverso do que pensamos o fim é quando se começa
Somos todos tão malandros e entramos na grande furada
Porque toda oportunidade é apenas uma carta marcada
Hoje quem paga sou eu desce garçom mais uma rodada...
Os mendigos nas ruas estendem suas mãos por moedinhas
Enquanto os burgueses morrem por causas tão mesquinhas
Enquanto os tambores na noite continuam na sua batucada
E fogueira está ainda acesa mesmo se pensaram apagada
Deixa comigo meu amigo que eu resolvo logo essa parada...
Eu penso em fazer algum dia uns versos leves como pluma
Mas quando vejo o que achei só achei uma cor nenhuma...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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