quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Escravos de Jó

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Não pense, não fale, coma tudo
Não reclame, esta é a vida
Esqueça dor da ferida
É um espinho sob o veludo


Não corra ou até corra mais
Esqueça, confie, acredite
Que é arriscado o limite
Temos tudo, menos paz

Seja igual, seja indiferente
Se alguém morre ao teu lado
O teu fim não é chegado
Se chegar siga em frente

Não fique de cara pro crime
Cuidado a engrenagem magoa
Está mal, mas tudo de boa
É o poder que tudo oprime

Não espere, não tenha esperança
Corre perigo quem muito espera
Não existe mais jaula pra fera
Que tudo quer, tudo alcança


Não pense, não grite, aí calado
Não reclame, está a morte
E quem sabe temos a sorte
De um enterro bem arrumado...

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Nunca Mentimos Tanto

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Nunca mentimos tanto
Como nos dias de hoje ao acharmos que tudo vai bem
E que os problemas do mundo não nos pertencem
Ou que tudo vai voltar à normalidade dia desses...

Nunca mentimos tanto
Do que ao dizermos que somos todos livres
As correntes que nos prendem são outras
E até quando gritamos por liberdade é porque alguém deixou...

Nunca mentimos tanto
É assim que acontece sob as nossas barbas
Quando pensamos que escolhemos as coisas e a vida
Não se escolhe nada em nenhum lugar ou tempo algum...

Nunca mentimos tanto
Assim é quando tentamos mostrar a bondade que não temos
Porque na verdade que se dane o nosso próximo
Se alguma coisa em particular não nos interessa...

Nunca mentimos tanto
Pois ao mostrarmos nossos mais sinceros sentimentos
Colocamos uma capa sobre eles para disfarçar
Que a nossa verdadeira natureza é egoísta e mesquinha...

Nunca mentimos tanto
Ao mostrarmos a certeza que nunca tivemos ou teremos
Sobre conhecermos o nosso verdadeiro destino
Porque um grande cortejo de temores nos acompanha...

Nunca mentimos tanto
Olhamos no espelho disfarçando nossas rugas
Somos por demais condescendentes com as nossas mancadas
Apesar de toda maldade que temos em nossos corações...

Nunca mentimos tanto
Do que falar que falamos somente a verdade
Que proclamamos um falso amor pela verdade
Porque na verdade somos os filhos da mentira...

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Me Nega

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Me nega
E pra bem longe de mim carrega
Tudo aquilo que me sossega...

Vai embora

Sai de porta afora
Sem muita demora...

Leva a lembrança

Toda a minha lembrança
Toda a brisa mansa...

Eu já nem ligo

O meu choro é antigo
Já se fez meu amigo...

Só deixe aí jogado

O que eu tenho sonhado
Mesmo quando estou acordado...

Me nega

Nas minhas mãos os cravos prega
Mas veja se me sossega...

Bloco dos Desesperados

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Viva o nosso bloco! Viva o nosso cordão!
Tem todo tipo de desesperado,
Tem amante desesperado, 
Tem jogador de basquete anão!

Viva o nosso bloco! Viva o nosso cordão!

Tem a bela mais feia,
Tem verdade e meia,
Cada qual com seu quinhão!

Viva o nosso bloco! Viva o nosso cordão!

Tem ladrão honesto,
Tem oculto manifesto,
Quem já perdeu a razão!

Viva o nosso bloco! Viva o nosso cordão!

Tem crime sem pista,
Tem puta moralista,
Cachaça, gelo e limão!

Viva o nosso bloco! Viva o nosso cordão!

Tem pedregulho na estrada,
Tem mergulho na escada,
Eu já entrei na contramão!

Viva o nosso bloco! Viva o nosso cordão!

Tem sacanagem de terno,
Tem passagem pro inferno,
Eu já engoli um melão!

Viva o nosso bloco! Viva o nosso cordão!

Tem no prato farinha e água,
Tem em cada fato nova mágoa,
É carnaval no São João!


(Do livro "De Tudo Se Faz Canção", de autoria de Carlinhos de Almeida)

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Como Arde a Ferida

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Os olhos estão no prato
Os riscos estão na vida
Um, dois, três, quatro
Como arde a ferida!

Os sentidos estão despertos
Os medos estão na vida
Muito longe ou aqui perto
Como arde a ferida!

Os maus estão no poder
Mandando na nossa vida
Não há mais o que fazer
Como arde a ferida!

Estão aí todos os fatos

Que atentam contra a vida
E nessa briga de gato e rato
Como arde a ferida!

Não queria falar mais nada

Cada um tem a sua vida
Mas ainda temos a nossa estrada
Como arde a ferida!

domingo, 22 de outubro de 2017

O Poeta Está Sujo

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O poeta está sujo
Sujou as mãos, sujou a cara
Sujou a alma neste mundo
Mas ninguém repara...

O poeta está sujo
De onde veio tanta sujeira?
São os seus sonhos
Que gritam à sua maneira...

O poeta está sujo
Cheio de andrajos, maltrapilho
Sua fome é bem mais
Quer de sua estrela o brilho...

O poeta está sujo
Não há como se limpar
Toda a sua fantasia
É como fuligem no ar...

O poeta está sujo
Sujou as mãos, sujou os pés
Porque discorda da covardia
E quer viver ao invés...

(Do livro "Só Malditos" de C.A.)

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Sem Propósito

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Brinca a brisa descansada
Em velhos rabiscos
É uma vida quase nada
Com seus riscos...

Versos sem mais floreios
Fantasma na escuridão
Tentando todos os meios
Ou não...

Olhem todos os meus planos
São infalíveis?
São apenas humanos
Impossíveis...

Música tocada sem propósito
No ar ela ao léu
De sonhos deve ter um depósito
Lá no céu...


segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Continuação dos Haicais


Acabaram todos os cigarros do maço
E toda sua fumaça
Foi dar uma volta pelo espaço

Quase nada não é nada
Tudo existe
Por essa nossa estrada

- É ela! É ela! Gritava alto o moço
Enquanto ia embora
A alegria sem fazer qualquer alvoroço

Somente duas forças opostas
Podem com certeza
Dar a mais certa das respostas

O bem e o mal cessaram fogo
E isto é o que
Chamamos de regras do jogo

O tempo acaba levando tudo
E aonde está agora
A tua mocidade pessoa velha?

O maior dos mistérios é a simplicidade
As coisas mais simples
Acabam desorientando os tolos

Ironicamente todos os dias
Tragédias se repetem
E isso chamamos cotidiano

A rotina enferruja nossa alma
Nosso voo para o alto
É dificultado por sua monotonia

O coração saiu do ritmo
E o peito gostou
Eis aí a origem da canção

Os bichos sempre ensinam
As coisas ensinam
Só o homem vive desaprendendo

Quanto mais vivo, mais sofro
E também vice-versa
Alguns chamam isso destino

As pedras decidiram em reunião
Que ficarão caladas
Até que o homem recupere a razão

Os grandes reinos desapareceram
Mil castelos ruíram
Mas as flores pequeninas continuam

Paz sem justiça não é paz
Isso tem outro nome
Isso se chama conivência

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Haicais! Haicais!


Atendendo ao pedido de meu grande amigo Jullyano Lourenço, o Poetinha, exponho hoje alguns Haicais d'O Livro dos Haicais

A dúvida é a única certeza
É difícil caminhar
O barco vai contra a correnteza

Num gesto de amor
A borboleta
Se confunde com a flor

Mamãe, eu vi a lua!
Esquece isso...
É a vida que continua

Este é um hábito bem antigo
Brincar com as palavras
Ou elas que brincam comigo?

O cata-vento roda e roda
Feliz por ser
Mais que uma simples moda

Cada dia tem o seu tamanho
Olhe no espelho
Você só vai ver um estranho

É bom não olhar para os lados
Podemos então ver
Alegria e tristeza de braços dados

O mundo é uma grande fábrica de gaiolas
Somos os pássaros presos
E nossos lamentos espalham-se pelo ar

Perguntas e perguntas e perguntas
Muitas do menino curioso
Onde estaremos nós daqui há pouco?

Faço das tristezas um barco de papel
Coloco-o num rio de esperança
Mas falta o vento ou então é demais

O ódio e o amor resolveram competir
E saíram a correr pelo mundo
Quem chegasse primeiro é que perdia

Se a plateia ri das nossas palhaçadas
Não sabem o que fazem
O verdadeiro riso é de quem o criou

Nunca chame a tristeza pelo seu nome
A pontualidade e a solicitude
Acompanha sempre os maus destinos

Um dia o homem deu um passo e depois outro
E acabou dando mais um
E aí temos o que chamamos hoje - caminho

Não há absurdo que não seja plausível
Tudo pode acontecer
É por isso que vivemos entre os homens

O sono vem vindo mansinho
Quem não sabe
Que é um morrer pequenininho?

Eis a maior e real verdade
Somos tão felizes
Só não temos a felicidade

As borboletas são encantadas
Será que estão
Fazendo curso de fadas?


terça-feira, 8 de agosto de 2017

Ainda sem net e ainda sem um editor para publicar minha obra.
Muito triste isso...
Algum leitor de outro país não se interessaria em me ajudar? 
Muito obrigado.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Tão Grande

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Tão grande quanto a fera
É o meu desejo
Quão longo quanto a espera
É meu ensejo

Coisas boas e coisas más
Todas as morrem
Enquanto as águas correm
Agora tanto faz...

Tão grande como o destino
Somente a contagem
Quão feliz como o menino
Em sua viagem

Coisas certas e coisas erradas
Todas acontecem
Enquanto existem tantas estradas
Que distâncias medem?

Tão grande...

segunda-feira, 12 de junho de 2017

A Canção Só

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Tens o cabelos em desalinho
Tenho eu esta barba comprida
Sorris porque tens a vida
Choro porque estou sozinho

Tens os olhos na visão do ninho
Tenho nos pés o pó dá estrada
Contenta-te até com um nada
Choro porque estou sozinho

Tens nos lábios o gosto de vinho
Tenho na alma um sabor azedo
Cantas porque foi-se o medo
Choro porque estou sozinho

Tens nos gestos todo o carinho
Tenho no peito um coração bruto
Festejas porque acabou-se o luto
Choro porque estou sozinho!!!

Antes Que Anoiteça Sobre Mim

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Antes que o mal vença
Com sua molesta presença
Em meu jardim
Vida e morte tenham parecença
E a aranha do tempo teça
Um outro sem fim
E aquele imprevisto aconteça
E uma dor venha e cresça
E seja tim tim por Tim
E acabe então minha crença
Antes que então anoiteça
Essa eternidade sobre mim...

domingo, 11 de junho de 2017

Roubo

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Tu eras a própria vida
De noites abolidas
De presentes esperados
De passeios sem chuva

Tu eras a própria palavra

De segredos do peito
De amores impossíveis
De rostos mais bonitos

Tu eras a própria cor

De azuis multitonais
De águas de moto contínuo
De cenas bem vivas

Tu eras o próprio cheiro

De cinemas no domingo
De casas e coisas
De desejos inconfessos

Tu eras o próprio gosto

Do resto do sono
Do fim do ano
Do fim do mês

Tu eras a própria reunião

Dos sentidos que desconhecia
Da maldade dos planos bons
Dos passos da dança

Tu eras tudo isto

Quem sabe? Até muito mais!
Vai, sonho, me conta logo:
Quem foi que te roubou de mim?

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Ainda Rude

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Não sei amar deste jeito
Não faço frases de efeito
Eu amo bundas e peitos

Não conheço o carinho

Eu vou andando sozinho

Eu até ainda sonho

Mas até ele é medonho
Por isto ando tristonho

A vida é cheia de nadas

Eu durmo pelas calçadas
Eu rio de muitas piadas

As mãos ferem as flores

Espinhos também tem cores
Apesar de tantas dores

Não sei o tomar

Meu amigo é o defeito
Eu amo bundas e peitos...

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Tanto

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Não é tanto o tanto
E no entanto
Me causa espanto
Que no meu canto
Sem acalanto
Bebo meu pranto

Não é tanto o tanto

E no entanto
Me causa pranto
Que no meu canto
O meu espanto
Seja um acalanto

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Não Me Conheço

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Não me conheço,
Nem sei meu endereço,
Perdi meu apreço,
Todo sonho tem seu preço,
Tudo tem que ser assim.

Foram muitos dias,

Com tristezas e com alegrias,
Um longo caminho, a vida vazia,
Quem sabe ou quem saberia,
Já morreu o meu jardim...



Brincadeira de Gato e Rato

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O gato convidou o rato.
Vamos dançar cirandinha!
O sol atravessa o furo.
O passado já virou futuro.
A saudade já virou doença.
O frio quebrou os ossos.
O vinho engoliu a vinha!

O gato conquistou o rato.

Vamos dançar cirandinha!
A vida tropeça no escuro.
O hesitado se tornou seguro.
A irrealidade virou crença.
O rio levou os nossos.
O vindo engoliu o vinha!


segunda-feira, 5 de junho de 2017

Cigarro Barato Numero 2

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Tem cigarro barato aí, moço?
Acho que tenho aqui alguns trocados
Faz muito tempo que esvaziou meu bolso
Nos muitos anos que já passados

A competição tá braba na reciclagem

Mas eu compreendo que é essa a vida
Viver importa o resto é bobagem
Que feche por sí toda a ferida

Não repare na aparência, moço

Por baixo da aparência sou humano
Eu não sei mais o que é almoço
O meu destino foi entrar pelo cano

Tem por aí muita coisa jogada fora

O mundo parece uma grande brincadeira
Nem quero boné nem vou me embora
Cada um sabe qual sua maneira

Me dá uma cachaça também, moço!

Daquelas que se toma pra matar o bicho
Quem me dera estar no fundo do poço
Estou apenas em cima desse lixo

Eu prometo não lhe incomodar mais

Vou caminhar esse é meu caminho
Fique com Deus fique na sua paz
O mundo é meu estou tão sozinho

Tem cigarro barato aí, moço?

Acho que tenho aqui alguns trocados
Faz muito tempo que não tem almoço
Como os homens são tão malvados  



Chamado Poeta

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Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
O poeta se inspira
Faço versos por aflição
Eu ando em todas as ruas
Elas enchem meu coração
Os poetas têm musas e lutas
Só tenho juras de maldição

Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
O poeta tudo embeleza
Eu só me lembro da escuridão
E de muitas palavras amargas
Que saem e caem no chão
Assim quis o destino
O espinho feriu minha mão

Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
O poeta vive amando
O amor só me deu traição
Passei por muitos invernos
Eu não conheço mais o verão
O tempo passou tão depressa
É o trem chegando na estação

Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
O poeta sabe metrificados
O instinto é a minha razão
Todos eles sabem voar
O meu sonho está no porão
Eu gritei palavras de ordem
Mas isto foi tudo em vão

Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não
Ele gostou dos meus rabiscos
Mas isto foi pura ilusão
Gostou dos passos silenciosos
Dos meus ardis de ladrão
E teve pena dos meus sonhos
Os sonhos de um velho bobão

Um menino me chamou de Poeta
Eu não sou poeta não...

(Extraído do livro "Jullyano e As Nuvens" de Carlinhos de Almeida)

domingo, 4 de junho de 2017

Quatro Quartetos Malditos

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Gosto do que é proibido, mau, imundo
Sou assim mesmo, assim fui feito
Sou apenas mais um caso sem jeito
Que vem passear por este mundo

Só os dias mais feios me atraem

Gosto mais dos amores traídos
Me faltou lugar entre os anjos decaídos
São belas as fumaças que nos ares vaem

Entrego-me a maquinar todos os planos

Que causem dor e que causem choro
São lindas as aves de mau agouro
São mesquinhos todos os seres humanos

Podem me maldizer, falem mal de mim

Eu sou mau, mas sem culpa, inocente
Não fui eu que pedi ser criado assim...

sábado, 3 de junho de 2017

Eu Surto

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Eu surto
O meu tempo é curto
Acordo toda manhã
Nessa vida vã
Eu choro
E te imploro
Não me bata
Nem me mata
Já é castigo
Deu estar comigo
Ser um e ser dois
Agora e depois
De não querer falar
Sorrir e andar
Ficar dias num canto
No entanto
Não queria que fosse assim
Pobre de mim
Que a porta abrisse
Que o véu caísse
Tudo tão claro
Mas é tão raro
Nem o remédio adianta
A ânsia é tanta
Não tenho culpa
Peço desculpa
Num tempo que não medi
Cheguei aqui
Não reconhecia nada
A mente parada
E vozes lá fora
Quero ir embora
Mas não me escutaram
E me drogaram
Logo de início
Este é o ofício
Na existe culpado
Pra esse estado
Não queria agredir ninguém
Tá tudo bem
E teve aquela passagem
Pela triagem
Aí teve aquela visita
Coisa esquisita
Não tinha nenhum conhecido
Tinha esquecido
Até quem eu sou
Onde estou?
Agora às vezes apaga tudo
E fico mudo
E surto
O meu tempo é curto...

(Extraído do livro "Poemas de Um Louco" de Carlinhos de Almeida)

domingo, 28 de maio de 2017

A Paixão Segundo CA

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A paixão
É o meu caixão
É a linha reta pro abismo
É o pulo para o vazio
O fim de todo lirismo
O sol que faz tanto frio

A paixão

Não tem compaixão
São as asas que não alçam voo
É a morte vindo logo ali
O balanço do mar e seu enjôo
Olhos cegos que nunca vi

A paixão 

É sem explicação
É o caminho já interrompido
Acabei perdendo aonde ia
Todo sonho já esquecido
Nada sobrou da alegria

A paixão

É a cansação 
Queima só em tocar
Não pode ser provocada
É quase o oposto do amar
É o peito cheio de um nada

PassaTempo



Com o tempo tudo arrefece
Com o tempo tudo enfim some
Na boca do santo morre a prece
Na boca do lobo vem a fome
Toda e qualquer vista escurece
Eu já nem sei qual o meu nome

Com o tempo tudo esmorece

É com ele enfim que tudo morre
Vai ruindo aos poucos o alicerce
A água do rio não mais corre
E mesmo se o riso aparece
Foi alarme falso my dear sorry

Com o tempo tudo aborrece

Com o tempo tudo insignifica
Rosto por rosto a ruga envelhece
A esperança vai o sonho fica
Cada medo é um medo que cresce
É a ilusão que vem e complica

Com o tempo nada mais aquece

É desse jeito: time is money
E minha mente por fim escurece
Entre mil nuvens andar de pônei
E antes que o ar de vez cesse
Queria te beijar my sweet honey

Com o tempo tudo arrefece

Com o tempo tudo enfim some
No rosto do santo o choro desce
Na noite de lua vem o lobisomem
Toda e qualquer mente ensandece
Eu já nem sei se sou homem


sábado, 27 de maio de 2017

Minha Musa


Minha musa mais escusa...
Que quando quer - me usa
Mas quando prefere - abusa
Que vem logo tirando a blusa
Que não faz amor comigo - cruza
Que faz tantos planos - confusa
Que entende minha ilusão difusa
Nem sempre defende - acusa
Minha musa mais escusa
Embriagada escutando Cazuza...

Política

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O meu não é o teu interesse
Até que ele seja
Estamos em lados opostos
Mas que venha a cerveja!
Por teimosas convicções reais
Lutamos até a morte
É direita é centro é esquerda
Até que mude a sorte
Como se fosse a última moda
Dependendo da estação
É feito  grande cabo de guerra
E viva a corrupção!
Cada detalhe é bem cuidado
Capriche na maquiagem
Tapinhas e apertos de mão
Tudo a mesma sacanagem
Hoje tem campeonato na TV
Mas falta professor na escola
Eis o novo Salvador da Pátria
Trazendo nosso bolsa-esmola
Vamos esconder o rabo do gato
Pra ninguém poder pisar
Apesar de toda a interrogação
Que fica suspensa no ar
Novos cartazes estão nas paredes
Cada figurinha repetida
Matar e roubar e destruir
É a vida! É a vida!


Skate

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Eu conheço o infinito sobre rodas
Sim sim eu o conheço!
E nem a dor nem a razão importam
Tudo tem seu preço!
E me sinto Deus pelo espaço
Fim e começo!

Tenho a velocidade da luz

Invadindo as manhãs!
Não me importando que mil vidas
Fossem tão vãs!
Nem me importando de minhas risadas
Mais loucas e sãs!

Eu conheço o vento na cara

Como se fosse um amigo!
E crescem asas nas costas
Já não corro perigo!
E tanto os dias como as noites
Já me oferecem abrigo!

Sou velho e mesmo assim novo

Tenho toda a idade!
E mesmo com dias tristes
Viva a felicidade!
E com todo o meu deboche
Que se dane a maldade!

Eu conheço o infinito sobre rodas

Sim sim eu o conheço!
E nem a tristeza importam
Eis aqui meu endereço!
E me sinto o próprio Deus sorrindo
Isto é só o começo!!!
(Extraído do livro "Jullyano e As Nuvens")





Fiquei Nu (Para Belchior)

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Fiquei nu
Fiquei blue
Vim do norte
Sim da sorte
Para o sul
Chorei sem choro
Bem engolido
Tudo que gostava
De ter ouvido
Não corri
Nem atirei
O que vivi
Ainda sei
Lindas canções
Que você fez
São os verões
Em cada mês
Fiquei nu
Fiquei despido
Fiquei blue
Fiquei sentido
Fiquei Dandi
Não espere - ande
Valeu ter vivido...

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Mais Haicais de Improviso

Resultado de imagem para bonsaiA noite é grande companhia
Para o coração triste
Que morreu durante o dia


Tenho todo o tempo do mundo

Para viver e morrer
Em apenas um único segundo

Não tenho medo do desprezo

Nem da morte sequer
Tenho medo do ar e do seu peso

Quantas perguntas eu já fiz?

Quantas foram
As respostas que me fizeram feliz?

Foi quase ontem, é quase agora

Meu tempo morreu
E isso chamamos história

Ah! Quanto mais respiro

Mais me sinto
Que me acaricio e me dito

Aproveitem, poetas, os versos

Tudo morre, acaba
E os instantes são inversos


quarta-feira, 17 de maio de 2017

Vozes & Ventos

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Escuto a voz da vento
No vento escuto a voz
A voz que vem de dentro
Que me fala de nós
O vento vence a distância
Baila sobre os telhados
Ameniza toda esta ânsia
Do peito dos magoados
O vento leva os balões
Que são vozes coloridas
E as vozes trazem canções
Que fecham nossas feridas
Vento que tudo sara
Voz que tudo fala
Quando o vento pára
Minha boca se cala
Escuto a voz do vento 
No vento escuto a voz
A voz que vem de dentro
Ai de nós! Ai de nós!

Insaneana Brasileira Número 108 ou Circus Maximus

Dor de cabeça. Insônia. Depressão. Tudo o que o cidadão precisa para viver bem! Tudo o que ele precisa para ovelha do rebanho! Ovelhas usando crachá. Balindo na mesma nota. Coro de castrati. E apesar de todos os prognósticos adversos dos grandes teóricos da conspiração amanhece.
Cada dia: uma primeira primícia. E requentamos a cada preocupação que o sono esfriou. Porque sonhos acabam morrendo. Pesadelos às vezes. Mas as últimas músicas da parada não. Esqueça a letra. Entender é tão perigoso quanto uma roleta russa. Tudo faz escola. Até as migalhas que os pombos degustam como gourmets que são.
Tosse comprida. Cigarros teimosos. Combustão. Tudo que o tempo traz na bandeja! Tudo que a rotina esfrega na nossa cara! Quem me dera fossem pubianos pelos dourados. Úmidos de safado tesão. Mas não são o que esperamos. E meu estômago contém mais relógios que os quadros de Dali: o dia corre.
Numa corrida de passos pequenos quase caindo. Mas cheios de uma ousadia quase socrática. Viva a matemática! Viva a prática! Viva a estática! E os corações em uníssono que me ferem sem saber. Estou ainda procurando ainda rosas azuis e só encontro moscas douradas. É o momento de apertar o botão. Puxar o gatilho. E cantar parabéns.
Bunda bonita. Seios durinhos. Mil putarias. Tudo quase um palavrão! Tudo quase o que eu quero! Nem mesmo os meus demônios sabem mais pecar. Porque pecados novos são patenteados todos os instantes. E os catálogos são meio que complicados. Toda boca calada é um túmulo aberto que se faz. Não há como escapar dos vendedores à domicílio: entardece. 
E todas as tardes são frias mesmo quando faz calor. Eu adoro fazer contas inexatas como todo bom masoquista. Me torture me elogiando até que eu perca toda a paciência. Eu nunca matei ninguém. Mas os carnês de prestação são céleres assassinos com requintes de bondade. Cada qual no seu cada qual Manel Juvenal. Eu danço rumbas sobre as tumbas com Carmem Miranda me acompanhando. 
Valha-me Deus. Valha-me os meus. Valha-me os seus. Tudo serve principalmente agora! Tudo escapa se lá demora! Tudo é língua estranha que se decora! Eu faço versos como quem corre. Eu faço versos como quem sorry. E lavo minha roupa com sabão em pó. As doidivanas são tão bacanas. E as Chiquitas mais ou menos. E eu tremo de suor: anoitece.
Eu sou o rei das receitas e dos novos venenos. É  chato não ser mais chato do que se era. Cazuza que o diga. Os mortos saem afobadamente para um novo baile que os espera. Não há mais podridão para nossos narizes. Nem visagens para óculos comprados no nosso camelô favorito. Nem agulhas para passarmos os camelos. Até a diversão agora é divertida. De bipolar me tornei polar e bebo coca-cola pra dedéu.
Aconteceu virou acontecimento. A Bahia fica na outra esquina. Era pra ser sambão e não sabão. Tudo é Catatau eu Zé Colméia! Tudo se masca que nem chiclete! Tudo é dubiamente saudável! Até a doença nos é saudável. Porque as pessoas dos verbos foram suprimidas. Fale caralho mas não fale mais eu. Fale porra mas não fale mais você. Nós sim. Nós é coletivo individual de nos trabalhos forçados. Até a grande mágica de virar número.
Não há mais este dia...

Mas Lírios


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A inocência já morreu faz tanto tempo
Num tempo que nem medir podemos mais
E o silêncio preso em minha boca
Será solidário ao luto que há sempre

Era um dia entre as cores mais vistosas
Em que o sol reinava em sua majestade
Mas veio um temporal e tudo se acabou
E uma chuva mais que eterna fecha a janela

A casa está abandonada e a mesa vazia
No quarto a cama está quase intacta
As lembranças flutuam como fantasmas
Chegando do passado pra disparar o coração

Esquecer o medo é o que temos para fazer
Recordar pode ser uma tortura sem torturador
O que se viveu será a nossa eternidade
Mesmo quando se há desconhecidos no espelho

Nós que morremos todo minuto te saudamos
Entre as armas que são espinhos da rosa
Nem um beijo restou para o regalo dos olhos
Porque outros beijos sem gosto já passaram

A inocência já morreu faz muito tempo
Num tempo que não podemos mais medir
Mas uma certeza carregamos sempre
Eram um dia lírios mas lírios continuam...

Mudos

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As mãos fazem os versos
Minha boca é que complica
Aquelas conhecem caminhos
Que meu falar não explica

Meus pés sabem por onde vão
Minha boca é que complica
Ela se perde por labirintos
E o final não sabe onde fica

Meu olhar fala mil coisas
Minha boca é que complica
Quer comida e quer mil beijos
Se não der - ela implica

Meu pensamento vai ao infinito
Minha boca é que complica
Minhas vezes troca as palavras
E ao poema ela danifica

Todo silêncio fala mais alto
Minha boca é que complica
Eu juro que queria falar
Mas minha voz sempre suplica...

domingo, 5 de março de 2017

O Grande Dândi



Ofereço meus préstimos para nada,
Fazer nada, apenas respirar,
Olhar as coisas todas em torno
E só isso, apenas olhar
Contar os segundos por divertimento
Apenas fazer isso, contar 
Desde que não fira o meu próximo
Que mal nisso há?
Lá fora as fábricas estão rugindo
Não dá pra escutar
O canto de todos os passarinhos
Que vivem só de cantar
Os carros apressados para a colisão
Eu não quero me matar
Não quero matar por dinheiro
Está tão bem como está
Um dia eu também irei embora
Isto não se pode evitar
Até lá então quero mais viver
Com o que o destino me dá
Ofereço meus préstimos para nada
Fazer nada, apenas respirar
Olhar todas as cores em torno,
E só isso, apenas olhar...

Meu Poema

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Meu poema é uma rua estreita e escura
que muitas vezes vai dar em lugar nenhum
nela vão meus passos vacilantes como embriagado
e todo o lixo pelos cantos são as recordações porque chorei

Meu poema é um barco sem vela e sem lema

assim mesmo enfrenta os mares mais bravios
onde ele vai dar? não sei responder esta pergunta
mas por certo haverão muitos portos e seus amores

Meu poema é um dia que nasceu sem o sol

a chuva há de me encontrar pelo caminho
e eu surpreenderei todos os outros homens tristes
porque cantarei velhas cantigas que esqueci a letra

Meu poema são muitas nuvens passeando lá em cima

pequenos e grandes carneiros com a lã muito branquinha
que pastam com sua calma mais do que zen
os sentimentos mais queridos que a dor não matou

Meu poema é o jovem e o velho caminhando juntos

o moço e o ancião rindo até não poder mais
porque meu peito é grande o suficiente para os dois
assim como amor e ódio sentam-se ternos e se olham

Meu poema é a frase de efeito é o ás oculto na manga

a ilusão de ótima a surpresa de todas as crianças
é o circo que desfila triunfal por uma nova cidade
e que anuncia que haverá espetáculo hoje à noite

Meu poema é a moeda agora lançada ao ar

e o desafio do violeiro que movimenta a feira livre
e a sentença que o juiz assina quebrando correntes
um grito mais alto acordando os mortos que vivem

Meu poema...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Pare Olhe Escute

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Pare...
é tempo de frear o carro...
nem que ele esteja na contramão...
é tempo de esquecer os prédios... as liquidações...
esquecer um pouco da maldade de todos os homens...
tempo de parar de querer vencer uma guerra inexistente...
de querer ser o que nunca foi...
do prédio que pode cair... do avião que pode dar pane...
fatalidades são fatalidades porque são...
porque tudo na verdade simplesmente aconteceu...
acordar todos os dias não é para todos...
mas saber que estamos acordados também não...
vamos rir sempre que necessário for...

Olhe...
é tempo de usar os verdadeiros olhos da alma...
nada morreu... apenas tudo se transformou...
as lembranças continuam guardadas no mesmo lugar...
chorar faz parte da peça que encenamos...
mas sem esquecermos que somos a unicidade no todo...
é o que temos e o que nos basta por enquanto...
olhe todas as cores que adentram aos nossos olhos sem pedir licença e sem esperar hora...
coisas pequenas e coisas grandes também...

Escute...

os sons dos passos do dia que surge preguiçoso e depois se anima...
das águas que nunca param como viajores sem itinerário...
da La Ursa que vem descendo a ladeira feliz por tudo e por nada...
o riso dos meninos pobres grandes senhores da alegria...
o palhaço que chama para o grande espetáculo que vai começar...
escute a simplicidade dos sábios e a loucura dos santos...
a festa não demora e somos os principais convidados...
embaixo das cinzas ainda a brasa continua viva...
Pare... Olhe... Escute...
A





Come Na Cuia

Comê na cuia Comê na tuia Comê na nuia Experimente o berimbau catreiro Em todas as noites de pé de sapo! Paca tatu Paca tutu Paca Dudu Apert...