quinta-feira, 29 de abril de 2021

Coração Mecânico


Meu brinquedo, minha arma,
Meu grito cego, meu passo mudo,
Calmamente sem paciência,
Mãos de espinho, pés de veludo

Amor enfurecido, meu deboche,
Um susto corajoso, café sem sal,
Quero viver mesmo sendo morto,
Quero voar em pleno carnaval

Velha manchete, sem saudade,
Coração mecânico, sem aflição,
O gato dormindo no telhado,
Um passarinho na minha mão

A chuva cai, molha o caminho,
A peça acabada, sem um final,
Eu não escolhi os meus mortos,
Nem fui morar lá na capital

Meu tesão, minha pasmaceira,
Meu concerto, meu bate lata,
Saí pela rua louco e desnudo
E não esqueci de pôr a gravata

Eu faço samba, eu faço funk,
Tão diferente, mas tão igual,
Escrevo versos pelas paredes,
Fico esperando algum sinal

Meu brinquedo, minha arma,
Sem solução, coração mecânico,
Agora eu rio de quase tudo,
Matei o medo, engoli o pânico...

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Até Quando, Até Vez

 

Até quando? Até que vez. Você nem sabe o que fez. Sonhou com sonhos mais normais. Com sucessos. E processos pelas capitais. Quem não vê o progresso. Num tal retrocesso. Estados gerais. É a rês. É a fez. Na cabeça dos generais. Até quando o comando não comanda mais. É a ciranda. E viva a banda. A Umbanda. A guirlanda com seus florais. Os florais de Bach. Os baques. Os saques. Mais normais. Estridentes tridentes doentes sensacionais. Dementes temperamentais. Viva as mentes. As gentes. Os elementais. É o nevoeiro. Perdi meu janeiro. Nem fui o primeiro. Lá nos meus quintais. E a dor que eu tive. No peito ainda vive. Mas eu ainda sou livre. Ainda sou bem mais. Bem mais que o certo. Meu peito aberto. Lá onde é deserto. É aqui bem perto. Não somos normais. São apenas as penas de frases loucas. Um beijo na boca. Foi lá bem atrás. Atrás do jardim. Coitado de mim. Não é bem assim. Chegou o meu fim. É tudo regalo. É a tudo encantá-lo. Num simples estalo. Mas que esqualo. Perigo na água. Castigo nas águas. Nas águas sem céu. Que pouco. É um louco. Veja lá coronel. Se eu não tenho razão. De estar tão tristão. Como fim de domingo. O zen do flamingo. Não dá pra esperar. O almoço tá posto. Estou bem disposto. É hora do jantar. Eu já tive a ideia. Lá na plateia. Nasceu a azaleia. É uma geleia. Mais que geral. É carnaval. É bacanal. É festival. É a tumba. É a rumba. Abalando geral. É necessário. Prioritário. O sanitário. O inventário. Viva a prata. Viva a mata. O carinho maltrata. Vida ingrata. Eu chuto lata. É mano é mana. Fim de semana. Vê se me engana. E me profana. O caldo de cana. Caixa de areia. A vida alheia. Minha sereia. É a única canção.  Que sei tocar no violão. Hoje fiz serão. Fiquei acordado. Fiquei admirado. Nem olhei pro lado. Mas quando olhei já era tarde. Sou medroso e covarde. A fogueira arde. A maneira bacana. A balada cigana. É tanta saudade. Eu encho um balde. Sou sem maldade...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Traço Mágico

Traço mágico

Mirabolante ideia

 O coração guarda tudo

Até as palmas da plateia


Música antiga

Como gostava da canção

Morreu o pássaro

Que havia em meu coração


Tapete voador

Voar sem ter asas

Das fogueiras só há cinzas

Apagaram-se as brasas


O meu quintal

Que hoje não é mais meu

Maninho me salva

Minh 'alma se perdeu...

The City of Clowns


 Como todo burguês despudorado

Guardo em mim todas as contas

Os tapetes estão cheios por baixo

E nos armários nem se fala...

O meu carrão de luxo vai velozmente

Sonoramente como um deboche

Para os miseráveis da vida

E com vontade de matar um deles...

A vida é assim e assim sempre será

Alguns são lixos mais agradáveis

E outros apenas um simples lixo

Neste pesadelo quase freudiano...

Encho meus pulmões feito condenado

Crucifico mais um herói por dia

Enquanto faço minhas lições de casa

E com o meu politicamente careta...

Crueldade em todas as tintas

Mosquitos esmagados nas paredes

Passarinhos de asas cortadas

Pedaços de calçadas disputados...

Cada qual com seu pesadelo

Mesmo que invejando o alheio

Cada qual com sua mazela

Esperando ter a ferida do outro...

Fazemos lives para nós mesmos

Numa solidão nunca antes testada

Um Apocalipse mais que particular

Onde não há mais cavaleiros...

Vamos arrumar caprichosamente

Como espantalhos sem milharal

E colocar uma máscara na outra

O até quando é ilustre desconhecido...

Como todo ser humano inumano 

Inventor de meus próprios fantasmas

Assassino de todas as inocências

Escrevo de moedas e de números...

Estou sempre entrando em crise

As mãos tremem no volante esportivo

Qualquer morte virou número

Covas só crescem na vertical...

Vamos fazendo esse grande espetáculo

Sem ter graça nenhuma e não terá

Porque vivemos entre os escombros

De uma cidade de sinistros palhaços...

sábado, 24 de abril de 2021

Alguns Poemetos Sem Nome Número 99

Não tenho muito o que falar

A tristeza calou-me

E a solidão fechou seus ouvidos

Para as minhas reclamações...

Nesta pintura da vida

As cores estão todas desbotadas...


...............................................................................................................


Toquem uma música rápida!

Qualquer uma...

Sem importar ritmo ou idioma.

No volume mais alto que puderem...

Quero atrapalhar a saudade

Para que a tristeza não me consuma

Mais ainda do que está fazendo...


...............................................................................................................


A grande novidade?

A grande novidades é que não há novidades

Todas as novas tragédias

Estavam mais ou menos aguardadas

É assim que caminham os homens

Tropeçando em pedras

E com algum sangue...


...............................................................................................................


Ventos e ventos

Alguns muitos e outros poucos

Como fomos ou seremos

Nunca como somos

Velhas canções ou notas não vindas

O ainda é nossa esperança

Ou nosso desespero

O espelho é o grande juiz

Que condena ou absolve

Sem dúvida há dúvidas

Feito bando de passarinhos

Ventos e ventos

Quase que quase iguais...


...............................................................................................................


Cais sem barcos

Ruas sem passantes

Praça sem meninos

Fogueira apagada

O outono matou folhas

Os sonhos são nuvens

Ou caem no chão

Ou vão embora

Todo começo

Algo de bonito

Todo fim nem tanto.


...............................................................................................................


A minha rudeza tira folga

A minha brutalidade se esconde

Toda vez que te vejo

A minha maldade muda de ideia

O coração resiste mais um pouco

Toda vez que te vejo

Os pés cansados andam mais

Eu consigo escutar música

Toda vez que te vejo

Porém as coisas acabam mudando

E o medo da morte acaba morrendo

Toda vez que não te vejo...


...............................................................................................................


Eu poderia ter feito mais...

Poderia gritar enquanto todos calara

Ter adiantado pouco ou nada

Seria apenas um detalhe...

Poderia ter sido um pouco mais louco

Aproveitar algum encanto na vida

Depende de dom e de destreza...

Poderia ter rido mais um pouco...

O sal das minhas lágrimas

Quase cegaram os meus olhos

E nada mesmo adiantou...

Eu poderia ter feito mais bem mais...


...............................................................................................................


O sol agora usa avental

E as roupas são bandeiras no quintal

Quem me dera certas imortalidades

Que na verdade nunca terei

Queria que o tempo retornasse

Todas as vezes que fosse embora...


...............................................................................................................

New Seduction

 

Um fio - todos eles

Um desatino - todas elas

Não vi donde vim

Entrei pelas janelas


E rodopio feito louco feito mundo

Eu quero ser agora mais nada

Eu já fui a mais alegre madrugada

Morri feito um só segundo


Um tanto - todos eles

Um problema - só um tantinho

Caí foi lá de baixo

Virei o meu caminho


E esteticamente só gritando

Eu vejo teu rosto em todas paredes

Resumo fatídico destas cruéis sedes

Está tudo só começando


Um caso - todos eles

Um nó cego - triste piada

Não eu vi donde vim

Nossa sedução - um nada...


quarta-feira, 21 de abril de 2021

Não Faz Sentido

Qualquer dia eu rasgo as roupas,

Rasgo as nuvens,

Vou embora

Sem ninguém ter percebido...

Por que?

Ficar por aqui não faz sentido...


Logo, logo aproveito e mato os sonhos,

Mato o desejo,

Dou o troco

Na vida sempre fui o ofendido...

Desde quando?

Isso é desde que fui nascido...


Qualquer dia desses pego o barco,

Pego o caminho,

Bem depressa

Tiro sem nenhum estampido...

Por que?

Porque já está decidido...


Logo, logo vai se acabar o tempo,

Vai se acabar a ilusão,

Nada mais há

Acabou-se esse meu alarido...

Por que?

Porque nada faz algum sentido...


(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

domingo, 18 de abril de 2021

O Etéreo Mais Pesado

Eu que o diga. Ou não... Em frases certeiras de uma indecisão que escorre dos bolsos até o dia do Juízo Final... Não fui eu, senhores! As feridas da alma fazem chorar bem mais... E mesmo com tantas estrelas pelo céu, nuvens teimam em cobri-las. Nada mais posso fazer que mascar meus chicletes em sóbrio silêncio.

Tudo muda. E, se repararmos, nem as cores já são as mesmas... Velhas fotografias parecem com alienígenas mesmo que sua origem seja assim declarada... Recordar é uma forma refinada de masoquismo, pode ter certeza de tal empenho, mesmo que as direções das setas sejam um tanto opostas...

Ainda não decidi para que lado olho. Se choro verdadeiramente ou ensaio uma nova comédia... Minha mente acaba olhando em todas as direções feito um bicho mais que arisco em dias de pleno susto... Esse frio noturno entra pela janela que esqueci aberta, isso não me importa mais...Os violentos dão socos tão fortes que acabam quebrando seus ossos. Bem feito...

Acabei me viciando com estreitos labirintos. E em comédias sem sentido algum, estas bem parecidas com todas as vidas... Tudo é apenas uma questão de espelho, nem os filósofos podem negá-lo, nem sempre a beleza das frases possuem exatidão e nem sempre o sentido pode corresponder à verdade...

Estar aqui ou não estar não é um dilema. O tempo e o espaço dançam uma valsa e pisam no pé um do outro... Acabam não reclamando e acham tudo muito engraçado. Eu mesmo rio dos meus tombos e acho que minhas gafes sejam piadas mais ou menos sofisticadas...

Entre o sótão e o porão está o que nos resta. Os cacos de vidro espalharam-se pelo chão, mas tudo é questão de pura dialética... O que é será um dia o não-é-mais e mesmo quando duvidamos disso, assumidamente, o erro é só nosso...

A bondade e a maldade flutuam pelo ar. Como num balé mal arrumado onde esse estranho par está embriagado sempre... Vistamos nossos andrajos, a esmola que pedimos nunca será o bastante - é a esmola de nossos enganos, não há bolso que possa contê-la...

Eu entro na primeira fila que aparecer. O motivo? Não ter motivo algum é o que existe de mais plausível, nossa loucura serve mais do que toda a morfina que possa existir... A ave caiu, o ovo quebrou, a flor murchou antes do tempo, minha carne treme de medo do nada...

O gato já comeu o canário. Tem alguma estrela aí pra me dar? Pode ser uma bem pequenininha, desde que maior que o sol... Dragões também são necessários de quando em vez. É tudo uma simples questão de charme... 

Queremos alguns segredos menos conhecidos. Bolas de gude daquelas que tive um dia... E muitos gelados que vendiam na praia. Nada existe mais adiante e mesmo assim sobra alguma eternidade. Venturosa amnésia que nos pega às vezes...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

sexta-feira, 16 de abril de 2021

Efeméride Para O Nada

 

Esquecimento

Mais um igual à tantos outros

Tudo passa

Mesmo que pedras sejam gravadas

Transformação constante

Em tristes lápides apagadas

O tempo tem apetite insaciável

Nem o autor conhece plenamente

Qual sua obra

Flores murchas e água parada

Insetos mortos em suicidas mergulhos

Ecos de um abismo raso

Novidades mortas

Um simples estalar de dedos

O que comemos ontem?

Se comemos

Um vento bom acabou enjoando

Só o imprevisível pode ser previsto

A razão dá sonoras gargalhadas

E nossos ouvidos zunem

O que não queríamos chega até nós

Castelos são mais fáceis de derrubar

O segundo dia matou o primeiro

Com requintes de terna crueldade

O primeiro momento foi o único

A inspiração morreu

O dinheiro acabou

Algumas fotos causam calafrios

Por sua extrema e mórbida beleza

O niilismo saiu à francesa

Que a verdade não seja dita

Tudo converge ao mesmo ponto

E o ar agora se rarefaz

Talvez só os versos permaneçam

Mas nem isso

Podemos afirmar com certa certeza...


(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Um Carro Bate No Meio do Poema (Poema Inspirado Num Verso de João Vicente Ramalho)

Um carro bate no meio do poema...

Meu poema era a noite mais enorme

Que o próprio espaço poderia ter...

Era meu corpo transmutado máquina...

Afinal é o que agora somos...

Foi mais rápido do que a luz

Que talvez não houvesse...

Faróis abrindo que nem olhos de susto

Para se apagarem para sempre...

Sem todavia qualquer morte

Porque a tristeza pode ser bem pior...

Apesar de todo barulho

Tenho quase certeza que ninguém escutou...

O som dos pneus derrapando

O metal sendo amassado de repente

Tenho quase certeza que ninguém escutou...

Ninguém sabe que horas eram

A madrugada não possui relógio...

A hora do sono... A hora do diabo...

Nossos anjos estão de férias...

Um carro bate no meio do poema...

Talvez nada que eu fale seja verdade

Por estar desmaiado entre as ferragens...

Ecce Homo (Texto de C.A. para C.A.)

Amo com insistência minhas lembranças, não me importo que de vez em quando sangrem como feridas que mexemos sem necessidade alguma. Para isso serve meu ainda coração: sentir ou lembrar que sentiu.

Não me sinto o melhor de todos, não por modéstia, mas pela realidade dos poucos troféus que um dia posso ter colecionado. Engana-se quem se acha o campeão de todas as coisas, muitos ganhos são perdas e, nesse caso o vice-versa funciona com perfeição.

Estou sempre à um simples passo do abismo, mas isso não possui importância alguma. A felicidade é o maior risco de todos e mesmo quando parece que não estamos procurando-a, na verdade estamos, mesmo que isso seja a coisa mais louca possível, tal como quem brinca de dar cabeçadas na parede.

Divirto-me com minhas próprias mancadas que, na verdade são muitas, é o que cada ser humano faz o tempo todo. O segundo que nos atrasamos, pode ser a chance perdida; o tombo captado pode ser o maior viral de todos os tempos, rir é a única opção que possuímos.

Sonho com tamanha insistência, assim como quem está com as mãos desprotegidas e vai colher muitas rosas. Seu perfume compensa cada expectativa que se cumpriu ou não.

Tenho procurado por todos esses anos que consegui ficar por aqui, algum sentido para aqui estar. Só consegui uma fraca pista: talvez a procura seja o objeto e não achar ser apenas um mero detalhe, depois de tanto tempo, desperdiçado ou não, isso é que realmente importa.

Estar em silêncio total ou gritando pode ser a mesma coisa, não modificarei o mundo como queria, mas modificar um pouco quem eu sou pode ser muito. Eu ando na vida como numa planície de areia movediça, mas quem não anda?

Gostaria de escrever palavras mais bonitas, versos geniais, poemas que fazem sorrir, mas elas não seriam as minhas, Não tenho culpa se a tristeza chega até os meus olhos e até ela merece ser falada.

O sol aparece novamente, mais um dia está fadado a vir e morrer, assim como tudo que existe ou poderia existir. A grandiosidade e a mediocridade têm que dividir seu espaço sem reclamações de ambos os lados.

Não sei quando morrerei, na verdade ninguém sabe, se pensa que sabe, falta-lhe certeza absoluta, assim como tudo que há. Só sabemos que ela é pontual em cumprir sua agenda, isso desde o começo dos tempos...

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Pandemia

Pandemia

Pandemônio

Pai demônio

Viva o caos!

Viva os maus!


Uma fila interminável de pedintes

Uma sequência apática de ouvintes

Lógica torta filosofia morta...


Desprezados

Desprezos

Diz presos

Viva a fera!

Viva a quimera!


Uma fome insaciável de vagabundo

Uma logística de destruir o mundo

O que restou pouco se importou...


Pandemia

Pandemônio

Pan demônio

Fique quieta 

Saia da reta!...


(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 6 de abril de 2021

Poesia Marginal 2 ou Todo Mundo

 

Todo mundo, porra nenhuma,

Sem diferença entre a pedra e a pluma,

Que sobreviva quem assim pode,

Quem ama transa, quem deseja - fode

Quem tem fome apenas engole,

Quem tem medo, corre, escapole


Todo mundo, quase tudo,

Vive bem mais quem for mudo,

Anda bem mais quem for cego,

O Eu já morreu, ficou o ego

Aquele que tem uma casa - mora,

Se não há roupa, é de bunda de fora


Todo mundo, mesma putada,

Cada ser humano vale o seu nada,

O seu nada guardado com carinho,

A rosa vale bem menos que o espinho,

O prato do dia é mais um prato vazio,

Até o fogo agora está sentindo frio


Todo mundo, toda malta,

A dignidade humana está em falta,

A maldade chegou e veio para ficar,

Quem veio me desmentir venha cá,

Está tudo acabado antes mesmo do fim,

O fim está quando a máscara cai,

Quando o amor deu tchau e se vai


Todo mundo, todo animal,

Pecado pequeno ou pecado capital,

Somos assim, sabendo ou sabendo não,

Qualquer negócio, esporte ou diversão,

Quem tem apenas um olho é o rei,

É a verdade: Eu só sei que nada sei...


Todo mundo, toda alcateia,

Queremos todas as palmas da plateia,

Também os likes que os dedos suportarem,

Todos os amores que não nos amarem,

Toda sutileza tem sempre um quê de rude

Assim como toda batalha termina em nude


Todo mundo, porra nenhuma,

Tentar viver antes que tudo se consuma,

Que reste de nós apenas o nosso nome,

A nossa decepção, a nossa derrota, a fome

E a morte virá em apenas em um segundo,

Acabando tudo, acabando todo mundo...

domingo, 4 de abril de 2021

Poesia Marginal 1

Não preciso ser bom, nem preciso ser mal,

Só preciso ficar bem à vontade,

Tomar banho na tempestade,

Dançar sob este temporal...


Não preciso me esconder, nem me exibir,

Só preciso ser aquilo que sou,

Pelos caminhos que eu vou,

Tanto faz chegar ou partir...


Não preciso ser largado, nem preciso ser formal,

Desde que fale o que quero,

Nada mais eu espero,

Acabou meu carnaval...


Não preciso ser o mocinho ou ser o vilão,

Posso ser qualquer um dos dois,

O que vem antes ou vem depois,

Qualquer uma estação...


Não preciso ser sussurro, nem preciso ser jornal,

Eu sou o passar de todos anos,

Todos acertos, todos enganos,

Nada que seja excepcional...


Não preciso ser a ofensa, nem ser a prece,

Nem o afago e nem a ferida,

Sou a morte, mas sou a vida,

O que definha ou cresce...


Não preciso ser o mundo, nem o quintal,

Sou luz da noite, sou luz do dia,

Apenas um pouquinho de poesia

Que chamam de marginal...

Um Meu Outro Silêncio

 

Ando...

E por onde andar

minha sombra me perseguirá...

Junto com ela minha dor

o culpado foi o meu amor...

Olho para o chão...

É aonde posso olhar

pois meu segredo ninguém verá...

Não quero ver as estrelas

não há mais porque vê-las...

A boca se cala...

Não há mais o que cantar

não há motivo não há...

Já se passou o tempo

e agora só há contratempo...

Come Na Cuia

Comê na cuia Comê na tuia Comê na nuia Experimente o berimbau catreiro Em todas as noites de pé de sapo! Paca tatu Paca tutu Paca Dudu Apert...