Não se iluda:
a tristeza assume várias formas
e de acordo de onde a olhamos
ela pode ser aquilo que é
ou exatamente seu próprio oposto...
Não se iluda:
o novo e o velho são abstrações
desta nossa tolice que nos guarda
enquanto o tempo tranquilamente
a mesma cena em vídeo...
Não se iluda:
o bem e o mal fizeram um acordo
a ausência de um é apenas presença
do outro e a roda da história
mói seus grãos até virarem pó...
Não se iluda:
amor e ódio dormem tranquilos
ansiosos por seu merecido descanso
e seu único e insaciável pesadelo
é a chegada da indiferença...
Não se iluda:
o tédio é o princípio de todo fim
porque se nem a dor tiver motivo
assim sim estaremos aniquilados
por toda uma eternidade...
Não se iluda:
a ternura sempre anda armada
seu punhal tem a ponta mais fina
e eis que ela nos fere sempre
mas assim como o amor é indispensável...
Não se iluda:
a solidão é a forma mais cômoda
de fugirmos de todas as lutas
dotados da mais extrema covardia
mesmo que alguns sábios o contradigam...
Não se iluda:
a matéria e o espírito são igualmente nobres
só através dos dois existe alguma coisa
não possuem culpa nenhum deles
se erramos quando os utilizamos...
Não se iluda:
não existem pequenos nem grandes
cores e formas são puras ilusões de ótica
tudo tem um começo e tem um fim
mesmo que o fim seja a eternidade...
(Extraído do livro "Dizia O Mestre" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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