domingo, 27 de maio de 2012

Brincadeiras


É o certo e o errado brincando no dia a dia.
Hoje. Amanhã. Depois.
Na verdade não existe o sagrado.
Existe o que sagramos.
Bom dia mundo.
Na verdade não existe o sangrado.
Existe o que sangramos.
Bom dia mundo.
E a vida existe após a despedida.
O que é que houve?
Mestres e mestres
De nenhuma teoria.
Mas quem diria.
O gato e o rato em sublimes conspirações.
Nós temos nossas obrigações.
E fachadas para deixar como sempre foram.
É lindo! É lindo!
Mas eu dispenso.
E coloco palavras mais sensatas na minha boca.
São palavras de silêncio
E de silêncio e nada mais.
Vamos jogar cartas e pegar o ás.
Não há versos maiores que o riso.
O que eu aviso.
O que eu preciso.
São como digitais.
E quando acabar essa história.
Mande os originais.
É agora! É agora!
Senti o perfume.
Que meu tom assume.
Acenda o lume.
O fogo as vezes esfria.
E não há lembrança.
Nada é igual ao que é igual.
E é até menos mal.
Páginas, linhas, versos.
Na verdade nem eu mesmo sei.
Medo! Medo! Medo!
Nada é o que se pensa.
Nenhum crime compensa.
Encha a dispensa.
A morte não avisa.
E nem precisa.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Triste Pintura


São mil cores.
São nenhuma.
E na imobilidade andarilha choremos.
Respiro o ar mas me sufoca.
São dias, senhor, dias, muitos dias.
Em que nada previsto aconteceu.
E o menino pintou retratos.
Sem tintas mas águas.
E será seu mestre sempre.
É um poço, senhor, é um poço.
E o céu não é mais ar.
Mas água e sombra.
Cores do fogo em quais lápis.
Esdrúxulas, insólitas, anômalas mas lindas.
Formas certeiras ingenuamente colocadas.
É uma brisa, senhor, é uma brisa.
São riscos dentro e fora do papel.
É o galope de um bicho qualquer.
O bicho das nuvens, os bichos das nuvens.
Tantos eles. Tantos serem.
É a mágica do cotidiano desnudo.
É o cego. É o surdo. É o mudo.
As vezes sim. As vezes não.
Ao lado. Do lado.
Em cima ou embaixo.
Sem nenhuma certa direção.
Como eu em tensos dias.
É a fome. É o nome. É o homem.
Peço perdão sem nunca ter.
E nesta volta em muitos graus.
Ponto único no papel.
Não há nada, não há nada.
Mas torcemos que lá esteja.
É o fato. É à jato. Campeonato.
A tela, a novela e a cerveja.
E tudo que seu mestre mandar?
Faremos todos!
E se não fizermos?
Levaremos bolo!
O quadro verde é negro.
A pena alheia é santa.
Os riscos são vivos ou mórbidos.
E separando dá nada.
E os anjos riem um bocado.
E as palavras conspiram.
Me dê cá outras cores.
Conheço todas e quero quase.
Não se faça de rogado.
Beijos e beijos e beijos.
Para a última refeição do condenado.
Depois cigarro e rir de tudo.
Quando muito nome de rua.
É minha mas pode ser sua.
É nova mas pode ir a prova.
É velho mas nele me espelho.
São pipas num ar esquecível.
É medo de bacurau.
É jornal. É mural.
Se sangra faz menos mal.
Se ri faz menos dano.
É humano! É humano!
Corre. Está fora do plano.
É simples. É livre.
Cuidado. O rei inda vive.
Não tive. Não tive.
Eu sei fazer muitas rimas.
Eu sei fazer muitos versos.
Perversos, inversos.
E os pés estão sempre na areia.
Não leia. Não creia.
Botaram fogo na aldeia.
Era noite de lua cheia.
E meia. Bambeia.
É a foto. É a moto.
Eu lembro mas nem noto.
São mil cores.
São nenhuma.
Canetas e novidades.
Rabiscos e à vontade.
Desenhos da bela tarde.
Os mortos estão de pé.
E ainda tem a maré.
E ainda tem o cuidado.
E ainda tem o coitado.
No final é culpado.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Ritual de Celebração


Um espaço infinito na memória. Um silêncio ou um grito pra contar a história. E meu peito aflito nesta vida inglória. Eu faço rituais. Faço bem mais. Não tenho paz. Os tambores tocam. Os conceitos chocam. Preconceitos se colocam. Um espaço comprido na história. Um abraço apertado e o embora. E cada segundo passado é uma hora. Eu faço rituais. Faço bem mais. Não tenho paz. O gan grita. A festa é bonita. O peito palpita. 

terça-feira, 22 de maio de 2012

Desenho Animado


Eram manhãs desejadas e tardes não-pedidas. Fora as noites impossíveis e esperadas. Ontem, mas ontem tão grande e tão profundo, com a mesma cara de hoje, amanhã e sempre. A cabeça rodava, o peito batia qual máquina que agoniza, mas não pára. E as imagens em preto-e-branca surgiam uma a uma. Eu nunca estive lá, mas estava. Eu nunca fui feliz, mas sempre era. São imagens de um poço profundo com águas claras. São imagens medíocres de um tempo que pode ter valido viver. Na dúvida, brindemos a vida e a morte conjuntamente. E nunca esqueçamos de escolher palavras certas, mesmo quando seja para nos calarmos. Não foi culpa de ninguém, muito menos foi minha. As coisas simplesmente acontecem. E a decisão escolhida sempre será a errada. Quem chorou e quem fez chorar, ambos vítimas, um de dor e outro de remorso. Não há uma moeda só, mas muitas nos bolsos. E em cada uma delas, uma máscara nova que não conhecemos. Tudo agoniza, mas tudo sorri. E entre as frestas de fechadas janelas, o sol ainda invade. E os grãos de poeira ainda brilham. O tempo come tudo, mas as lembranças às vezes se escondem e são poupadas. Mesmo sem retornar, lá estão. Os super-heróis nunca mentem. E eles virão ao nosso encontro um dia. 

Poema Sem Noção


Quero que o meu poema, o nosso poema seja sem noção.
Quero seja sem vício, desde o início sem direção.
Que seja bem caprichado, certo ou errado, mas sem razão.
Que entre nas entranhas, febres tamanhas, o meu sezão.
Um poema louco, quase barroco, de enfeitação.
Com letras escravas, quase palavras ou explosão.
Que seja sem medo, que tenha enredo ou não.
Que seja espada, que seja estrada ou canção.
Não seja perfeito, tenha defeito de estação.
Que você minha amiga, me pare e diga: Tá louco então!
De assuntos fora de pauta, que faça falta a razão.
Um filho cego, que não renego, no coração.

Quero que o meu poema, o nosso poema seja sem noção.

Quero que seja um sortilégio, desde o colégio uma aflição.
Que seja bem caprichado, torto ou de lado, mas com decisão.
Que saia das cavernas, penas eternas, eis a questão.
Um poema louco, morrendo aos poucos, minha paixão.
De mãos escravas, que quando lavra, traz meu quinhão.
Que venha cedo, espante o medo do meu verão.
Que seja nada, boca calada ou multidão.
Não fale em defeito, tudo é perfeito, é criação.
Que você meu amigo, cante comigo nova canção.
Com mortos fora da cova, fazendo a nova revolução.
Um filho cego, que me apego, sem explicação.

Quero um poema, só isso...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Memória em 3D


Não sou homem do meu tempo
Sou atemporal
E todos as coisas que vivi
Um carnaval
E quantas vezes eu morri
Mas não faz mal
E muita coisa já mudou
Etecétera e tal
E ainda há uma disputa
E é pau a pau
Entre o que eu quero
E o que é geral
E se a perigo na esquina
Há no quintal
E em toda sala de jantar
Um lamaçal
E todo amor que conheço
Vai muito down
E toda velha foto é dor
Em último grau

Não vou ligar presse tempo
Nem temporal
E todas coisas que sofri
São carnaval
E quantas vezes eu corri
Passando mal
E muito já se levou
Etecétera e tal
Dias de perda sem luta
Meu bem meu mal
É tudo que eu espero
E é geral
Começa e aqui termina
Com pá de cal
E em todo orgulho cego
Tem seu local
E todo amor que mereço
Não deu sinal
E toda velha foto é dor
Em último grau...

domingo, 20 de maio de 2012

Mais Um Luto


Mais um luto em cada dia. Como um pássaro de pernas pro ar no fundo da gaiola. As asas bateram, o fôlego foi quase que perdido, mas não se foi um lugar algum. Metal. Grades e correntes que prendiam o corpo, mas nunca o sonho...
Aprendam isso, senhores. A liberdade é um quimera terrível, mas real. Ela se coloca em nossa defesa, mas nós a ignoramos sempre e sempre. Aprendam isso, senhores. Nenhuma ambição nos mata a alma e antes fosse. Porque - por mais que morramos - a imortalidade nos persegue em cada vacilante passo. Aprendam isso, meus caros amigos. Os seus cinco sentidos, por mais que o castiguem, são bons companheiros como quaisquer outros. Eles não têm culpa de guardar aquilo que nunca mais irá embora nem por instante sequer. O esquecimento é uma balela e Freud soube se deliciar de tudo o que temos. Aprendam finalmente, nada é destruído, nada some, é impressão. Mesmo sem cinzas, tudo está aqui perto, bem mais perto do que imaginamos...

Traços Indeléveis


Big bang. Bang bang. Sol e sangue. Mar e mangue. E todos que juntas ficam, mesmo quando separadas. Quem destas linhas ler e sofrer e sonhar e chorar há de um dia compreender. Os sublimes gostos que foram embora, que saíram da porta pra fora. E ainda assim continuam, fantasmas vivos de um inexplicável enredo. A casa vazia. A mesa fria. A alma vadia. E quem diria? Nada nos ataca mais que a própria ausência. Nada nos incomoda mais que o espinho que viveu na carne e agora a deixou. Somos a dor em si mesmo, a incompreensão máxima de um enigma forçado em se esconder sob o sol. Eis o culpado. Eis o errado. Eis o manchado. Imaculavelmente branco e sem pecado algum. Porque os pecados são bombas que nasceram sem saber onde cairiam. Nossos pecados, sempre nossos, mesmo quando alguém nos chama para esta festa. O tempo passa. Cheio de fumaça. Quem perdeu a graça. Não há de achá-la em canto algum, mas o riso se atrasará de sair da boca. E nossa sentença será lida sem problema algum. Não há mais desculpa. Sem medo ou culpa. Pedras na catapulta. Foram lançadas na nossa fortaleza, frágil, indefesa, ao mesmo tempo fera e presa. Big bang. Bang bang. Sol e sangue. Mar e mangue. Indelevelmente gravados onde eu não sei...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

É Ela


É ela
Que vem pela passarela
Insana e bela
Ou será que não?

É ela
Que quebra os carros
Acende cigarros
E sempre acena pra multidão

É ela
Que não tem limite
Minha Lilith
Da nova estação

É ela
Que nos tira o nexo
Que nos força o sexo
Que é tudo de "bão"

É ela
Que lê meu futuro
Que será obscuro
Vai ser escuridão

É ela
Que me alimenta
De brisa e tormenta
Eis a questão

É ela
Que faz o círculo
Quebra o ridículo
Com sua mão

É ela
Que faz bordado
Que faz certo ou errado
Desta estação

É ela
Que faz a ginga
Prece e mandinga
No seu plantão

É ela
Que faz novela
Que se faz bela
Ou será que não?

domingo, 6 de maio de 2012

A Primeira Manhã


A primeira manhã
Não era nada
No triste afã
Da coisa errada

Era triste
Mas era sim
Como um sol
Morrendo em mim

A primeira manhã
Teve seus versos
Tentativa vã
Sonhos dispersos

Era triste
Mas era assim
Como um sol
Queimando em mim

A primeira manhã
Não era dia
E eu era fã
Desta folia

Era triste
Mas era não era fim
Estavas nascendo
Dentro de mim...

Faça o Favor


Não me diga! Faça o favor! Há besteiras que se pode dizer e outras não. Fale a vontade, fale com vontade, o que quiser ou quase tudo. Minta para mim se necessário for, é normal, é comum, como contar estrelas ou achar que dragões feitos de nuvens existem e voam em suaves brinquedos. Mas não minta para ti mesmo...
Não diga que a noite foi boa, a brincadeira foi engraçada e o que trazes nos bolsos compra sonhos. Os sonhos nunca podem ser comprados, eles não são nossos, nós é que somos deles. Não diga que a noite foi boa, as luzes da noite foram feitas para ferir os olhos, seus cantos foram feitos para guardar perigos e o que trazes nos bolsos não são teus sonhos. Os sonhos nunca serão comprados e cada lágrima que choras por eles são por tua e risco. Não diga que a noite foi feliz, a bebida foi boa e o prazer foi completo. O prazer é uma serpente que guarda cada jardim e só protege quem não o toca, o resto é uma ilusão de óptica criado pelos piores demônios - os espelhos. Não diga que a noite foi ótima - é pior ainda - o teu sono nunca perdoará este ou aquele desatino e a inocência que pensas guardar é vítima de tua tortura.
Guarda isso: enquanto fugires do teu perseguidor, mais insistência ele terá em fazer seu trabalho. Ele cumprirá seu papel custe o que custar pois é a vítima que pagará por seus serviços prestados. Cedo ou tarde ele te matará e se for cruel, como alguns o são, te deixará vivo e ileso, medíocre e humano, à mercê do que querias e já não queres mais.
Não me diga! Faça o favor! Há besteiras que se deve dizer e outras não. Fale se tiver vontade, fale com vontade, o que quiser, pode ser tudo. Minta para mim se necessário achar, é consequência, tolice aceitável, como correr atrás de bolhas de sabão ou mirar através do vidro colorido do gude. Mas não minta para ti mesmo... Não diga que o dia vai ser bom, o corpo está quase descansado e o que trazes nos bolsos foi preço justo. Nada é justo, quando muito quase é, porque a distância entre vencidos e vencedores não pode ser medida com a régua.  Não diga que o dia trará alegres surpresas, os teus motivos são os mais corretos e que trazes nos bolsos o mundo todo. O teu mundo não está em ti e nunca estará, a felicidade passeia livre em lugares que não queres ir e em águas pouco profundas que não queres mergulhar.  Não dia que o dia te perdoará - é esse o maior engano - ninguém te condenou, ninguém te apontou o dedo, só tu mesmo o fizeste, dia por dia, hora por hora, momento por momento, numa insistência insana, sem par.
Guarda isso: enquanto não conheceres de perto teu perseguidor, mas cruel será seu trabalho. Ele te achará em todos os cantos e deixará que penses que escapa para tonar mais divertida sua perseguição. Cedo ou tarde ele se cansará dessa brincadeira de gato e rato. E os carinhos que te der doerão mais. E os beijos que te der queimarão teus lábios. E o prazer que te proporcionar tirará o resto do que te tens até o mais completo vazio. E verás então que até quando mandavas tu mesmo é que obedecia...

Tolas Marcas

Tatuados do Passado em fotos antigas (7)
Passo a passo
Espaço
Marcas no chão
Então...
Lágrimas no rosto
Desgosto
Um sorriso bobo
É o lobo!
E se vem o sono
Abandono
E quando há ensejo
Desejo
Mesmo sem saudade
Maldade
Quando veio a alegria
Um dia
Já era tarde
Covarde
Tudo que se escreve
Se deve
E tudo que se faz
Não mais
Espere aí sentado
Calado
E leia o jornal
Menos mal

Passo a passo
Fracasso
Marcas no chão
Em vão...
Lágrimas de agosto
Deposto
Um sorriso de roubo
Arroubo!
E se tem um dono
É o sono
E quando há um beijo
Ensejo
Mesmo sem realidade
Verdade
Quando veio a folia
Já dormia
Já que o peito arde
Alarde
Tudo que se escreve
Se deve
E tudo que se é capaz
Sem paz
Espere aí armado
Preparado
E virá o Carnaval
Tão normal 

Come Na Cuia

Comê na cuia Comê na tuia Comê na nuia Experimente o berimbau catreiro Em todas as noites de pé de sapo! Paca tatu Paca tutu Paca Dudu Apert...