sei que as minhas tristezas
não são conhecidas
pois a maioria não é
(ou pelo menos finge)
meu choro não importa
quando muitos sorriem
essa é a lei da selva
(as pessoas são apáticas)
sobrevivência e satisfação
de suas necessidades
mais básicas e supérfluas
(é a palavra de ordem)...
sou como um deus falido
num canto esquecido
que não tem mais fieis
cujas preces não têm sentido
um deus enfraquecido
ficaram dedos foram anéis...
a fome não é preocupante
quando não é a nossa
vamos rir das mesas cheias
(o que sobrou vá ao lixo)
as guerras não nos atingem
não caem bombas sobre nós
nossas cidades estão ilesas
(matem crianças estrangeiras)
a mentira não incomoda
levamos vantagem em tudo
não há regras para cumprir
(desde que sejamos campeões)...
sou como um deus malvado
num canto não lembrado
que não recebe mais oferenda
que sempre fez tudo errado
que por si mesmo foi cegado
por que tirar a venda?...
(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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