terça-feira, 30 de abril de 2019

Emérita Contenda Entre O Nada e O Tudo

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Insistente paixão de trombetas sem juízo afinal e afinal as contas já estão saldadas. Saldos e soldados em batalhões de metálicas brilhos assim e assim. Eu não tenho mais o que falar à não ser enigmas como os que ainda não descobri.
É tão sono burguês esse que trago em mim como os tons de laranja que ainda me faltam. Não sei mais nada. E se soubesse calaria minha boca em alto e bom som. Tenhamos bastante cuidado em cuidar de alguma coisa. Correntes estão em liquidação.
Tomei um susto dia desses. Não era minha intenção dizer algo inédito e com algum sentido. Só as tolices triunfam na mídia atual. Façamos por desconhecimento de causa. Aquilo que nos agrada deve ser afastado para bem longe. Confissões sinceras devem ser evitadas assim como todo o resto.
Somos números, alguns numerais, isso sim. E nas marcas do tempo não existiremos mais. Por que? Nem imaginamos o tempo gasto, o espaço ocupado, mais nada possivelmente. Fomos humanos, claro, humanos tolos ou tolos humanos, se assim preferirmos.
Ontem mesmo eu vi uma montanha, mas minha preguiça era bem maior que ela. Eu vi uma nuvem, mas preferi esquece-la porque era bonita. Assim são as coisas. Um espelho quebrado parou de incomodar, pelo menos por enquanto.
A louca anda catando papéis e outros objetos inúteis que encontra por aí e seu riso lembra muito o nosso. Objetos, abjetos, dependendo de quantos idiomas sabemos não falar. Tudo é tão claro como a noite sem luas e sem estrela. 
Os conflitos mundiais merecem nossos aplausos. E ursos polares já se encontram à venda em renomados pets shops. O sonho acordou em pânico e reinventou uma reinvenção qualquer. Tirem isso daqui! A sensatez incomoda aos fracos e é aquilo que somos. Coloque alguns niqueis em meu chapéu e tudo estará bem.
Uma banda toca na praça velhos fracassos do passado. Os músicos não sabem as notas e isso pouco importa ninguém nota mesmo. Todo errado agora tem seu lugar na prateleira. Não choverá tão cedo até a próxima vez.

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Morro Porque

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Morro porque vivo mais
Porque o amor me deixa assim
Vivo em silêncio feito um jardim
Que ainda resiste sob temporais

Morro porque inda resisto
Como pedra rolando a ribanceira
Insistente amor - grande besteira
Estou aqui contudo não existo

Morro porque passou depressa
Todo aquele tempo que não queria
Só há saudade e ora quem diria
Esta não tem nenhuma pressa

Morro porque vivo mais
Porque o amor me deixa assim
Vivo sem saber se existe em mim
Algum abrigo pr'esses temporais...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Teoria da Palavra

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Palavras o vento leva, mas algumas vezes voltam...
Palavras doces como o mel, como o sorriso de algumas flores por aí que demoram mais à morrer do que muitas outras. Palavras afetuosas, que entram na nossa vida como quem entra no quarto e não quer nos acordar. Palavras que amenizam machucados, que curam tempestades, que abrandam tempos que correm por aí. Primeiras palavras de primeiro amor, sem segundas e nem terceiras intenções. Palavras que acendem a lâmpada, que arrumam o quarto espantando a solidão, que sorriem para histórias bonitas. Palavras dos deuses, palavras dos anjos, palavras dos sonhos mais queridos. Palavras de mãe, palavras de pai, de irmão, de amigo. Palavras de todas as cores tão bonitas, de sons que penetram no fundo d'alma e de lá não mais saem. Palavras de pássaros, começo e sinal da manhã. Palavras de bicho, pureza de riachos que correm. Palavras que sempre queremos, palavras que nunca nos cansamos, por mais que estejamos assim cansados...
Palavras o vento leva, mas algumas vezes voltam...
Palavras amargas mais que fel, com o cinismo dos malvados que continuam a quebrar coisas e destruir tudo o que temos. Palavras ofensivas, que quebram nossos brinquedos e que desconhece o quanto nos custo obtê-los. Palavras que ferem, que magoam, que destroem o silêncio das reflexões. Palavras de ódio, cínicas esperando o momento do bote da serpente. Palavras que trazem escuridão, que desarrumam a vida trazendo a inconsequência, que fazem chorar entristecendo. Palavras de demônios, de assombrações, de pesadelos indesejados. Palavras de inimigo, palavra de rival, de quem contenda sem motivo algum. Palavras de um cinza mais que morto, de ruídos que nos atrapalham a mente, que viciam pela insistência e nunca mais saem. Palavras de aves noturnas de mau agouro, becos no meio da noite. Palavras de malvados, dos que não conhecem a compaixão. Palavras que não queremos, que podem ser esquecidas, mas nem sempre são...
Palavras o vento leva, mas algumas vezes voltam...

(Extraído do livro "Teoria do Medo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Pequenas Chuvas

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Pequenas chuvas 
de dia anterior
e coros de bem-te-vis
que cumprem seus horários
Acabo de acordo
com ares de ontem
e com um pedaço da noite
ainda dentro de mim...

Ainda não sei
quais surpresas comuns
farão parte desse
meu desespero rotineiro
Talvez hoje
algum sonho venha
sem querer avisar
e traga algum sorriso...

O inevitável já foi assinado
numa eterna dúvida
que ora nos aflige
ora também nos consola
O mais importar 
é ainda viver algo
como se fosse o último
mas na verdade pode ser...

Pequenas chuvas
de talvez venham
e coros de bem-te-vis
um tanto debochados
Estão rindo e rindo
de tudo aquilo
que ontem queríamos
mas não dá para mais...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Poesia Gráfica II


D E S E S P E R A R
          E S P E R A R
                 P E R A R
                     E R A

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N O R M A L M E N T E
N O R M A L
                      M E N T E
N O     M A L M E N T E

E S T O U E S P E R A N D O
                   A F L O R
E S T O U S O F R E N DO
                   D E D O R

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A F U M A Ç A V A I S U B I N D O
A E S T R E L A V A I C A I N D O
C O N T O A L G U M A S L E T R AS
S E R Á Q U E E S T O U D O R M I N...

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A M O R M A L D I T O
A M O R M A R
A M O R D I T O
A M O R 

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Poesia Gráfica I


A P O E S I A A C A B O U
A P O E S I A C A B O U
A P O E S I A C A B O
A P O E S I A . . .

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G R A N D E C I D A D E
M E N D I C A N C I D A D E
L O U Q U A C I D A D E
C O M I C I D A D E
V E R A C I D A D E

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A M O R D O R
A M O R D I D A
A M O R D O R
S E M E D I D A

...............................................................................................................

E U E N Ó S
E U E S Ó S
EU E N Ó S
EU E V O Z

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C A D A Á G U A
C A D A M Á G O A
C A D A Á G O A
C A D A M Á G U A

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Que Eu Mesmo Seja

Resultado de imagem para menino na beira do mar
Que a minha loucura seja
a mais sã possível de todas
e que eu não pare de sonhar
mesmo quando pesadelos se aproximem...
E que eu não pare de querer
até quando o impossível salta aos olhos...

Que a minha paciência seja
da idade de todas as pedras
e que eu possa assim levá-la
até no meio de tantos espinhos existentes...
As lágrimas pertencem aos dias
mas todos os dias um dia vão passar...

Que a minha calma seja
como a insistência das águas
grandes águas vão correndo
pois um dia qualquer encontrarão o mar...
Todas as águas tornam-se uma
e finalmente sobem aos céus...

Que a minha fantasia seja
maior que minha própria vida
que conduza a todos os cantos
para voar sempre por entre todas as nuvens...
Mesmo sem ter mais asas
eu sei que conseguirei ir...

Que a minha ternura seja
totalmente exagerada se puder
que alcance todos seres e coisas
e que ela não possa escapar d'entre os dedos...
Ela será minha bagagem
quando enfim eu partir...

Que a minha compaixão seja
aquela q talvez um dia me faltou
e que ainda tristemente falta
no coração da maioria de toda humanidade...
Pois só ela e ela mesma
poderá salvar todos nós...

Que o meu amor seja
o suficiente para me machucar
porque as feridas do amor diferem
e a sua dor traz a maior das felicidades...
Sem amor até a alma morre
E com ele a vida se eterniza...

Que eu mesmo seja...

sábado, 27 de abril de 2019

Teoria da Dúvida

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O que queremos, o que não queremos. E nossos corações fazem um descompasso em coro sem saber quais caminhos seguiremos. E o suor corre em nossos rostos mesmo em tempos mais frios do que este. Tudo é tão simples e essa simplicidade nos aflige bem mais.
A linha se enrolou em infinitos nós e esses nós somos nós...
Não somos tão malvados como parecemos e a maioria de nossas maldades foi apenas um acidente de percurso. Nossa tolice acaba preenchendo nossas lacunas vazias. Isso é culpa dos dias que nos enchem de vontades desnecessárias.
O enigma foi lançado e nossa mente não percebeu...
Rimos sem saber aos montes e nem percebemos que somos o alvo das anedotas que contam. Rimos juntos aos nossos algozes, rimos de nossas feridas e fraquezas, rimos muito, mesmo sem achar qualquer graça.
Eis-nos aqui - somos os bobos da corte...
O que queremos, o que não queremos. Andarmos ou não, com caminho ou em nenhum deles. Controlados mais por palavras do que por ações, por idéias do que por gestos. Sem nenhum motivo aparente para viver e morrer, muito menos ainda. Vírgulas e pontos é o que temos. Estamos vestidos e sempre estaremos nus.
A última moda é sempre a primeira...
Somos fãs dos espelhos, mas desconhecemos nossa imagem real. As águas de Narciso são o nosso mais querido veneno. Sempre esquecemos de fazer as contas. Cada engano recebe nossas boas-vindas. Quanto mais a boca nossas reclamações são mais insinceras. 
Nossos leões dormem profundos sonos...
Sempre escolheremos o que mais nos desagrada. Gostamos mais de espinhos do que de rosas. A tolice pode até nos ajudar de vez em quando. Um galo canta e todos repetem. Papagaios nem sempre acabam usando verde. Algumas serpentes gostam de morar em jardins.
Em caso de incêndio quebre o vidro...
Pensar acarreta diversos problemas técnicos. Cada surpresa é um projétil galopando no escuro. Mentiras são recíprocas. Os desafetos sabem cumprir muito bem seu papel. Precisamos de comoções quase em todos os horários disponíveis. Tanto faz em ritmo de jazz ou samba, quem sabe algum maxixe também cairia bem.
Labirintos são apenas caminhos como outros...
Tudo o que podemos afirmar nos provoca convulsões definitivas. Há uma só resposta para infindáveis perguntas. Infelizmente estamos em off na hora propícia. Basta apenas uma aflição para que as cartas desabem. Quebrarmos ídolos é um divertimento como outro qualquer.
Em caso de dúvida, chore...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Live

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Living being
Be alive
Two different things

Human being
Simply live
Two complicated things

I'm going on a road crying
I'm still dreaming
What is the reason for this?

(Excerpted from the book "Many Days Have Passed" by Carlinhos de Almeida).

Vagabond Poem

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I, who bring in me all the sadness of the world ...
I, who do not know any joy ...
I, who cry all loves I have not had ...

Take pity on me,
Take me far away,
Other place, other lands, other countries
Where there is so much evil ...

Let me make my verses,
Let me sing my song,
Remove these chains
How much they have already hurt me!

I wait for the sidewalks another day ...
For I am only a perpetual tramp ...

(Excerpted from the book "Many Days Have Passed" by Carlinhos de Almeida).

sexta-feira, 26 de abril de 2019

March of Time

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The weather will ...
Time passes ...
Counting your steps like an old man ...
Where he goes?
We never know
And gradually
We will all ...

The weather will ...
Have no mercy ...
Counting coins like a miser ...
How many do they have?
We never know
And gradually
We all cried ...

The weather will ...
Hurry up ...
It takes all our dreams ...
For a bigger dream?
Maybe yes
Maybe not
Because death is also a dream ...

(Excerpted from the book "Many Days Have Passed" by Carlinhos de Almeida).

Blue girl

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Not your eyes
But your dress
They are the color of my sky ...

No my love
But my life
Made just of crying ...

Not my day
Because time has passed
Without seeing anything else ...

Why despair?
The shadows of the night
They come to cover me ...

So I'm going to sleep...

(Excerpted from the book "Many Days Have Passed" by Carlinhos de Almeida).

Bala

bala perdida,
bala achada,
acabou a vida,
mais nada...

o que temos para hoje, sem amanhã,
o sangue no asfalto,
as mãos para o alto,
morte, acabei virando o teu fã...

eu fico procurando aí pelos dos jornais,
esse é o meu país,
é o que deixa feliz,
poder me abrigar destes temporais...

a culpa nunca foi e nunca será minha,
a culpa é sua,
a culpa é da rua,
a violência agora é nossa rainha...

o trabalhador indo para o trabalho,
o menino no sinal,
a cada dia seu mal,
a plantação sem o espantalho...

o negro porque é essa a sua raça,
o pobre por não ter,
é privilégio viver,
quando não é só por pirraça...

a arma está na mão do cão,
o cão está para trás,
deu-se um tiro na paz,
o irmão matou o seu irmão...

bala perdida,
bala achada,
talvez a vida
desesperada...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Eu Não Morri

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Eu não morri, certamente, não morri. Eu posso até essa centena de cacos de vidro espalhados agora por esse chão sujo. Sim, eu era o vidro que refletia o sol das manhãs em um tempo muito antigo, tão antigo que não posso lhe dizer. Um tempo em que as coisas eram tão diferentes e, apesar de ser um menino mau, a inocência ainda teimava em permanecer dentro de mim...
Eu não morri, insolitamente, não morri. A bala passou raspando, a febre quase me levou pro outro lado, mas as coisas que conspiraram contra mim também foram embora. A lâmina perdeu o corte antes de passar em minha garganta e o rio de minhas veias ainda continua intacto com sua corrente contínua e nervosa. Tudo tem sua vez e acredito que ainda verei muitos dias tristes...
Eu não morri, admiravelmente, não morri. Fechei os olhos na escuridão do meu quarto, pedi que um sono eterno viesse logo, que fosse um sono pesado como aqueles que não se lembra de mais nada. Mas eis que uma claridade invadiu a janela e antes que eu pudesse reclamar de algum frio, meu rosto já tinha esquentado...
Eu não morri, lamentavelmente, não morri. Como morrem todas as flores, como secam todas as folhas, como murcham todas as ervas e os pássaros sob o julgo dos passarinheiros. E continuei livre num mundo sem liberdade, acreditando em todas as mentiras da esperança, no engano de todos os homens maus que afligem os seres e as coisas...
Eu não morri, indiscretamente, não morri. Mesmo quando tentei não rir, aí que eu ri mais alto; quando evitar as minhas lágrimas de ternura, aí que elas doeram mais ainda; quando tentei fugir, os meus pés ficaram parados esperando toda a fatalidade dos meus erros que traçaram meu pobre destino. Mesmo sendo um fraco, ainda luto. E mesmo sendo um tolo, ainda penso...
Eu não morri, incrivelmente, não morri. Deve ter sido pela força do hábito, morremos sempre, morremos muito e, por isso, acabamos nos acostumando com tal coisa. Desde o tempo que os anjos caíram do Paraíso, do tempo em que o primeiro fruto foi mordido, o primeiro pecado executado e todas as coisas acabaram dando no que deu...
Eu não morri, tristemente, não morri. Depois que aconteceu o primeiro drama, a primeira trama arquitetada para nos ferir, para que perdêssemos o rumo e vagássemos por estas vielas escuras procurando algum sentido para estarmos aqui, porque estamos aqui e de onde viemos, perguntas não respondidas até o dia de hoje...
Eu não morri, certamente não morri. Em dias de céu, dias de chuva ou de céus nublados, ainda continuo por aí... 

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Telhado Sem Giz

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Telhado sem giz
Medo de cair da escada
Se um dia fui feliz
É lembrança acabada...

É a chuva que cai
Tudo que existe dissolve
É uma dor sem um ai
E no final tudo se dissolve...

Páginas em branco
Letras que foram descoloridas
Não há um riso franco
Só muitas caras fingidas...

Chão de poeira
Não há como mais pisar
E a maior besteira
Foi um dia eu te amar...

Camisa suja enfim
O sangue parece batom
E agora até o fim
Me parece que é bom...

Telhado sem giz
Medo da morte esperada
Tudo na vida é um triz
Até esse meu nada...


(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Ainda Modernos

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Somos ainda modernos
tal qual dois dias atrás
já fizemos nossos infernos
tem vaga pra Satanás

maleita malfeita me espreita me deita
me ama me chama eu quero um programa
na hora agora demora qu'eu vou embora
sou mau sou tal qualquer um cara-de-pau

somos ainda perfeccionistas
tal qual qualquer um errado
aqui do mundo meros turistas
e o nosso pau tá quebrado

insana humana bacana putinha de Copacabana
me taca me ataca eu sou apenas mais um babaca
cachaça pirraça na raça se choro a vista embaça
sem problema sem esquema não há mais poema

somos ainda bons os tais
nessa vida cheia de morte
nossas festas são funerais
chegue logo dê seu corte

eu sou não sou não vai não vou quem cai amou
bonito aflito maldito apenas o voo de mosquito
espera esfera quem dera pulamos na boca da fera
são brilhos são filhos empecilhos tudo fora dos trilhos

somos ainda vã tecnologia
rezamos apenas por costume
sai pra lá Ave Maria
me enjoa o cheiro do perfume

eu taco não taco ataco essa vida é mesmo um saco
sem véu sem mel ao léu quem é que vai pro céu
estrada mancada escada a canoa já está furada
falido zunido contido nem sempre está cumprido

somos ainda modernos
tal qual dois anos atrás
já fizemos nossos infernos
ja tem vaga pra capataz...

(Extraído da obra "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

O Mesmo (Mamãe, Cuida de Mim)

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Mamãe, cuida de mim!
Não deixa eu envelhecer...
Não quero ser como flor de jardim
E simplesmente - morrer...

Eu quero meus brinquedos!
Todos brinquedos que perdi...
Até aqueles meus medos
Que ficaram - por aí...

Mamãe, cuida de mim!
Não deixa eu sofrer...
O mundo anda tão ruim
E eu não consigo - correr...

Me traz papai de volta!
Quero suas histórias engraçadas...
No nosso carro dar uma volta
Só quero isso - mais nada...

Mamãe, cuida de mim!
Não deixa a sorte me levar...
Eu sei que tudo tem seu fim
Mas estou cansado - de chorar...

Canta de novo pra dormir!
Canta aquela mesma canção...
De coisas daqui e dali
E que não demorará - o verão...

Mamãe, cuida de mim!
Não me deixa assim à mesmo...
Eu quer ser pequeninim
Quero ser ainda - o mesmo...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Última Nota

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Última nota
Tocada ou cantada
Depois meu silêncio
Mais nada...

A boca fechou
Os olhos também
Não sei se eu vou
Mais além...

O amor morreu
A saudade é cruel
A saudade cumpre
Seu papel...

Os pés cansados
As mãos tremem
Os risos de ontem
Agora gemem...

Últimos versos
Canção que te fiz
E eu me enganei
Pensando ser feliz...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Aperfumando

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Eu não sei donde vim e muito menos donde vou. Partida é limite. Pegue o barquim e joga nágua. Se ele vai, vai, se não foi, num foi. Há muitas viagens que nem se sai do lugar. Eu que o diga, seu bobo! O tempo cansa mais que o pé, o coração bate mais que a ripa. Duvida? Duvide, não... Quem se arrisca, risca e por aí é por aí. 
Cheguei num ponto que não há mais ponto que marque ponto. Tudo serve, mesmo não prestando. Desculpe a gramática errada. Falta um pouquito de tempo, meu compadre. A gente nem percebe que a nuvem passou. Adeus viola, nem uso mais boné, é chapéu mesmo. Vai encarar, ói qu'eu choro. Sou um cara sensível que nem pedra.
Viva o cambalião-rei! Nem você sabe, nem eu sei. É tudo engano, baby, tudo engano. A cor da chita é outra. Bola de gude é que é coisa séria. Pipa dá guerra. Jogo de bola é carnaval. É só parar de ser cego. Eu consegui meia pataca disso. Só ligo pra coisa pequena, coisona é desperdiço, pode gravar. 
Se for pro café, paro tudo. Se for por fé, quase sempre. Se for por bibóia, esqueça, nêgo véio. Minha bunda vale muito. Agora se corre perigo dia sim, outro também. Jacinto já não sente mais nada. Minha cuca não enche de alpiste faz tempo. Pareço passarim sem asa, tadim. Nem crucreio mais.
O telefone tocou. Atendo ou não? Nem pera e nem feira. A moça bonita me irrita, mas é só fita. Quanto mais quieto se faz barulho, pense nisso. Mas tenha cuidado, tudo tem buraco pra cair. Viola e mão, todo mundo tão. Quase tive um treco por conta do eco. É desfile de moda, é foda. Cartolina baratinha.
Eu quase que me esfrego, não nego, foi por conta do meu ego, é cego. É tudo macaco sem imitação! Pelo menos se tivesse, ia... Mas fazer o quê? A galinha pedrês e o galo maltês só vêm uma vez por mês. Cadê o toucinho daqui? O gato lambeu. Deve ter sido mero costume. Pois nem mero nem quero, demora que eu espero.
Aliás, sou um cidadão deveras paciente. Nasci careca e sem dentes, tou quase repetindo a dose. Olha o macarrão no palito! Olha a sopa na brasa! Sai pra lá carrego do coringa! Quer carteado? Vai no sobrado, seu pé-rachado! 
Minha febre passou dos limites, agora tá em outra cidade. É bom pra ela, mió pra mim. O mio no mio é bom? Sei cá! O patoca não entende patavina do que eu escrevo, se nego, não devo. Nem tenho culpa de não ter mais culpa, Asdrubal Sinforózio é quem disse. Disse tá dito, mosquinha e mosquito. É cada biboca, meu bom! Até valentão faz caroço...
Vem! Vem! Vem! Vem ver a merda que tu fez! Merda por merda, me dá uma aí. De colar e azulada, coisa de madame. A joaninha pousou na casa de mãe-joana, errou de endereço. Um pingado é um pingado, se não fosse pingado, não seria pingado. È um troço bem grande, bebeco rasteiro. Nem me lembre se já esqueci. Bate bumbo, safado! 
Um dia é da caça, outro da massa. Assopra que passa. Ai, carago. Traste é a puta que lhes pariu! Com todo respeito... Varre, varre senão faz poeira. Pode ir catando tudo, Zé Cocudo. Se precisar, não ajudo. Faço questão de não fazer questão. Enfeite é só de leite. 
Quem leu e entendeu, explica pra eu...

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

domingo, 21 de abril de 2019

Quase Sempre

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Era uma manhã como uma manhã qualquer
Dessas que faremos tudo e nada fazemos
Em que moscas são como batalhões celestes
E se a morte vem chegando nem nós vemos

Os passantes passando é pressa pelas ruas
Só existem agora novos corações de lata
O valor que temos é aquele que não damos
É ainda uma obsessão ser mais que primata

Mas o freio do automóvel acabou falhando
Todas as nossas necessidades tem seu nome
E toda a nossa cara metafísica assim resume
O medo e a dor e a tristeza e a sede e a fome

Quanto mais subimos na montanha descemos
Não há mais caverna que possa nos abrigar
É sempre aquela mais eterna e cruel dúvida
Se ainda vivemos ou se queremos nos matar

E o vento continua embriagado bem lá fora
Quase sempre estamos entre o sim e o não
Eu queria que esse dia assim logo passasse
E pudesse enfim caminhar nessa escuridão...

sexta-feira, 19 de abril de 2019

A Lembrança

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Alguns mortos
devemos guardá-los
outros nem tanto
Mas de qualquer forma
tudo fere
e tudo dói
Dias que passaram
gente que partiu
brinquedos quebrados
E as dúvidas
nos incomodam
e incomodam sempre
Um minuto perdido
pergunta não feita
fantasia rasgada
O riso morreu
a boca fechou
o sono foi embora
O que somos?
aquilo que sobrou
talvez o pior
Aqui dum canto
vejo o mundo
não estou nele
Rios que correm
marés descendo
vento parando
A fogueira apagou
é tudo cinza
e cinza é o céu
Acendo o cigarro
a fumaça foge
e eu nem vou
Engulo a saliva
suspiro escondido
nada nos restou
Não fui o que era
não sou o que quero
serei meu engano
Eu tento andar
mas os meus passos
são passos de robô
Viciado em versos
são meu consolo
que não evita chorar
Escutem meu grito
no meio da noite
apenas de vagabundo
Alguns mortos
estão bem guardados
cartas para o amanhã...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Música Para Tolos

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Música para tolos é o que temos
Acordes dissonantes e febris
Letras que nós não compreendemos
Por esse mundo e em todos os Brasis!

Música para não parar para pensar
Pensar agora é elemento perigoso
Não pensar, não viver ou respirar
Agora é o nosso deleite, o nosso gozo!

Música para apenas ser repetida
Tal qual repete o velho gravador
Viva a droga, a comida e a bebida!
Abaixo o caretice do velho amor!

Música para se transformar em grana
Sem aquela incômoda consciência
Somente o novo agora é o bacana
Não queremos paz e sim a violência!

Música para não falar mais nada
Uma cova rasa sem nem paz profunda
Música insana, música "imusicada" 
De pouca cara e de muita bunda!

Que A Terra Lhe Seja Leve

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Que a terra lhe seja leve
Que a tristeza lhe seja breve...

Assim como uma noitada
Dessas que se passa por aí
Minha amada tão drogada
Tome cuidado pra não cair
Sei que você não vale nada
Nem tem mesmo pra onde ir...

Que a terra lhe seja leve
Qualquer buraco serve...

Somos todos mesmo negando
Aquilo que se chama humanos
E vivemos sempre nos enganando
Achando infalíveis nossos planos
Se vivemos todos os dias errando 
Vamos assim se desculpando...

Que a terra lhe seja leve
Quem teme também deve...


(Para J..., extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Pequena Chuva

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Pequena chuva que cai na minha vida
que cai por alguma instante
Pequena chuva que me faz até parar
que me atrapalha seguir adiante

Chuvinha que me atrapalha o sol
mergulhou das nuvens lá do alto
Eu não lhe esperava assim
tomando minha vida de assalto

Pequena chuva que me lembra uns dias
tantos dias que me fez chorar
Pequena chuva feito choro engolido
que atrapalhou até o meu cantar

Chuvinha malvada que fez uma coisinha
depois que riu então me abandonou
E só ficaram esses meus versos tristes
que veio logo e que logo passou...

Para Mim Todos Os Dias São Domingos

Por que você fez isso comigo?
Eu gostava tanto de estar em seu tempo
E não posso negar que muitas vezes fui feliz
Eu esperava ansioso os sábados 
Para fugir de certos fantasmas
E você para passear no parque
Como quem sonha feliz por estar acordado
Mas então me diga...
Por que você fez isso comigo?
Você foi o melhor dia de carnaval
Os aniversários que comemorei
E com certeza gostei e gostei tanto
Os são-joões cheios de frio
Em que eu me divertia procurando
Saber em que casa se esconderia o coelho
As praias cheias e de água tão limpinha
Em que eu fazia meus reinos pelas areias...
Mas me responda logo assim que puder...
Por que você fez isso comigo?
Eu não tive culpa de ser um menino triste
Não procurei abrir as portas para meus medos
Evitei até de achar meus sustos na escuridão
Não nasci para nascer feio nem bobo
Não procurei motivos para ser um covarde
Não escolhi ter os amores impossíveis
Estes mesmos amores que me fazem chorar até hoje
Não fui o autor das minhas malvadas paixões
Eu sou apenas mais um ser humano
Que vive errando quando tenta acertar
Até queria que todas as guerras se acabassem
Mas às vezes meu egoísmo acaba me calando
Abre loga essa porra dessa boca e fala...
Por que você fez isso comigo?
Eu não posso excluir você do meu calendário
Simplesmente disfarçar a sua existência
Apesar de que eu bem que queria conseguir isso
O tempo é que manda em nós sempre
E vai nos comendo devagar ou depressa demais
Como se fosse a vontade de um menino
Eu sei que um dia os meus dias não serão mais dias
Serão apenas mais uma eterna e solitária noite
Apesar dessa ser ainda uma grande dúvida
Mas isso é outro papo e é melhor deixar para outro dia
Pára de sacanagem e me responde essa pergunta...
Por que você fez isso comigo?
Eu não lhe prometi merda nenhuma
Todos vocês foram meus companheiros de loucura
Chorei em todos você talvez até mais que o normal
E também ri muitas vezes até sem motivo algum
Eu me lembro até de algumas bebedeiras minhas
Porque nunca fui um menino bem-comportado
Como contei pelos dedos as minhas ansiedades
Cada passeio acabou virando uma via-crucis
E muitas perguntas ainda continuam no ar
Como a fumaça daquele meu cigarro
Que acaba entrando em meus olhos
Eu não esperava que você fosse tão cruel
Não apenas uma vez mas duas para acabar comigo
Eu me lembro muito bem de tudo
E nem uma amnésia poderia me ajudar
Não quer me falar então esqueça...
Por que você fez isso comigo?
A pessoa que eu mais amei nessa vida
Morreu num domingo e foi sepultada no outro...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Tudo Aquilo Que Eu Não Fiz

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tudo aquilo que não fiz me traz mais saudade...
os versos que não escrevi
o amor que eu declarei
o caminho que não percorri
os planos que não planejei
as flores que não colhi
muitas coisas que nem mais sei...

tudo aquilo que não fiz me traz mais saudade...
a paixão que eu contive
as sãs loucuras que evitei
não deixar a minh'alma ser livre
a liberdade que não procurei
o grande risco que não tive
muitas coisas que nem mais sei...

tudo aquilo que não fiz me traz mais saudade...
as decisões que nunca decidi
os brinquedos que não ganhei
os abismos que não caí
as festas que não participei
o prazer de estar aqui e ali
muitas coisas que nem mais sei...

tudo aquilo que não fiz me traz mais saudade...
a saudade que eu nunca quis
alguns dias futuros que não verei
alguma chance ignorada de ser feliz
os castelos que nunca erguerei
o que perdi apenas por um triz
muitas coisas que nem mais sei...

muitas coisas que nem mais sei...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Tenho Pressa

Imagem relacionada
Tenho pressa:
De alcançar as nuvens macias
Para me afastar desse mundo malvado
Onde procuram-se tragédias sempre
E elas acontecem mesmo sem percebermos...

Tenho pressa:
De respirar as cores dos dias
Na dança que nunca pára nunca descansa
A grande dança de feita de viver
E sem se importa se a morte virá...

Tenho pressa:
De conhecer tudo aquilo ao alcance
Dos meus olhos mesmo que cansados
Dos meus pés mesmo que feridos
Pois o caminho foi feito para ser andado...

Tenho pressa:
De viver todos os amores possíveis
Que as histórias mais bonitas aconteçam 
Assim como todos os rios correm pro mar
E todas as fogueiras são acesas...

Tenho pressa:
De rir eu mesmo dessa minha cara engraçada
Lembrando das aventuras porque passei
Em dias que se tornaram mais que eternos
Mesmo sabendo que não voltarão mais...

Tenho pressa:
De ser ao mesmo tempo tantas e tantas pessoas
O bandido e o mocinho da mesma história
E poder dormir tranquilo em teu colo
Pois eu sei que não terei mais nenhum pesadelo...

Tenho pressa:
De gritar todas as nossas palavras de ordem
Fazendo finalmente a grande revolução da paz
Acabando de vez com estes velhos erros
E arranjando um novo sentido pra vida...

Tenho pressa...
Muita pressa...

terça-feira, 16 de abril de 2019

Onde Fica O Paraíso?

Resultado de imagem para inferno chines
a dúvida nos destrói sem matar...
eu vejo chamas numa fogueira inexistente
o xamã era um grande cara-de-pau
e e até hoje ele não se deu conta disso...

o medo se perdeu e aí foi o fim de tudo...
a tristeza pode ser uma sequência infinita
e funciona com o grau de loucura que temos
e se isso vale alguma vez a pena de existir...

a maldade não possui silêncio bastante...
na escuridão encontram-se muitas coisas
algumas nós mesmos criamos e outras não
depende tudo da vontade do freguês...

se voltasse faria tudo diferente...
não teria pena alguma de virar as costas
não falar mais nada sobre coisa alguma
seguindo passos diferentes daqueles...

mas as palavras estão gravadas...
como em pedras muito antigas dormindo
e nada nenhum dos anjos decaídos
tocaria sua trombeta no juízo final...

(Para Sérgio Marques Lima - in memorian - extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Ela Tem

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Ela tem dezoito anos
Mas já atravessou oceanos
Sabe há muito tempo voar
Tem medo dos perigos
Jovem com sonhos antigos
Já tentou se matar
Esqueça disso pequena
A mágoa só envenena
Temos muito que andar
Andar por aí à toa
Levar a dor numa boa
O coração deve aguentar
A morte não dá aviso
Traga de volta o sorriso
Não se deve guardar
Pois um sorriso guardado
É como um filho abortado
Como a net fora do ar
Esqueça os seus desenganos
Faça sempre novos planos
Um dia se vai acertar
Mesmo que o dia demore
Não tenha vergonha e chore
O choro pode ajudar
A chuva também é um choro
Com a terra eterno namoro
Que nunca vai se acabar
Capriche logo na foto
Se fizer careta nem noto
Quem sou eu pra reparar?
O importante é a alegria
Bom dia amiga bom dia
Meus versos bobos vou terminar...

(Para Andreia Melo, com todo o carinho do mundo).

Come Na Cuia

Comê na cuia Comê na tuia Comê na nuia Experimente o berimbau catreiro Em todas as noites de pé de sapo! Paca tatu Paca tutu Paca Dudu Apert...