sinto
não minto
é que nem labirinto
venha cá meu distinto
vamos tomar absinto
quem sabe esquecemos
por que nós vivemos
e tanto choro temos
porque sofremos
e então morremos
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o sangue
os pés
ao invés
tenham alma
muita calma
calma aí
"seus" coronéis
vai-se tudo
fica nada
vão os dedos e os anéis
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cadê aquele sorriso que nunca mais vi?
cadê aquela inocência que já foi embora?
agora já é tarde
a mais tardia de todas as horas
deito-me na mesma cama vazia
e olhando para a parede
fecho meus olhos para a vida
mas o sono teima em não chegar...
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cada manhã tem seu sangue
manhã e sangue
cada sonho tem sua nuvem
sonho e nuvem
cada barco tem seu mar
barco e mar
cada rua tem seu perigo
rua e perigo
só a alma dos solitários
não tem nem a si mesmo
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não sou um triste
eu sou todos eles
porque o poeta
quando faz seus versos
acaba colocando em si
a alma de todo mundo
não sou eu que sonha
sou todos os sonhos
porque o poeta
quando acaba amando
acaba colocando em si
a tristeza do absoluto vazio
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os meus versos não são rudes
a vida é que é
minhas palavras não são apenas sinceras
são apenas a verdade
eu retirei as cores do desenho
fiz um grande preto-e-branco
pedi ao sol
que desse licença à chuva
mesmo o tendo chamado
riscando no chão do quintal
não tenho mágoa de nada
o peito é que dói
o pensamento vai longe
em busca da esperança
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guarde para depois do depois
do depois do depois
a tua decepção
não fui eu que te induzi ao erro
nem fiz os abismos
que pulastes
não joguei água no fogo
fiz incêndio ao rio
o meu fogo era outro
era dos meus olhos
que maltratou as carnes
mas aqueceu a alma
guarde então...
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