segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Olhos do Sol


Olhos do sol pasmaceira
Eu fiz o futebol à minha maneira
Olhos do sol besteira
A menina bonita foi a primeira

Quando havia e não havia

Eu sabia rir e ria e ria e ria
Com meus lábios fechados
Estamos todos abandonados
Quando havia e não havia
Era manhã e dia e dia e dia
Os ares estão tão parados
Estamos todos abandonados

Olhos do sol festeira

Eu fiz o vendaval à minha maneira
Olhos do sol me queira
Ontem mesmo foi dia de feira

Quando cantava e não cantava

Eu sabia estar e tava e tava e tava
Com meus dias contados
Há cores em todos os lados
Quando cantava e não cantava
Era tarde e tardava e tardava e tardava
Os meus sonhos nunca chegados
Estamos todos largados

Olhos do sol canseira

Eu fiz o carnaval à minha maneira
Olhos do sol poeira
E tudo termina numa esteira...

Ainda Não


As feridas ainda não cicatrizaram
As retinas ainda estão trabalhando
As carpideiras ainda não choraram
Ainda não mas até quando?

A guerra ainda não estourou

Os meninos ainda estão brincando
O meu amor ainda não acabou
Ainda não mas até quando?

O pesadelo ainda não faz medo

O coração ainda está batucando
Ainda não me apontaram o dedo
Ainda não mas até quando?

A corrida ainda não terminou

Os menino ainda está brincando
Ele tem asas e ainda não voou
Ainda não mas até quando?

As feridas ainda não fecharam

A mente ainda está trabalhando
As carpideiras ainda não chegaram
Ainda não mas até quando?...

sábado, 28 de novembro de 2015

Você Tem


Você tem
Alguns minutos pra respirar
Ou alguém pra ficar no teu lugar
Ou tentar saber o que é amar

Tem todo tempo do mundo

Mesmo que seja um segundo...

Você tem

Apenas a sua humana condição
Sem poder ter alguma explicação
Como um carro na contramão

Tem todas as nuvens pra montar

Mas não sabe como se chega lá...

Você tem

Alguma maneira pra poder fugir
Ou certo equilíbrio pra não cair
Sabendo que o Inferno é logo ali

Tem todos motivos de gargalhar

Mas nenhum deles pra festejar...

Você tem

Muito pó pra comer nessa estrada
E ver que está no meio da palhaçada
E saber que não sabe de mais nada

Tem todos os versos deste poema

E tem toda culpa desse nosso esquema...

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O Poeta e O Pão

Receita de pão caseiro fácil para iniciantes - Amo Pão Caseiro
O poeta rabisca os versos
O pão risca o chão
São sentimentos diversos
E uma só atenção
A alma está cheia
Está vazia a mão
Os versos na veia
A boca é satisfação

O poeta chora amores

O pão passa a lição
São muitos os licores
Vai dar confusão
Vamos rir até chorar
Essa é a conclusão
O pão não saber amar
Mas tem seu tesão

O poeta está em tudo

O pão faz a lição
Na rima não fica mudo
O pão dita a estação
Vamos achar a poesia
Em tudo até no pão
E rir quem diria?
Até nossa exaustão...

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

The First Party ou Amoroso

Foto com flor amarela | Fotos com flor, Flores
Toda ferida com o tempo pára de doer
Toda alegria qualquer hora vai morrer
O meu esquema já estava todo armado
Por isso tinha tudo pra poder dar errado
O preconceito é o nosso prato do dia
E ferir é o qualquer um assim o faria
No meu faroeste não tinha nem caubói
E olha que eu queria era ser o herói!

E meus versos vieram assim tristonhos

E pesadelos o que um dia foram sonhos
Nuvens que mudaram apenas a sua cor
Certo e errado dependendo de onde for
A gasolina vai perdendo sua octanagem
Pros viajantes já se acabou sua viagem
Lá em cima só existe meu anjo pirado
E eu apenas queria ser o seu namorado!

A língua morre os dedos são dormentes

E neste século as coisas estão diferentes
Que já não sei mais de onde que eu vim
Se de Neverland ou das Terras do Sem Fim
Se cabra macho guardo a faca na cintura
Meu Deus socorre! A vista ficou escura
Que nem na música matar a flor em botão
E eu fiz tudo que podia pra ser um campeão!

Conto egoísta as moedas dos meus instantes

E lá vamos nós como um bando de retirantes
Mala nas costas sem nem poder olhar pra trás
Se me embriago agora que eu quero é mais
Tem minha palavra eu não toco mais no caso
O trem já vem aí com duas horas de atraso
Mas a mentira nunca foi um show de bola
E eu não queria ser o melhor aluno da escola!

Agora os brinquedos todos já se quebraram

Não mais amamos aqueles que nos amaram
Estamos fracos! Precisamos de uma vitamina
Estamos cegos! Quem nos cegou foi a rotina
Vamos fugindo dentro duma eterna madrugada
Foi feito o tombo que tomamos dessa escada
Repete tudo e novamente canta o bacurau
E eu apenas queria ser aquele menino normal!!!

terça-feira, 24 de novembro de 2015

O Muro


E como disparava meu coração
No fundo do quintal havia um muro
Além dele só a minha imaginação
E um grande medo do meu futuro...

Muro feio e malvado

Causa da minha aflição
Eu num canto calado
Como o fim do verão

E como eu olhava sem olhar

No fim da reta havia um muro
E eu nem podia mais sonhar
Com tanto medo do escuro...

Muro sério e rude

Causa do meu desespero
Eu fiz tudo que pude
Usei todo meu esmero

Contei um por um aqueles dias

No fim do mundo havia um muro
Onde não haviam mais alegrias
Apenas aquele lado obscuro...

Muro sórdido e ruim

Causa da minha loucura
Eu não era triste assim
Foi essa humana aventura

E não deu mais pra correr

No fim da vida havia um muro
Só nos resta agora é viver
Com todo zelo e apuro...

Muro bom e incompreendido

Causa da minha sorte
Talvez em tudo haja sentido
Até sentido em minha morte...

Non Sense Número 2


As tarantulas passeiam plácidas entre as madressilvas
Enquanto resta ainda um pedaço do dia quente
Rouxinóis em delírios surrealistas decidiram cantar
Vamos! Gritam bélicos cordeiros em rudes atitudes
Enquanto os velhos restauram seus velhos alfarrábios
O carnaval se aproxima e a Morte dançará conosco
E um coro angelical canta o mais novo dos sambas
Que enredo então teremos como o prato de hoje?
Eu caminho sobre centenas de ovos sem quebrar um...
O tiro acabou não saindo por falta de uma culatra
E nuvens esverdeadas adormecem num céu todo rosa
Não tenho medidas e quando muito eu sou elas
Nunca deixarei de gritar na madrugada pra acordar todos
Porque a madrugada foi feita para todos os seres pensantes
Ah!Esqueci que este produto agora falta nas prateleiras...
A nova onda agora é apertar botões e deslisar os dedos
No meu tempo os dedos eram lambuzados de outras coisas
Eram bem melhores as calçadas sem quaisquer dragões
E eu sabia de cor a letra de todas aquelas feias canções
Curiosamente a nossa curiosidade acabou de acabar
É falta de decoro lembrar do que havia na anterior estação
Penduricalhos e ademanes chegam aos bandos por aí...
Temporais agora anunciados não sei onde podem chegar
Mas os tombos chegam logo na frente e temos sono
Nosso sono não é de dormir mas de não mais acordar
Viva o Rei! Ele tem os mais solenes delírios em seu trono
Enquanto quero todos os bicos de tetas em minha boca
É bom rir de vez em quando mas não rir sempre e sempre
O hábito entorta a boca e a estética é a nossa tirana
Cada qual com o qual alheio! Isso sim é ser moderno
Nossa nova bússola são os ventos que podem soprar
E as estampas agora falam mais em nossas redes sociais
As pedras agora se desgastam muito mais depressa
E as águas assumiram a postura séria dos comediantes
Os cadáveres agora boiam em meio aos papéis
E perigosamente multidões chamam seus comandantes...

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Eu Comprei Flores


Eu comprei flores
E a minha testa ardia
Todo fogo estava em mim...
Eu comprei flores
E olha que era dia
Mas estava morto o jardim...
Eu comprei flores
E era um dia de festa
Uma festa sem fim...
Eu comprei flores
Pois é tudo que resta
E tudo tudo era assim...
Eu comprei flores
Comprei sem avisar
Nem foi tão ruim...
Eu comprei flores
Só pra te agradar
Como num folhetim...
Eu comprei flores...
Muitas flores...

Ideologia


Podem me chamar de babaca
Eu sou do lado do povo
Posso até sair de maca
Acabo voltando de novo...

O fim das guerras, o fim da fome,

Do seu trabalho se faz o homem...


Podem me chamar de piegas
Que eu sou um fraco
Quebro todas as regras
Não sou eu que ataco...

O fim da injustiça, o fim da morte,

Sempre a lida não a sorte...

Podem me chamar de otário

Que não levo vantagem
Pois nunca foi um salário
A paga da sacanagem...

O fim do diferença, o fim do mal

O ano todo um carnaval...

Podem me chamar de idiota

Que eu só dou mole
Pois do chão só brota
O que se escolhe...

O fim da pressa, o fim do cigarro

Vamos tirar um sarro...

Podem me chamar de errado

Me chamar de sonhador
Mesmo que desesperado
Ainda creio no amor...

domingo, 22 de novembro de 2015

Todos! Todos!



Todos os mártires, todos os libertários
Todos os cegos, todos os visionários
O cidadão comum pai de família
Todo o que ensombreia e o que brilha
O que foge nas sombras, o que enfrenta
O jovem de dezoito, o velho de noventa
A mulher sensual, o cara-de-pau,
Os dias claros, a noite com bacurau
Aquilo que acalanta, o que me arranha
A saga, o romance, o lance, a sanha
Toda a cachaça que tem lá no bar
Todo o medo que se tem de amar
Toda a cor, toda a tinta, toda a visão
Toda a chuva, todo o sol e todo verão
O que vai na mesa, aquilo que vai na boca
Um dia de calmaria, um ano de febre louca
Os cães, os gatos, os ratos, todos os fatos
Todos os medos, assombrações dos matos
Todos os fins de guerra, todos começos de paz
Esquece, me erre, me amar pra mim tanto faz
Todo sem jeito, todo tímido, meio que rude
Todos os carinhos que tentei e não pude
Toda essa vida, toda mais que aventura
Toda corrida, minha estrada na noite escura
Um terço todo rezado, sem mais o que implorar
As cartas já foram dadas, toda sorte ou azar
Toda água, todo esse mar, toda minha sede
Um velho assobio, o descanso, balanço de rede
Todos velhos dias que já foram embora,
Os dados lançados, todos com a sua hora
Todos os mártires, todos os libertários,
Todos os preços, todos os seus salários...

sábado, 21 de novembro de 2015

Só Os Risos Podem Ser Levados à Sério


Não leve nada à sério, meu amigo,
Os dias nascem emburrados depois do sono,
Pode ser que aquele melhor abrigo
Possa apenas significar abandono...

Por isso, não leve nada à sério,

Trate todas as piadas com muito carinho,
A vida é apenas um grande mistério
E à cada instante você está sozinho...

O choro nunca foi nenhum remédio,

O desespero nunca pôde resolver nada,
Quando muito temos apenas o tédio
E as dores desta nossa estrada...

Assim os palhaços são os mais sábios,

Os comediantes são os mais inteligentes,
O riso é o brilho que vem dos lábios
Mesmo quando são os mais dementes...

Não leve nada à sério, meu irmão,

Só a alegria que nós podemos gozar,
Um dia vai parar nosso coração,
Então, de que adiantou chorar?....

Non Sense Número 1

Resultado de imagem para o sonho salvador dali
os elefantes desfilam no pátios elegantes
a vida em algum tempo parece até normal
vamos juntar todos os nossos instantes
até quatro dias seja um novo carnaval
somos apenas profetas e apenas itinerantes
se aconteceu foi apenas algo menos mal

os carrascos tremem do mais puro medo

até onde sei tudo é apenas passageiro mal
é muito bom brincar com este brinquedo
mas cuidado que o brinquedo é de cristal
cuidado que tudo na vida vem mais cedo
e já se aproximam as nuvens do temporal

as bombas vem caindo lá muito do alto

e quase que elas caíram lá no meu quintal
em cada canto da rua tem novo assalto
cada manchete acaba comovendo geral
cada dia acaba ocorrendo um sobressalto
e eu vou gastando todo o meu gadernal 

não entendo nada coisa alguma de filosofia

nem a linguagem daquele meu mapa astral
muito menos qual será o meu prato do dia
mas nem toda tragédia terá seu grã final
inocentes regras familiares e correta folia
tudo acaba quando acaba aquele bacanal

os elegantes desfilam nos pátios elefantes

a vida em algum tempo até parece normal
lembremos que somos apenas respirantes
é a nova acrópole agora é um novo carnaval
e as verdades são como alguns fatos intrigantes
se aconteceu foi apenas algo menos mal...

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Certamente os Dias Nunca


Certamente os dias nunca vão embora
Eles estão e sempre continuarão por lá
Nós é que partimos sem nem dizer adeus...

Certamente os dias nunca foram tristes

Há uma alegria mesmo quando o sol se esconde
E nenhuma nuvem pode esconder sua luz...

Certamente os dias nunca foram de guerra

A guerra é um grande besteira dos homens
Que choram e acabam com seus pés feridos...

Certamente os dias nunca foram calados

Os passarinhos ainda continuam voando
E cada cor é uma nota de uma grande sinfonia...

Certamente os dias nunca foram inimigos

Eles nos convidam para uma grande dança
E depositam algumas flores sobre nossos mortos...

Certamente os dias nunca foram exigentes

Só querem as brincadeiras de todos os meninos
E as piruetas que são feitas no picadeiro...

Certamente os dias nunca tiveram luxo

Querem ser testemunhas de um primeiro beijo
Ou um afago terno feito de um bicho...

Certamente os dias nunca foram sábios

Mas mesmo assim comemoraram todos os carnavais
E guardaram para si mesmos todos os mistérios...

Certamente os dias nunca foram egoístas

Seus relógios são divididos em partes iguais
Para que tenhamos simplesmente a vida...

Um Anjo Morto


Um anjo morto batia as asas
Por sobre as casas
A me procurar
Um anjo morto sabia o dia
Que minha alegria
Não tava mais lá...

Um anjo morto veio incerto

Chegou tão perto
Não me encontrou
É que eu tava escondido
E o meu pedido
Não se realizou...

Um anjo morto veio depressa

Me pregar a peça
Mas ele não riu
Eu tava até meio sereno
Bebendo dum veneno
Ele nem me viu...

Um anjo morto batia as asas

Por sobre as casas
Ele não morreu
Quando veio a tempestade
Bem na verdade
Quem morreu fui eu...

domingo, 15 de novembro de 2015

"Seu" Moço (Poema da Guerra)


Foi assim "seu" moço, 
Igual à um alvoroço
Como esse eu nunca vi
Estrelas subindo 
E corpos caindo
Que até me esqueci...
Esqueci da pressa
Esqueci até mesmo
Dos tiros à esmo
Que qualquer conversa...

Foi assim "seu" moço,

Foi um grande esforço
Pra eu não gritar
Clarões tão zunindo
As febres me bulindo
E fiquei à delirar...
Esqueci daquela moda
Esqueci da fantasia
De qualquer dia
Pois o mundo roda...

Foi assim "seu" moço,

Um sem fim de poço
Ou um poço sem fim
Muitas crianças chorando
Muitas casas desabando
Ninguém tem dó de mim...
O que adianta uniformes
Medalhas que são dadas
Se a vida não vale nada
E os rostos estão disformes...

Foi assim "seu" moço

Igual à um alvoroço...

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Outra Partida (Meu Nobre e Querido Otário)

Imagem relacionada
Cada hora que existe é uma incerteza
E as boas previsões sempre dão ao contrário
O plano falhou falharam certamente os dias
E tudo se acabou meu nobre e querido otário...

Cada sorriso dado é apenas uma careta

O que conta é o bolso cheio do numerário
E até os carrascos tremem cheios de medo
E tudo se acabou meu nobre e querido otário...

Cada história é apenas mais uma das farsas

Dessas gratuitas que nem possuem seu salário
Estamos sós e ainda mais certamente ficaremos
E tudo se acabou meu nobre e querido otário...

Cada caminho vai dar somente num grande nada

Mas nunca saberemos qual vai ser o seu itinerário
Uma cidade só com becos e só com muitas vielas
E tudo se acabou meu nobre e querido otário...

Cada estação é única ao mesmo tempo entediante

E desastres também possuem o seu aniversário
Vamos comemorar aquele nosso grande choro
E tudo se acabou meu nobre e querido otário...

Cada brinquedo acabará sendo então quebrado

Para viver eternamente no nosso eterno imaginário
Como foi bom aquele dia e aquela tal surpresa
E tudo se acabou meu nobre e querido otário...

Tudo se acabou meu nobre e querido otário...

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O Palavrão

Imagem relacionada
A prestação no fim do mês
A dura certeza de um talvez
O desastre de quem o fez
Para o abatedouro feito rês

Fere aos ouvidos é obsceno

Se matar com o próprio veneno...

A roupa velha e a roupa feia

Construir castelos feitos de areia
Saber que a verdade é só meia
Uivar sem ter qualquer lua cheia

Fere aos ouvidos é imoral

Ficar de luto em pleno carnaval...

A dor profunda a carne viva

A inércia comendo a iniciativa
A falta de qualquer alternativa
Como um barco indo à deriva

Fere aos ouvidos e ruboriza

Não ter nada do que se precisa...

Eu acredito sem mesmo crer

Até a morte tem o seu cachê
Meus olhos não servem para ver
Enquanto pago o meu michê

Fere aos ouvidos é incerto

Quando há alguém por perto...

O meu perfume agora fede

O meu argumento não procede
Aquele alicerce agora cede
Nem o mendigo agora pede

Fere aos ouvidos é insano

Vamos brincar de ser humano...

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Qualquer Barato


Mas é pior do que droga
Esse jogo que se joga
Misericórdia que se roga

Navio sem porto

Silêncio pelo morto
Meu pensamento torto

Mas é pior do que bebida

Sem descanso pra lida
Vai se acabando a vida

Argumento sem razão

Moda inverno e verão
O trem não vem na estação

Mas é pior do que maconha

Já se acabou a vergonha
Mas não uma febre medonha

A mesa está vazia

A madrugada está fria
A minha amada é vadia

Mas é pior do que cocaína

O que a vida mostra e ensina
Desonestidade é nossa vitamina

Como perder a calma

Como perder a alma
Sem ter nenhum trauma

Mas é pior do que crack

Não estar pronto pro ataque
Com profetas de araque

Já nem mais sei quem sou

Não dá pra curtir rock n'roll
Mas o show não se acabou

Mas é pior do que balinha

Toda a honra numa quentinha
Tudo brotando erva daninha

O Estado oprime o cidadão

Todo dia existe um leilão
A flecha entra no coração

Mas é pior do que LSD

Tenho fé mas nunca vou crer
Tenho sede mas sem o que beber

As aves voam em bando

Já é o final ou o até quando
Até a alegria está infartando

Mas é pior do que a água

O coração só guarda mágoa
No mar é que tudo deságua

Procuro em vão um motivo

Por enquanto ainda estou vivo
Sem barato pra ter incentivo

Mas é pior do que droga

Esse jogo que se joga
Misericórdia que se roga...

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Sombras Que Falam


As sombras falam muito, as sombras falam demais
Se mexem em dias de guerras, paradas em dia de paz
Mostrando o que vem na frente, chorando pelo atrás

As sombras dançam fagueiras, sombras até em fogueiras

Elas vão  chegando, não conhecem nem as boas maneiras
Não são tão sérias, sabem falar todas as suas besteiras

As sombras falam de tudo, mas sabem guardar segredo

São amigas agradáveis, mas também sabem pôr medo
São um aviso que a morte sempre virá e mais cedo

As sombras falam muito, passeiam pra lá e pra cá

São exímias desenhistas, sempre sabem o que desenhar
São também como uns espelhos, onde podemos mirar

As sombras falam muitos, as sombras falam demais

São como célebres novidades, as manchetes dos jornais
Desfilam todos os dias, mas quando vemos não estão mais...

sábado, 7 de novembro de 2015

Todos Os Gatos São Pobres


Esperem aí pelas primícias de um grande dia de sol
Somos o que somos nada mais nada menos que isso
E nossas palavras um tiro sem direção dentro do escuro

Chove o óbvio em mancheias por qualquer caminho

E nem ao menos nos sabemos dormindo ou acordados
Numa inútil tentativa de evitar qualquer afogamento

Cantam pássaros ainda que nunca vistos só ouvidos

E a nossa pequenez vai aumentando à olhos vistos
Até que não possamos mais desatar um simples nó

Era o que esperava na minha grande lista de surpresas

E um choro bandidamente torturante vinha aos poucos
Gota por gota e ainda assim algarismo por algarismo

Não tente dançar por todas as calçadas pois são muitas

Nem tente justificar as paixões que foram apenas um sabor
Nunca saberemos o certo resultado da precisão matemática

Eu conto histórias como quem vai contando as suas moedas

Mas ainda sim os malabarismos serão executados à revelia
Como se a dificuldade demorasse esperando a hora do jantar

Os meses são torturadores que capricham em suas carícias

E os dias são saltimbancos que agora fazem a vez das carpideiras
Não adianta chorar a nega tá  lá dentro como já dizia o sábio

Não adianta atrasar ou adiantar qualquer história por aí

Porque longos são os braços da verdade e rápidos seus pés
Os meus ouvidos são mudos mas o ar corre várias direções

Quem saberá onde estamos se nem nós mesmos sabemos?

Os gatos são pobres e nisso consiste sua grande vantagem
Tudo pode ser roubado menos o calor de telhados e muros...

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Não É Tristeza


Não é tristeza...
É um quarto sem janelas
São uns beijos sem novelas
Nuvens negras tão belas...

Não é tristeza...

É um barco sem destino
É um choro de menino
O meu maior desatino...

Não é tristeza...

É a morte como lembrança
É a dor sem esperança
Uma tempestade sem bonança...

Não é tristeza...

É a febre de um carnaval
É um grito abalando a geral
Como se fosse menos mal...

Não é tristeza...

É o gato em cima do muro
É um desejo sem futuro
Olhos olhando no escuro...

Não é tristeza...

É um tormento disfarçado
é um certo sem ter errado
O presente já virou passado...

Não é tristeza...

É minha alma na solidão...

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Intima Mente


Não sei por quais vales andam meu pensamento
E nem as dores que minha mente pode suportar
Não sei mais a conta que fazem dos meus dias
E se pelo menos me vale alguma pena eu contar...
Exploro em vão todos os reinos que ainda existem
Os poucos reinos que ainda existem para eu andar
Como uma dor que aos poucos me tomando conta
Uma dor tão grande que não posso nem chorar...
Ingrato mundo ingratas coisas ingratos amigos
Só a tristeza é como matéria que ocupa seu lugar
Me vem o maior de todos os meus desesperos
E com desespero vou sem ao menos disfarçar...

Não sei que prédios alcançam meu pensamento

E nem as cores que minha mente pode decorar
Não sei se meus dias possuem alguma conta
E se a rotina ainda vem pontualmente me castigar...
Maquino os planos mais mesquinhos e maus
Que um pobre cego pode assim maquinar
Como uma tristeza que vai me tomando conta
Qual o salvador que ainda pode me salvar?...
Acabou-se todo e qualquer um dos meus encantos
Nem no espelho posso eu mais me olhar
Me vem pela frente o maior de todos os abismos
Mas nem ao menos tenho forças para pular...

Um Dia a Gente Acaba

Resultado de imagem para menino xingando
Ei! De onde você veio?
Não sei... Estou aqui à passeio...

Desde quando nascemos, quantas perguntas, indagações

E quanto mais nós crescemos, também crescem as questões
E aquilo tudo que perdemos, ainda está em nossos corações

Ei! Pra onde você vai?

Não sei... Tenho medo... A ponte cai...

E os nossos olhos crescem, pela escuridão, é tanto medo

O medo de parar de respirar, de viver, enquanto é cedo
Mal sabendo que tudo em volta é apenas um arremedo

Ei! O que você trouxe na bagagem?

Não sei... Não planejei essa viagem...

E os pés fraquejam, muita poeira, como é grande o caminho

E como é normal andar, andar e sempre e sempre sozinho
E quando vimos esquecemos a diferença da rosa e do espinho

Ei! Qual seu verdadeiro nome?

Não sei... Apenas me chamam de homem...

É o chamado tempo que vem correndo, vem bem depressa

E a vida que nos reclama, a vida que sempre tem pressa
E no fim dela, que se acaba, uma outra vida vem e começa

Ei! De onde você veio?

Não sei... Estou aqui à passeio...

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Tudo Poesia


De tudo se faz poesia...
De um rosto triste, de uma manhã fria,
De um sonho perdido, da cama vazia,
Do silêncio na sala, da louça na pia...

De tudo se faz poesia...

Da mente com planos, de uma vida vadia,
Do destino malvado, do que eu não queria,
Da fome constante, de sua primazia...

De tudo se faz poesia...

Do brinquedo quebrado, de qualquer mania,
De quem dorme ao lado, de quem dormiria,
Do segredo de estado, de quem falaria...

De tudo se faz poesia...

Da fumaça escura, de uma piada sem ironia,
Do morto e o funeral, do menino que se divertia,
Da maior notícia do ano, da mente que esquecia...

De tudo se faz poesia...

Da primeira ruga no rosto, da primeira estria,
Do maior dos segredos, de quem o saberia,
Da festa na praça, da mais solene liturgia...

De tudo se faz poesia...

Do coração explodindo, de uma grande apatia,
Da voz que mandava, da mão que lhe obedecia,
Do medo que faz o herói correr, da valentia...

De tudo se faz poesia, 

Da poesia também se faz poesia...

Come Na Cuia

Comê na cuia Comê na tuia Comê na nuia Experimente o berimbau catreiro Em todas as noites de pé de sapo! Paca tatu Paca tutu Paca Dudu Apert...