
Já participei de várias e várias guerras
Algumas como participante anônimo
Algumas como herói de mim mesmo
Nem eu mesmo sei em quais caminhos
Eu fui e acabei me perdendo
E até hoje ainda não me encontrei
É duro ter que caminhar na solidão
Tendo apenas a escuridão como companhia
Mas é a única expectativa que tem cada um
Nascemos sós e nus e choramos
Um dia partiremos quase da mesma forma
Fomos tolos e cruéis e mesquinhos
Como todo o indivíduo da espécie humana é
Tentamos esconder nossos monstros no armário
Mas uma hora o monstro acaba saindo de lá
Por sob os tapetes nossos maiores vícios
Até que ele nos afoguem na maior das torrentes
Choros é o que levamos aonde estivermos
Versos todos nós acabamos fazendo
Quer queiramos ou não e isso não importa
Problemas da alma e do corpo são semelhantes
Somos a mistura caótica de todos os dois
Anote aí meu caro amigo a hora sempre chega
Todo o começo caminha para o final
Alguns finais são bons e outros nem tanto
Mas isso é apenas uma questão de dialética
Ser famoso ou ser anônimo é questão do espelho
O nosso maior inimigo e amigo por falar nisso
Eu vou lhe amar enquanto assim puder
E lhe oferecerei flores até que a vontade mande
Num simples gesto a mágica já aconteceu
E um copo vazio parece uma tragédia grega
Espinhos se espalham por todos os cantos
Evitá-los é anedota para aprendiz de comediante
Eu até confesso que queria ser um grande burguês
Com sua suave apatia que nos faz quase sobreviver
Mas uma série de fatores influenciam na matemática
Que fazem os sonhos surgirem entre a fumaça
Não esperem por mim na hora do jantar
Meu tempo já acabou...
(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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