quinta-feira, 16 de maio de 2019

Para Todos Os Gestos

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Com a dor não se brinca. É como um elefante branco que nos convidou para passear. Vamos voltar? Nem sempre sabemos. Porque as selvas escondem cenas de um filme antigo do Tarzan. Que outros personagens também famosos que o diga.
Riachos muitos para algum gosto.
Eu sempre desejei rios e ainda desejo. Para ficar admirando como quem compõe uma música bem bonita. Ou alguma frase de bastante efeito.
Não se preocupem. 
Se eu parar de respirar faz parte do show. Eu ainda tenho algumas mangas escondidas em minhas cartas. Pura sabedoria tibetana para os bazares chineses do Porto. Assim quis quem desejou. Eu acabo ficando tonto com aquele vinho que não bebi.
Um perfume é mais rápido que o som.
Os espelhos devem ocupar lugar de destaque. Despertam alguns pesadelos muito úteis. Estou quase me libertando das correntes que eu mesmo construí. É tudo apenas questão de jeito. Assim aprendemos a estalar os dedos bem novinhos.
Alguns cartões me entristecem. 
Eu confesso. Já tive um revólver de espoleta. E uma espada de plástico quase real. E meus manifestos serão apenas azuis e negros como uma noite iluminada. Sem senso algum é bem melhor. Asas de pássaros também caem muito bem. Desprezo toda e qualquer estética que me sufoca. Só os tamborins possuem algum censo doméstico que nos compadeça de nós mesmos. 
Quero brincar de castelos.
Minha imaginação anda magoada comigo. Eu neguei todas as alucinações que tive. Mas eram pura verdade. Não há mais quem morrer. Mas todos morrem. Se fosse citar nomes nem eu mesmo morreria por falta de oportunidade. Sou arisco como um cordeiro e inocente como um lobo.
De pilantra já eu me basto.
Todos os pecados que cometi foram cometidos por mim. Esqueço às vezes como se pede desculpa. Já fazem anos que não vejo mais um gravador de fita cassete. Nem outras coisas mais para cá. Não é para menos. Mais de vinte anos são bem mais do que trinta.
No papel vale o que não está escrito.
Não sou masoquista. Mas às vezes chorar é melhor que o tédio. Não tentemos puxar o fio da meada. Poderemos ficar nus no meio da rua. E poderemos até gostar disso. Eu quase o fiz num dia longe e que prefiro esquecer. Sonhos mortos. Versos repetidos. Aqui e ali sem placa nenhuma indicando minha direção.
Por certo estamos marcados.
Os burgueses que o digam se não provocados forem. Em vários natais me perdi. E encontrei conchinhas nos bolsos das minhas calças. Esse é o ofício mais extenuante que podemos ter por agora. Sempre rirmos para disfarçar o luto. Mas assim mesmo a cor do lado de dentro não nos deixa mentir.
A estática funciona sambando.
Eu te perdoo pelo que eu fiz. Era apenas pressa. Muita pressa. De acender o lampião e acabar com a graça da escuridão. Não beijei Marina e nem o mar. Ainda bem. Seria mais ou menos outra recordação em minha bagagem. Eu quero abandonar de vez essa filosofia que me persegue em todos os cantos.
O certo de vez em quando é...

(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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