Cada um em nossa agenda. Bons ou maus. Dependendo do ponto de vista que se apresentou. Cada manhã. Cada tarde. Cada noite. Cada madrugada. Sucessão interminável até que tudo cesse. Por enquanto é nossa palavra de ordem...
Macacos tirados da selva é o que somos. Para uma outra selva mais cruel ainda. Nos tiraram a beleza. Nos tiraram o encanto. E até nos tiraram a noção de tudo isso. A maioria de nossas dores só são sentidas quando mais não podemos evitar. Eis o grande truque do mágico malvado que diverte a nossa plateia...
Tudo automático agora. Apertamos botões. Deslisamos os dedos sobre telas. E tudo está feito. Velhos problemas sem aparentes soluções. A grande colmeia com abelhas tristes. Ou abelhas felizes porque não sabem que tristes estão também...
O medo de todas as formas possíveis e imagináveis. O medo de si mesmo. Da grande fera que atravessará de repente o espelho e nos devorará. O medo do outro. O medo do medos do outros. Apatia é a nossa meta. Indiferença o grande instrumento de trabalho...
O soco na cara do valentão. O grito mais alto que cala o próprio mundo. O resultado positivo do exame. Temos tudo e não temos nada. É por essas e por outras que compramos sempre agulhas. E quem nos cegou fomos nós mesmos. E facas também. Facas são assaz necessárias para cortarmos nossas falantes línguas...
Tudo acaba sendo um divertimento. Só que nesta arena nosso lugar é entre as feras. Mas os diversos álcoois não nos deixaram nem ao menos percebermos. A nossa bunda é que estava de fora. Foram nossos os erros que foram postados nas redes sociais. E o nosso choro fazia parte da última receita de bolo...
Cada casa é um circo. Cada circo uma nova tragédia quase grega. Cada esconderijo uma bonita vitrine. Adornado com o lixo que o lixeiro não veio recolher. E há bilhões e bilhões de agonias feitas sob encomenda. O simples causa náuseas. O belo causa pavor. A verdade é o cão raivoso que toma conta do quintal. Gostamos mais de aquários e gaiolas...
Quem bateria no peito exclamando: Mea culpa! Mea culpa! Mea culpa! Acabou de tirar férias por tempo indefinido. Os gatos continuam nos telhados bebendo sóis e esperando para engolir as noites num só bocado. Nada é mais inseguro do que a própria segurança. E afinal no final quem vai guardar os guardas? Pés e mãos atados solenemente. Erramos sempre...
Tudo se transforma em seu posto. Simples matemática aliada à uma filosofia que tem os passos vacilantes. Tudo é como é até que o seja. O mesmo remédio que curou acabará por nos matar. A água acabou de nos afogar com a melhor de todas as intenções...
Não há mais novidade alguma. A tecnologia acabou de se tornar um brinquedo obsoleto. Não ter novidade alguma hoje é que causa alguma admiração. Ninguém foi morto. Ninguém foi traído. Tudo está conforme aquilo que foi planejado. O paciente melhorou e está fora de perigo. Entre mortos e feridos não sabemos quem é quem...
Medo e medo e medo e medo ainda. Humanamente com medo e assim prosseguiremos sem hora marcada. Até a felicidade agora nos amedronta...
(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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