Zonzeira...
Tonto...
Poeira...
Pronto...
Na esquina a morte faz seu trottoir como o maior afinco de todos. Masca seu chicletes e roda sua bolsinha. Quem resistirá à suas curvas perfeitas e suas carnes tentadoras que esconde sob elas implacáveis ossos?
Enjoo...
Aflição...
Sobrevoo...
Sim e não...
A fome pede uns trocados para resistir mais um pouco. A humilhação é algo inevitável. Quem assumirá de vez o peso de toda a maldade humana?
Estética...
Anomalia...
Profética...
Apatia...
Os bombardeiros sobrevoam nossas infelizes cabeças. As bombas brilham de alegria quando atingem seus alvos. Quem terá voz suficiente para dizer que isso vai se acabar?
Medo...
Bailado...
Brinquedo...
Quebrado...
O operário tal pombo cata suas migalhas. Os pacientes se impacientam em intermináveis filas. Quem arquitetou esse plano maligno de acabar com tudo?
Deus...
Capeta...
Adeus...
Sarjeta...
As novidades são flechas zunindo no ar. O consumo transforma nossa mente num mingau. Quem decretou que o ridículo pode ser belo?
Assumo...
Loucura...
Presumo...
Cura...
Lixo e folhas mortas passeiam nos ventos. Eu desconheço se desconheço o que desconheço. Quem pode me dar mais um trago?
Revolução...
Rebeldia...
Contradição...
Folia...
O pão não basta e o circo já está lotado. Os atores até acreditam que são os próprios personagens. Quem dará um tapa na cara da ilusão?
Fogueira...
Ardida...
Tranqueira...
A vida...
Os versos não se esgotam porque viraram mania. O hábito da luz deixaram meus olhos tortos. Quem veio me cobrar todos os pecados que já cometi?
Insano...
Insana...
Humano...
Programa...
Falta mais um dia para ser um outro dia. Um pesadelo tem suas ocasiões especiais. Quem poderá nos salvar dessa vida que fere mais que a morte?
Zoeira...
Tonto...
Besteira...
Ponto...
(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Nenhum comentário:
Postar um comentário