Tenho tento
tenho vento
sem alento
não esquento
tenho velhas lembranças cheios os meus bolsos
quando não sabíamos de nada éramos tão moços
e os nossos festejos eram feitos de alvoroços
Tenho tento
tenho cento
no momento
não aguento
as verdades e as mentiras todas elas se misturavam
e até nossas pobrezas quase que essas bastavam
e quando a noite caía os nossos sonos assim esperavam
Tenho tento
tenho invento
sem lamento
só tormento
deixe-me descansar um instante pois preciso de paz
já assisti cara à cara muitos desses tais temporais
e deixei lá na curva sonhos que não voltarão jamais
Tenho tento
tenho acento
me avalento
cata-vento
essa história será bem melhor se ela for parada por aqui
meu peito tem uma bomba qualquer hora ela pode explodir
a vida é um tapete de brasas e eu ando pulando como Saci
Tenho tento
tenho vento
sem alento
Cadê meu aumento?
(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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