Eu sou a mais perfeita imitação de mim mesmo. Aquele que se olha e se estranha. O fardo, o dardo, a teia de aranha. A poeira acumulada, o pó da estrada, a calçada, o nada, o nada, o nada...
Sou a pergunta sem resposta. A tristeza da partida. O corte, a sorte, o ardor da ferida. A obra inacabada, a hora errada, a vertigem da escada, o nada, o nada, o nada...
Em nas juras de amor blasfemo. Não foi por mal. A trança, a dança, todo dia é carnaval. A carne magoada, a paixão disfarçada, a difícil escalada, o nada, o nada, o nada...
Eu sou o dia seguinte. O porre da cachaça. O povo, o novo, a causa da pirraça. A verdade adulterada, a escolha equivocada, a senha mudada, o nada, o nada, o nada...
E ando em bandos de um. E represento o perigo. O santo, o canto, bem abaixo do umbigo. A sentença assinada, a piedade negada, a cara lavada, o nada, o nada, o nada...
Espere que eu chegarei ontem. Na hora que ninguém espera. O predador, o amador, o terror da quimera. A camisa manchada, a sina trocada, a puta drogada, o nada, o nada, o nada...
Eu sou um cara de pau. Não sei porque minto. O sarro, o cigarro, o copo de absinto. A comida requentada, a velha piada, o começo da palhaçada, o nada, o nada, o nada...
Nem sei se tenho mais tesão. Eu sou malandro dos bons. A ginga, a mandinga, me suje com seu batom. O meu camarada, a minha jogada, aquela mancada, o nada, o nada, o nada...
Qualquer hora eu vou partir. Preparem a minha bagagem. O medo, o meu brinquedo, tudo tão cedo, que sacanagem. A galinha assada, a tricotada, a bolinada, o nada, o nada, o nada...
Foram tantas e tantas gafes. Mas tenho pouca vergonha. A roupa de cama, ninguém me ama, só mais um programa, que vida mais enfadonha. A foda mal dada, a sede danada, uma escapada, o nada, o nada, o nada...
Eu sou a mais perfeita imitação de mim mesmo. Aquele que se olha e se estranha. O fardo, o dardo, a saudade tamanha. A saudade acumulada, o pó da estrada, a calçada, o nada, o nada, o nada...
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