Tempos passados aqueles
como todos os outros serão...
Eu pedia aos céus que não conhecia
que não chovesse no outro dia
pra poder ir no parque...
Eu pedia ao velho barbudo
que vivia entre as nuvens
que o tempo ficasse bom
e desse pra gente ir no passeio...
Às vezes os pedidos eram atendidos
e às vezes batia uma tristeza em mim
porque acontecia e chovia...
E na mesmo casa pequena e antiga
mamãe lia pra me distrair...
Danados bem-te-vis!
A culpa era de vocês!
Foi mamãe que falou pra mim
e ela não costuma mentir!
Só quando ela estava triste
e eu perguntava se ela estava
e ela me dizia que não...
Mas eu sou bem sabido
e mesmo sabendo que estava
brincava com ela pra ver
se a tristeza passava um pouquinho...
Eu não tenho medo de você, chuva!
Vou na cozinha agora mesmo
pegar uma faca das que estão na gaveta
e vou lá fora desenhar um sol!
Um sol bem gordo... Sorridente...
Quem sabe até coloco um bigode nele?
Vai ser o Senhor Sol, o dono do dia,
ele chamará as andorinhas que se escondiam
e poderei até tomar banho de mar...
Papai vai poder tirar o carro preto da garagem
e vamos poder andar com ele...
Tem muitas ruas por aqui! Muitas delas!
A maioria só de terra ou mesmo de barro
mas eu não me importo com isso...
Eu gosto de olhar as casas antigas
e os santinhos de azulejo na fachada...
Alguns eu conheço quem são
e outros (uns poucos) nem faço ideia...
Tempos passados aqueles
todos eles mortos mas vivos em mim
que ainda estou aqui e não morri...
E nem você chuva morta...
(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).
Nenhum comentário:
Postar um comentário