Desculpe, meu filho...
Eu não posso lhe dar toda a felicidade do mundo,
Estamos imersos na vida
E a vida é uma mistura de alegrias e tristezas,
Nunca sabemos quando elas vêm ou vão...
Desculpe, meu filho...
Eu até que tento fazer você rir,
Como velho palhaço que sou,
Mas é que sou meio enigmático
E alguns enigmas são tão difíceis de entender...
Desculpe, meu filho...
Eu queria que as pessoas não lhe magoassem,
Mas quero que você entenda
Que as pessoas são assim,
Alguns acertam e muitos acabam errando...
Desculpe, meu filho...
Eu sei que a sua paciência tem limites,
Que a têm usado comigo na medida do possível,
Mas compreenda também
Que acabo forçando a barra pra não chorar...
Desculpe, meu filho...
Eu queria ser o maior dos heróis pra você,
Queria poder vencer todas as batalhas,
Mas a coisa é um pouco mais complicada,
Algumas perdas servem pra nos evoluir...
Desculpe, meu filho...
Que eu não esteja presente em todo seu desespero,
Não consiga acalmar toda a sua mágoa,
Também tenho meus muitos pesadelos
E há horas que nem consigo acordar...
Desculpe, meu filho...
Eu sei que você não concorda com minhas esperanças,
Não liga pra esses meus versos bobos,
Eu apenas que você pudesse entender
Que eles são a única coisa que realmente tenho...
Desculpe, meu filho...
Sei que você não é afeito aos meus carinhos,
Que minha aparência não lhe agrada,
Mas quero que possa se lembrar
Que cada um é cada um e apenas isso...
Desculpe, meu filho...
Eu entendo que você gosta de quebrar as regras,
Algumas podem ser quebradas e outras não,
A mais comum entre elas é essa:
quem veio primeiro acaba também indo...
Desculpe, meu filho...
Muitas vezes tentei lhe falar,
Mas parece que falamos idiomas diferentes,
É que tudo depende dos olhos de quem vê,
Ouvidos são diferentes e corações mais ainda...
Desculpe, meu filho...
Nesse momento em que escrevo esses versos tristes,
Nada tenho, nada posso lhe dar,
Somente esse silêncio mais que sufocante
Pedindo pra Deus pra sua dor passar...
(Para meu filho Leonardo, extraído do livro "Leonardo e O Chão" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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