terça-feira, 28 de maio de 2019

Princípio das Coisas

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Básicos todos. Pé, mão, cabeça. Toda superfície da pele, cada centímetro, zona mapeada. E eu em versos quase loucos em frenético movimento, passos compassados em pura camuflagem.
Invertem-se todas as coisas. Pesadelos são fáceis demais. O relógio se recusa à sair de seu sono, madrugada alta, não perturbe mais ninguém.
Espero em minha ânsia calculada, novos problemas que satisfaçam antigas soluções. Minha mente funciona como um baú fechado, todos os quatro ângulos assim se parecem.
Espelhos tomam sustos às vezes, acabaram contando sérias piadas e eles mesmos riram. Eu mesmo aponto o dedo em minha cara, acusar é o mais fácil ofício de todos.
Coloco minha loga capa, escondo meus defeitos. Sou mal o suficiente para o meu agora. Caprichem nos esboços de versos quebrados, são como segredos de família.
Não sou sábio, sou um tolo e faço questão de sê-lo. O menino colecionava selos, mas seus objetivos eram bem outros. Poços fundos possuem mais mistérios.
O pajé acaba de descobrir uma nova tecnologia de milênios. As nuvens cinzentas param um pouco para descansar. Eu sou o príncipe de minhas próprias astúcias. Torradas branquinhas com café caem muito bem.
Todo crime é bem vindo em terra de criminosos. A falácia algumas vezes prefere ficar calada. Há novos testes pros variados produtos que andam por aí.
Os ventos podem ser bem pontuais. Mas máscaras acabam enganando à si mesmas. Tenho pena dos meus outonos, sobretudo quando imitam inglórios verões.
Não consigo me levantar do sofá da sala, nem sair da frente da televisão. Sou afeito a autoflagelos e esse é um deles. Acabo perdendo tempo demais como todas as outras pessoas.
Uma histeria toma conta de mim em dias calmos, nos outros que restam também. Sodoma e Gomorra é loga ali, basta apertar um botão. Fatos são fotos deslumbradamente fora de foco.
A diversidade de pratos acabou tirando-me o apetite e eu sei muito bem disso. Acabei me acostumando com velhas figuras das cartilhas de antes e isso é o que chamamos gafe.
Inda ontem mesmo tomei um guaraná com Wilde. Pareceu-me um pouco triste com os novos clichês que acabaram de ser inventados. Paredes caem enquanto outras se erguem. 
Acabei de fazer um chá. Quem vai?

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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