Pobre, sozinho e sem socorro,
Talvez daqui a pouco eu morro,
Cego, carente, doente, em aflição,
Abandonado tal qual um cão...
E assim todos nós morremos,
Junto à tristeza ou à felicidade,
Com o que cremos ou não cremos,
Sendo bons ou com a maldade...
Pobre, sozinho, cheio de fome,
Esquecido até do meu nome,
Cego, carente, ferido, na escuridão
Obediente tal qual um cão...
E assim somos como um bando,
Ovelhas prontas para o abate,
Não importa o que vamos rezando,
Toda prece tem o mesmo quilate...
Pobre, sozinho, sujo e rasgado,
Talvez tenha valido ter sonhado,
Cego, carente, cheio de maldição,
Raivoso tal qual um cão...
E assim cumprimos nosso destino,
Lentamente ou até rápido demais,
Parte a menina, parte o menino,
Vem e vão todos esses temporais...
Talvez daqui a pouco eu morro,
Cego, carente, doente, sim e não,
Abandonado tal qual um cão...
(Extraído da obra "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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