sexta-feira, 31 de maio de 2019

Naquele Dia Em Que Você Me Matou

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Olha que eu tava despreparado
Não tinha tomado nenhum cuidado
E nem pensava de ser um pobre coitado

Naquele dia em que você me matou...

Não usou pistola ou arma branca
Não foi delicada foi grosseira e franca
Pegue logo meu coração veja se arranca

Naquele dia em que você me matou...

Não me respeitou e só fez o que queria
Não me deu um beijo e sequer deu bom dia
Jogou fora os meus versos queimou a fantasia

Naquele dia em que você me matou...

Espantou o gato bateu no cão pobrezinho
Foi fazer fofoca direto com a mulher do vizinho
E disse que de hoje em diante eu ia ficar sozinho

Naquele dia em que você me matou...

Colocou as roupas e a maquiagem numa mala
Saiu derrubando as bitucas do cinzeiro pela sala
E ainda saiu levando meu cigarro e nem me fala

Naquele dia em que você me matou...

Quando perguntei o porquê você se fingiu de morta
Saiu batendo o pé e quase quebrou o vidro da porta
E u tenho certeza que a minha tristeza pouco importa

Naquele dia em que você me matou...

Olha Que Eu Grito

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Tenho andado como só andam os loucos ou os sábios (serei eu, um ou outro?) como quem tem dúvidas sobre vírgulas ou cores que devo usar em minhas concepções sobre aquilo que desconheço. Não quero falar o que todos os idiotas falam, com propósito ou não.
Minha testa arde, uma febre veio me visitar quase agora, seus rastros continuam na poeira do chão do meu quarto. Cada detalhe é muito importante. As cinzas no cinzeiro com seu olhar estático insistem em me xingar de forma polida e educada.
Não quero mais ver certas coisas, nem certas pessoas. Não quero sentir certas emoções, nem certos sentimentos. Não quero fazer certos gestos, nem certas ações. Dispenso alguns cheiros, alguns gostos. Minha memória hoje está com o setor de reclamações totalmente atarefada. O certo continua errado.
Talvez o que sinto passe logo ou nunca passe...
Se para cada tristeza eu ganhasse uma moeda, teria um baú bem grande e pudesse comprar o mundo todo com ele. Mas agora, não quero o mundo, aliás, quero coisa alguma. Nem sóis verdes e nem luas bicolores. Isso até me lembra uma história (que por falta de certos detalhes) prefiro nem contar. 
Tudo dói, tanto as juntas, quanto a alma. Tudo magoa, tanto o palpite errado, quanto o acidente de percurso. Ninguém repara, ninguém reparou, os meus pequenos passos de veludo para não incomodar mais do que já faço.
Há blasfêmias que podem ser contadas com toda a calma do mundo, é só saber onde está o fio da meada e puxá-la. Coragem ou precipitação todos possuem o seu pouco. 
Faço questão de não fazer questão alguma e me arrependi disso tantas vezes quantos os fios que tinha em minha cabeça em outras eras remotas e distantes.
Pareço até um ser espacial desses que descem em cenas malfeitas em naves de papelão. Um engasgo que Goya teve ou Dali acabou vomitando quando se encheu demais de vinho barato e alguma malícia. Os torpedos que o digam se ainda existirem.
Minha insistência é uma grande merda. Deveria ter pensado na cadeira de balanço que titia queria. Ou em alguns festejos adiantados do Sãojão. Poderia ter sido melhor, outro destino, outra bobeira comum e pequena. Eu não seria o aqui. Porém, o porém atrapalhou-me mesmo sendo indolor como vejo neste exato momento.
Poderia ter sido tantos outros. Um faquir provador de doces numa loja parisiense. Um espião líbio numa embaixada em Madagascar. Ou um vendedor de calcinhas numa banca famosa da Sulanca. Poderia ter percorrido a 25 de Março nu como vim ao mundo. Ou entortado colheres em cadeia nacional. Ou feito como o leão, perguntado pela gazela.
A rua quase quase cheia e eu - vazio. A ocasião faz o bufão. Eu poderia estar na garupa de Lelê desafiando a morte ou alguns arranhões habituais. Mas tudo não passa de um grande tanque onde peixinhas lutam boxe.
O mar de Lenny dispensa explicações que os bits não possuem. A posse é imediata, se sabemos evitar certos jardins. O tiro não saiu pela culatra por falta de material humano. Um doce, dois doces, três doces, depois disso já não sei mais contar.
Por isso, agora coleciono remendos. Nada mais passa desapercebido da minha calma fúria. Malvados olhos azuis, boca de sangue e faces corada de um nada constante. Um beijo para todos da família.
Não é preciso ter óculos pra se ter medo. Eu até aprendi isso. Muitas são as bengalas, algumas delas nem imaginamos até nosso derradeiro dia. É por isso que eu tomo minhas próprias indecisões. Manhãs e manhas são aceitas num clube fechado.
Caminhos são muitos, mesmo pros que possuem celas e telas. Vamos respeitar tal fato. Faz algum tempo que não duvido de mais nada, nem das alucinações que sempre tive. 
Os meirinhos hoje estão de folga, os carrascos estão sempre. Há um absolutismo relativo pelo ar e o ventilador quase aos pedaços ainda realiza vários prodígios. Eu que o diga. Depois de quebrado tudo é vidro.
Tudo então passa. A praça também é minha. Que seja eu mais um túmulo indiferente de certos segredos. O show não pode parar enquanto cães vadios farejam pelas latas. Afã dos bons. Fazer o quê? A caixa de Pandora agora tem outros males. Ninguém escapa aos anzóis. Eu comercio palavras e é o que me basta. Até o novo agora é velho e sempre.
Me deixem caladinho, quietinho. Olha que eu grito...

(Extraído do livro "Eu Não Disse Que Era Poeira?" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Prementes Observações

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Meus escabelos foram todos para o ar
e as nuvens cinzas colaboraram na nova pintura...
Eu agora sou o mais recente dos estetas
e bandos de andorinhas são minha obra-prima...
Coloquei um teto solar em meu carrão
para imitar certos filósofos de vanguarda...
O meu desespero foi sempre motivo de anedota
e aquele meu amor secreto foi mais ainda...
Estou em todas as cores com suas matizes
mas o azul é ainda a que mais me faz chorar...
Não me acostumei com certos costumes modernos
e isso pode ser até um bom sinal de eternidade...
Os bufões fazem o aquele mais justos dos papéis
a graça acaba ficando em abismos que nascem...
Há sempre um aviso naquela placa de contramão:
só os tolos insistem no seu egoísmo mais barato...
Está aqui! Está aqui! Gritava o menino contente
por ter descoberto segredos de muitas águas...
Quantas vezes terei que insistir em repetir
que tudo é carrega de um misticismo imperceptível?
Quantas vezes chegarei nas festas ciganas
para poder pelo menos admirar suas fogueiras?
Eu sou tudo o que nunca fui e nunca serei
enquanto os versos me perseguirem feito cães...
A moça simpática sentada ao meu lado escreve
mas desconhece se amanhã estará fora do ar...
O rapaz de pé tem o semblante preocupado
como se isso fosse adiantar de alguma coisa...
Os pombos chegam para garimpar migalhas
e são mais ditosos que muitos monges já esquecidos...
Nada é mais terrível que a obscenidade
que acabou resultando em coisa alguma...
Os segundos foram criados para exaustivos ensaios
das apresentações que nunca vamos terminar...
A diferença entre a vítima e o assassino 
é apenas sobre a questão de quem vai primeiro...
Eu posso ser daquilo que assim quiser
mas sinceramente dispenso artefatos de jade...
É curioso não ter cara de nada de não saber nada
enquanto versos como vermes se movimentam na mente...
Eu sou o meu próprio e derradeiro incômodo
e por tal motivo sou a minha definitiva solução...
As muralhas são feitas de papel machê 
com alguns requintes de uma absoluta falsidade...
Não entender coisa alguma é o começo
de uma relação amistosa que pode durar séculos...
Meus olhos estão cheios e meu estômago vazio
não posso reclamar pois o inverso seria desesperador...
Podem anotar em seus céleres apontamentos:
a eternidade pode ser um berços de incontáveis erros...

(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Essa Estrada

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Essa estrada vai dar em nada...
Quem por ela já passou?
É a vida, assim malvada
Que à mim já maltratou...

Eu corri, foi tudo em vão,
O meu passo não adiantou...
O amor feito um ladrão
Meu coração ele roubou...

Essa estrada vai dar em nada...
Muita gente já enganou...
E toda direção é errada
Pois ninguém já acertou...

Eu não conto mais os dias,
Minha conta já encerrou...
Se tive várias alegrias,
Já não sei mais quem eu sou...

Essa estrada vai dar em nada...
Quem por ela já caminhou?
É a vida, assim malvada
Que ainda não passou...

Quase Igual

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Quase igual
meio diferente
quase mau
quase gente
quase doente 
quase normal

Assim os sonhos, assim as pessoas
algumas más, outras tão boas
umas sérias, outras no carnaval,
outras sob o abrigo, outras no temporal

Quase igual
meio diferente
quase a tal
quase inocente
quase demente
quase normal

Assim os sonhos, assim os disfarces
aquela morre, aquela nasce
umas seguras, outras no tremendal
umas com tudo, outras sem o essencial

Quase igual
meio diferente
quase mal
quase indiferente
quase estridente
quase normal...

Eu Não...

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Você já entrou em desespero
quando esqueceu as notas de uma canção?
Já ficou triste e solitário
esperando ganhar qualquer atenção?
Ou teve aquela vontade de sumir
ir pelo caminho ou ainda tomar um avião?
Passei por tudo isso... Eu não...

O seu melhor amigo lhe traiu
e apunhalou certeiro o seu coração?
E o velho amor desapareceu
sem sequer deixar alguma explicação?
Quantas vezes você já chorou
anchando que seria sim e foi não?
Passei por tudo isso... Eu não...

E os todos os seus castelos caíram
com todas paredes indo parar bem no chão?
A sua segurança foi só um engano
muros bem altos não detiveram o ladrão?
E você se perdeu dentro da noite
pois não pôde enxergar pela escuridão?
Passei por tudo isso... Eu não...

E aqueles mais sábios conselhos
não lhe livraram de enfrentar o pelotão?
E os seus sonhos tão bonitos e caros
já acabaram todos por simples exaustão?
A realidade maltrata e machuca
não tem por nós sequer alguma compaixão?
Passei por tudo isso... Eu não...

Sou o mais só de todos os sozinhos
mas de viver ainda não abri mão
Consigo um pouco de quase tudo
até daquilo que provoca  comoção
Espero com a mais louca das calmas
que o frio alguma hora se torne verão...
Chorar por tudo isso? Eu não...

quarta-feira, 29 de maio de 2019

O Mesmo de Sempre

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Minhas dúvidas são como répteis que me seguem sempre querendo morder meu calcanhar. Será? Eu faço novas experiências com o velho alquimista e nem importo com as teias que eventualmente acabam entrando em minha boca.
Tenho deveras medo dos portos que tenho que partir ou que vou chegar. Será? Há gostos que eu esqueci com muito esforço e há outros que eu guardei em sereno desespero.
Misturo palavras e rimas até não poder mais aguentar. Será? Os soldados estão chegando com a cara séria e muita vontade de rir da piada que ainda não escutaram.
E as novas músicas exercem todo um fascínio que só o flautista sabe explicar. Será? Nunca escrevemos tantas páginas em branco porque o tempo nos foi roubado na mão grande.
Eu tenho medo da fumaça dos incensos indo pra lá e pra cá. Será? Em redondilhas mancas quase nem me entendo e dispenso algumas lições que outro dia mesmo precisava.
O galo de metal já cantou no alto do edifício e já é hora de se acordar. Será? Nunca estivemos tão felizes com nossas infelicidades e as novas drogas nos estimam como ratos de laboratório.
Um menino pobre juntou suas pratinhas e comprou balas na rua de lá. Será? Tento asfixiar-me apertando minha garganta e os meus dedos dizem que não ajudarão um estranho.
Morangos com gosto de pêssego e os usuais dropes de anis é o que temos pra degustar. Será? E o meu calor se transforma em frio com todos os enfeites que qualquer uma loucura requer.
Eu não sou um e sou outro em outro sem um quê para explicar. Será? Nada fiz de bom ou de bonito ou de certo como os milhões que tentaram e acabaram indo.
Alguns me conhecem e outros me estranham e alguns nem querem me cumprimentar. Será? Uma bomba caiu e sobreviveram todos o que causa lamento em nossa vil exibição de comoções.
Um carro passa com som bem alto e fala de coisas que não vou comprar. Será? Os meus instintos estão adormecidos por conta da inutilidade dos dias de hoje.
Quem um dia bateu na minha cara hoje não pode me atacar. Será? Lamento muito que algum dia desses a maldade aceite que estava errada e acabe chorando.
Alguns morcegos andam no dia pro sol poder enfeitar. Será? As minhas ilusões costumeiras bailam na minha frente como as modelos das revistas que eu comia.
Os robôs agora possuem também o seu lar. Será? Sem dúvida alguma em nossos tempos muito se acha invertido e vilões e mocinhos agora estão indistinguíveis.
Me dê algumas folhas que é pra eu fazer um chá. Será? Velhos conceitos surgem das cinzas e o acabam-se tudo o que é imortal e possível.
O cara é um filho-da-puta e não se pode mais negar. Será? Em malabarismos nos contradizemos e nossa maldade escapole nas asas do primeiro anjo que pedirmos.
Vamos parar de uma vez com esse quá-quá-quá. Será? As minhas mãos não possuem mais calos e os meus pés já estranham qualquer caminho.
Narguilés que às vezes matam é o que temos pra fumar. Será? Tenho dúvidas que nunca dissiparei enquanto não puxar o fio da meada ou ter a velocidade das flores.
Me bota uma aí Seu Zé! Qual? O mesmo de sempre...

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Simples Poema dos Dias

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São o que são...
são breves ou não...

a noite cede seu lugar
todas as coisas vão aparecer
umas irão terminar
outras irão renascer...
algumas motivo de riso
outras são motivo de choro
umas virão sem aviso
outras sem qualquer decoro...
e nós pedintes passantes
iremos também desfilar
engolindo nossos instantes
até a outra noite chegar...
a noite chegou escureceu
não precisamos ter medo
se alguma coisa morreu
amanhã saberemos bem cedo...

São o que são 
são felizes ou não...

(Extraído do livro "Jullyano e As Nuvens" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Promessa Solene

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Prometo de hoje em diante:
me preocupar com as manhãs,
independentemente se elas
forem ensolaradas ou de chuva,
tenho que aproveitar todo o meu tempo
e se acordei, logicamente, estou vivo...

Prometo também:
não ser apático, não ser indiferente,
o sofrimento de muitos é o meu,
não quero ser com muitos tolos,
que pensam que a felicidade é exclusiva,
isso tem outro nome - solidão...

Prometo ainda:
não deixar a amargura matar minha alma,
nem a mágoa envenenar meu coração,
nem tão-pouco o egoísmo endurecer meus passos,
não se precisa muito para poder viver,
as crianças e os bichos nos ensinam isso...

Ainda prometo mais:
tentar rir quase sempre, nas situações mais adversas,
a vida e a morte não são minhas inimigas,
apenas oferecem aquilo que de melhor possuem,
o destino vem apenas cumprir o seu papel,
quem escolheu os meus erros fui eu...

E continuo prometendo:
tentar ser o mais simpático possível,
tentar compreender as coisas que estão ao meu redor,
não ignorar a beleza de todas as coisas,
nem todas as que quero podem ser minhas,
mas sempre há um lugar em minha alma...

E por fim, prometo:
tentar aproveitar as lições da minha dor,
ela veio ao meu encontro para ensinar-me
à dar o justo valor às coisas que alguém
um dia criou e generosamente me deu,
sim, isso eu prometo solenemente...

Ações Precisas para Minha Amada com Meias Verdes

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coloque suas meias de hortelã
sorriso na cara mesmo se chora
engula rápido qualquer manhã
o tempo não espera vai embora

tire a roupa pra ficar bonita
fique tranquila pois vem temporal
não esqueça de pôr um laço de fita
pode ser que inda hoje tenha carnaval

nem me pergunte das noites passadas
eu devo ter ficado alegre e quase rico
ou ainda fiz mais de mil mancadas
alegre como qualquer mico de circo

não me esqueça sequer uma só vez
tenho me esforçada pra ser um normal
tenho mais alegrias mais que fim de mês
guardei quase todas elas lá no quintal

esqueça que dia desses cheguei carregado
eu estava feliz por isso cheguei cantando
estava rindo porque eu fiquei encantado
você estava acordada quase me esperando

coloque esses óculos bem na sua cara
assim você fica com aquele jeito sério
não é todo mundo que tem uma beleza rara
quando fica com esse seu ar de mistério...

A Razão da Razão da Razão

a razão da razão
tudo incomoda
aconteceu?
virou moda...
despertos sinais
espertos demais
me traga os sais...

o feliz é infeliz
tudo termina
esquentou?
vai pra piscina...
a puta barata
chuta a lata
não fere mata...

a feição da afeição
ficou demais
bicho pegou?
volta pra trás...
momentos secretos
monumentos discretos
o curvo tá reto...

o extremo do extremo
subiu o preço
não sabe ir?
pega o endereço...
falei por falar
o rei vai pensar
não vou mais amar...

o feto do afeto
ele já cresceu
quem pegou o queijo?
não fui eu...
janelas contentes
favelas decentes
descobri sou gente...

a espera me espera
demora anos
por que você chora?
caíram planos...
a santa safada
é tanta piada
caí da escada...

a sombra assombra
um breve futuro
o que você quer?
vou pular o muro...
honesto ladrão
protesto na mão
senhor capitão...

a razão da razão
agora incomoda
aconteceu?
virou foda...
eu sou um corisco
eu dei um rabisco
não choro foi cisco...

(Extraído do livro "Palavras Modernas" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Poemeto Calado

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Desculpe, amor, fechei a boca
eu deveria ter gritado
gritar aos quatro cantos do mundo
mas permaneci calado...

Calado como eu estou agora
estando triste ou contente
silencioso feito um bicho
quieto como fosse gente...

Desculpe, amor, eu vou embora
ando sempre apressado
mas te prometo que em outra hora
não ficarei mais calado...

O Sentido da Vida

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Morreu como todo mundo morre
viveu como só ele poderia ter vivido
é assim que o tempo afinal escorre
e nem percebemos o seu sentido

O sentido da vida? Apenas viver
viver vários anos ou apenas um dia
amar e sorrir e odiar e sofrer
e talvez andar junto com a alegria

Conhecer tudo ou não conhecer nada
ser alguém e estar sempre presente
ou viver apenas de boca fechada
pobre e esquecido e muito doente

A vida sempre vai sempre lhe mentir
não por maldade e sim por pena
algumas vezes subirá e irá também cair
com o vida sempre agitada ou serena

Será sempre lembrado ou lembrado não
pelas coisas que fez ou por ter omitido
algumas vezes egoísta ou repartiu o pão
sua vida foi tragédia ou algo divertido

Assim é a nossa existência, caro amigo
não se importe se outros falem besteiras
cada um com seu ponto de visto e digo
que são quase todas certas as maneiras

Chorando muito ou ainda rindo demais
essa é a nossa única alternativa - viver
e mesmo chegando muitos temporais
vem vindo o que temos de cumprir - morrer...

terça-feira, 28 de maio de 2019

Poesia Gráfica V

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A L I N H A Q U E D E S C E
A L I N H A Q U E S O B E
A L I N H A Q U E T O M B A
N Ã O M A I S S E M O V E

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I N S A N O E I N O C E N T E
P
   E  
        R 
            I 
               G
                   O 
                       S
                          A 
                             M
                                  E 
                                      N
                                          T
                                              E
I N S A N O E I N O C E N T E

...............................................................................................................

C A N T E M
J A N T E M
T R A T E M
M A T E M
A R R E M A T E M
TUDO É PERMITIDO ENQUANTO
PROIBIDO NÃO É

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P O B R E S L I N H A S
R I C A S P A L A V R A S
O S V E N T O S F A Z E M S E N T I D O
D E P O I S Q U E O S Ã O
S E M S E N Ã O

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S T A N D D E T I R O
E S T A N T E D E V I D R O
E M T O D A P O E S I A
S O M E N T E E S T I L H A Ç O S
F O R A O S E S P A Ç O S

...............................................................................................................


S I M I L A R
A S S I M I L E I
P E L O A R
N E M S E I
A T I R A R
A T I R E I

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Avaria em Qui'Zapar

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Eu ainda me lembro dos teus olhos
duma cor de verde quase inexplicável
e aquele sotaque quase que estrangeiro
Não houveram luas suficientes 
e eu muito lamento até hoje em dia
por um tal acidente de percurso
São muitas e muitas luas que acendemos
como se fossem velas de natal
ou de outras datas que nem comemoramos
Rias com uma seriedade marcante
como só fazem os que são deveras fortes
ou os que tem enigmas para guardar
Apenas sei fazer umas pequenas contas
e mais nada posso nesses dias 
que agora se apresentam como nulos
Onde estás? onde estás?
pergunto eu aos sábios sem resposta
mas sei que existem vários caminhos
Não considero mais absurdo algum
que estás feliz com outras histórias
que não são aquelas que te contaria
A solidão é um fruto bem amargo
mesmo que as suas flores atraiam
as abelhas que estiverem por perto
Nunca mais pedirei notícias tuas
porque sei que não estás por perto
e adivinhar é uma algo proibido
Não te culparei por não entenderes
toda aquela minha timidez de menino
e nem os meus segredos de mais velho
Quem sabe algum milagre possa acontecer
como tudo pode acontecer em cena
e as luzes do palco de repente se acendam
E aí nesse dia tenho toda certeza
que as nossas lutas hão de cessar
e não estaremos mais sozinhos

(Extraído da obra "O Livro do Insólito e do Absurdo" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Nem Eu Sei O Que É

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Salamandras contam-se à dedos.
Falta gás para noturnos pesadelos.
Eu mesmo faço minhas escolhas.
Num momento para outro tudo acabou.
Há segredos fúteis em passadas décadas.
As palavras acabam me escolhendo.
Nas mentes desfilam objetos concretos.
É preciso discrição na descrição.
Algumas realidades são ilusórias.
Os clarins anunciam novas filas.
Acabei misturando diversas misturas.
Guarda-sóis e guarda-chuvas estão vindo.
Os absurdos agora não vêm mais à galope.
O ilógico também possui algum argumento.
Sou testemunha de minha própria criação.
O meu tempo eu mesmo desfaço.
A abundância de detalhes é que fez a festa.
Não entender pode ser também remédio.
Alguns chatos acabaram de chegar agora.
Eu me esqueci e isso pode ser muito bom.
Nunca peça desculpas ao seu agressor.
Os piões são quase imunes à tontura.
Eu só sei o que faço todas as vezes que não sei.
Tudo é simples demais para portas e janelas.
Metade das flores são boas e a outra metade não sei.
A menor distância entre dois pontos é o cansaço.
A única coisa que me dá medo é o medo.
Melhor seria se certos conceitos fossem confeitos.
Eu estalo os dedos e acabam saindo faíscas.
Perguntas e respostas são instrumentos da Inquisição.
A inocência sempre apronta das suas.
Nosso sintetismo independe de drogas sintéticas.
As decisões foram elaboradas para fins recreativos.
Algumas curvas são as retas mais perfeitas.
O meu ciúme só é maior que o Universo.
Os deslises são bons quando podem deslisar.
Aprendi à fazer castelos de papel mais sólidos.
A calma é um punhal altamente perigoso.
Estou ao ponto de rir de minhas próprias tristezas.
A morte diz verdades e a vida fica disfarçando.
Andar na corda bamba acaba virando rotina.
Dou sempre importância para coisa alguma.
Liquidações e grandes feitos são bem parecidos.
Os transfers acabaram por me ensinar muitas lições.
Tudo é embora não consiga ser jamais.
Eu vejo tudo e até aquilo que nunca quis.
Flechas e sites nos carregam generosos para abismos.
A indiferença acabou de decolar e não tem previsão de volta.
O que não conheço é como um encantador de serpentes.
O cerimonial esconde muitas pedras sob o tapete.
Consegui vários diamantes para jogar bola de gude.
O avesso tem seus requintes de certa normalidade.
Basta uma gota de veneno para que meus sonhos voem.
Nunca fiz questão alguma de alguns milagres.
Quero ser livre o bastante para poder me aprisionar.
As donas-de-casa agora aprendem física quântica.
E os bordéis ordinários de explicações oportunas.
As novidades só valem depois de ultrapassadas.
A Guerra dos Cem Anos passou muito rápida.
A pose dos ditadores é a dos mamulengos das feiras.
Grandes obras dependem de pequenos passos.
O luxo pode ser a maior pobreza que se escolhe.
Fico sempre ofendido se me apontam uma qualidade.
Os tiros do silêncio acabam acertando sempre.
A maioria das histórias são bem parecidas.
Os insetos demonstram esperteza com seu tamanho.
Eu acabo sendo o palhaço de todo mundo.

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Princípio das Coisas

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Básicos todos. Pé, mão, cabeça. Toda superfície da pele, cada centímetro, zona mapeada. E eu em versos quase loucos em frenético movimento, passos compassados em pura camuflagem.
Invertem-se todas as coisas. Pesadelos são fáceis demais. O relógio se recusa à sair de seu sono, madrugada alta, não perturbe mais ninguém.
Espero em minha ânsia calculada, novos problemas que satisfaçam antigas soluções. Minha mente funciona como um baú fechado, todos os quatro ângulos assim se parecem.
Espelhos tomam sustos às vezes, acabaram contando sérias piadas e eles mesmos riram. Eu mesmo aponto o dedo em minha cara, acusar é o mais fácil ofício de todos.
Coloco minha loga capa, escondo meus defeitos. Sou mal o suficiente para o meu agora. Caprichem nos esboços de versos quebrados, são como segredos de família.
Não sou sábio, sou um tolo e faço questão de sê-lo. O menino colecionava selos, mas seus objetivos eram bem outros. Poços fundos possuem mais mistérios.
O pajé acaba de descobrir uma nova tecnologia de milênios. As nuvens cinzentas param um pouco para descansar. Eu sou o príncipe de minhas próprias astúcias. Torradas branquinhas com café caem muito bem.
Todo crime é bem vindo em terra de criminosos. A falácia algumas vezes prefere ficar calada. Há novos testes pros variados produtos que andam por aí.
Os ventos podem ser bem pontuais. Mas máscaras acabam enganando à si mesmas. Tenho pena dos meus outonos, sobretudo quando imitam inglórios verões.
Não consigo me levantar do sofá da sala, nem sair da frente da televisão. Sou afeito a autoflagelos e esse é um deles. Acabo perdendo tempo demais como todas as outras pessoas.
Uma histeria toma conta de mim em dias calmos, nos outros que restam também. Sodoma e Gomorra é loga ali, basta apertar um botão. Fatos são fotos deslumbradamente fora de foco.
A diversidade de pratos acabou tirando-me o apetite e eu sei muito bem disso. Acabei me acostumando com velhas figuras das cartilhas de antes e isso é o que chamamos gafe.
Inda ontem mesmo tomei um guaraná com Wilde. Pareceu-me um pouco triste com os novos clichês que acabaram de ser inventados. Paredes caem enquanto outras se erguem. 
Acabei de fazer um chá. Quem vai?

(Extraído do livro "Insano" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Já Passou

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As estranhas águas que sonhava
O amor que nunca alcançava
O colo de mãe que eu deitava
Foi de um tempo que não voltou
Pois tudo... tudo passou...

Lindas manhãs que eu acordava
E o frio no chão que eu pisava
E os sóis no quintal que desenhava
Um vento malvado tudo levou
Pois tudo... tudo passou...

Aquelas férias que tanto esperava
Os lugares bonitos que eu passava
O mar tranquilo que me banhava
Veio o destino e ele me roubou
Pois tudo... tudo passou...

E a escuridão que eu até gostava
E dentro dela o bacurau cantava
E o lampião velho me iluminava
A casa velha já desabou
Pois tudo... tudo passou...

E um final que eu não aguardava
Final patético que me restava
Um triste andarilho que andava
Por esse mundo que me restou
Pois tudo... tudo passou...

(Extraído do livro "Muitos Dias Já Passaram" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Ponha Na Conta

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Pode pôr na conta que depois eu pago
Essa vida é mesmo parecida com um trago
Que a gente pede e bebe cheio de vontade
E depois se arrepende quando na metade
Não deveria ter nem ao menos pedido
Até agora estamos procurando um sentido
Pra estar no meio de toda essa palhaçada
É tanta luta bruta que vai dar em nada

Pode pôr na conta que eu pago certinho
Mesmo estando doido não erro o caminho
Já ficou normal eu viver desse jeito tonto
É aqui que eu venho bater o meu ponto
Eu sento na mesa e me ponho à rabiscar
Quantas vezes estou triste e venho chorar
Me perdoem eu não sou mau elemento
Pras misérias da vida não há julgamento

Pode pôr na conta que eu pago amanhã
Eu não sou o melhor nem sou bambambã
É que hoje eu vim pra cá desprevenido
Com tanta coisa ruim que tem acontecido
Tão querendo acabar com os carnavais
E tem gente por aí que tá mentindo demais
Muita cara de santo no ombro do capeta
E eu aqui ansioso pra acabar logo a treta

Pode pôr na conta que eu pago logo logo
Eu sou um bom jogador e amanhã jogo
Vou apostar e tenho uma grande barbada
Tenho um milhar pra ganhar uma bolada
Vou fazer uma festa dessa vez lavo a égua
Pro meu fígado não vou dar nem trégua
E aproveite e me dê logo mais um cigarro
Que já está na hora e vou puxar meu carro

Pode pôr na conta que depois eu pago...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...