Desde
o tempo que o tempo era tempo. E eu fazia que fazia e não fazia. Porque eram
outros os olhos que fitavam a paisagem bonita e sem cores que se destacassem.
Sim. Claro. Eu já espreitava em rostos que não eram meus os planos que nunca
pude fazer. Eram planos bons beirando o impossível. Mortas flores que iriam
brotar. Flores mortas em cerimônias solenes de um desespero nascido aqui mesmo.
Pensem em tudo que não veio. Em barcos sem velas que não partiram do cais.
Porque o cais não existiu. Nem os ventos também. Dedos sem anéis em mãos estendidas. Súplicas
trêmulas junto a olhares suplicantes. Eu suplico. Com a idade dos números.
Antes que as pedras fizessem as pirâmides. E os faraós dessem seus últimos
suspiros. A Esfinge nunca foi tão clara. E tão amigável. Os passarinhos pousam
em sua cabeça e em seus ombros para cumprirem seu ofício. Dali partirão pelo
mundo procurando mais jardins. Poderemos segui-los em suas migrações. Milhares
de quilômetros. Os que não forem velas serão asas. E as asas dificilmente se
partem. Esqueci minhas cicatrizes. Esqueçamos as cicatrizes e as feridas
também. Elas fecharão por si mesmas. Como num passe de mágica. Presto!
Abracadabra! Agora você vê. Agora você
não vê. As ilusões de óptica são reais. E as cartas não mentem jamais.
Ciganamente falando a estrada sabe bater e acariciar de acordo com o passar.
Olhe as estrelas. Milhares delas nos olham também. E se perguntam sobre tão
estranho ser. Eu sou aquilo que eu mesmo nem sei. Eu sonho aquilo que desconheço ser. Atrás de
cada espelho só existem estranhos. Cada manhã nosso corpo acorda com outra
alma. E uma rotina estranhamente original. Tudo se repete e nada se repete.
Tudo existe e nada se prova. Tudo se quer e nada satisfaz. Do contrário o pano cairia antes do final da
peça. A insatisfação é o sal de todas as terras. E a simplicidade é a equação
que tudo move. Vamos que vamos! Mesmo que a carruagem quebre na estrada. E os
cães parem de ladrar. Vamos que vamos! Sou o cavaleiro e a montaria e o galope
numa coisa só. A montanha e a altura e a vertigem. A fogueira e a febre e a
fuligem. Como os alquimistas tentam
descrever. As letras do alfabeto. As brancas nuvens num paciente rebanho. Em
pastagens celestes. De sonhos em que casas e cadeiras sobrevoam árvores com
espessas folhagens sem frutos. E a altura é o risco. Escorregar em escadas também
é bom. O risco se transforma em riscos de desenho. E isso pode ser divertido.
Nunca mais eu tive pressa e nem perdi minha voz. Me prostro aos deuses procurando o perdão e o
perdoar. Não me importando com os espinhos e os invejosos. Tambores tocam ao
longe. O sangue antes parado agora circula em rápidas voltas. Eu sou filho da
Esfera. Eu nasci do fogo. Nele permaneço sem vírgulas e nem reticências. Mas
cheio de interrogações. Eu as faço sem hesitar.
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
domingo, 1 de abril de 2018
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Alguns Poemetos Sem Nome N° 322
O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...
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O caminho que vai dar no mar. Consequências de tudo o que pode acontecer. E lá estão barcos e velas incontáveis. E amores em cada porto ...
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Não sabemos onde vamos parar Mas qualquer lugar é lugar Quantos pingos nos is temos que colocar Quantos amores temos que amar Quantos ...
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Um sorriso no escuro Um riso na escuridão Um passado sem futuro Um presente em vão... Mesmo assim insistindo Como quem em a...
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