segunda-feira, 23 de abril de 2018

Teoria da Necessidade

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Necessitamos de alguma coisa sempre. Assim somos nós. Não poderia ser diferente. Somos o que somos e não podemos evitá-lo. Faz parte de nossa natureza. Como negá-lo? Grandes exigidores no tempo que corre com sua infinda paciência...
Necessitamos de coisas simples. Mas acabamos complicando tudo. Faz parte do nosso drama. Tragédias gregas são encenadas sem palcos e sem plateia alguma. Choramos mais por hábito. A nossa realidade sempre traz consigo sua lente de aumento...
Mas... do que realmente necessitamos?
Necessitamos de mais um pouco de ternura. Acabamos cegando à nós mesmos. Para depois reclamarmos de nossa escuridão. Olhamos as pedras do caminho, mas esquecemos das flores. Reclamamos da falta de tempo, mas ignoramos as oportunidades que a alegria nos dá...
Necessitamos de mais compaixão. Compaixão por nós mesmos. Deixemos de nos sacrificar por algumas moedas à mais, por alguns comentários mais favoráveis que nem sempre são sinceros, por ganhar uma corrida que não levará à lugar algum, por uma fama que nos levará ao ridículo em algum tempo futuro. Compaixão pelo próximo. Pelos defeitos dos outros, pelos erros das pessoas, pela inconsequência delas. Afinal de contas, nosso tribunal sempre acaba nos absolvendo...
Necessitamos de mais um pouco de loucura. Não a loucura que enche as celas dos cárceres, não a loucura que lota os pátios dos manicômios, desta não necessitamos. Mas a sã loucura que alimenta a alma, a alma que diversas nos implora o fim da rotina. Saibamos tentar mais, correr mais riscos necessários, rir sempre, dançar nas ocasiões mais insólitas, perdermos o medo de mostrar o que realmente sentimos...
Necessitamos de mais asas. É preciso uma imaginação que nos incomode, que chegue nos momentos mais inoportunos. São precisas mais paixões, mesmo que elas representem seu perigo, assim como os abismos que sempre são belos...
Necessitamos mais de nós mesmos. Levamos o tempo todo nos aniquilando pela unanimidade, nos tornando uma página em branco pelo óbvio, temos mais medo das críticas do que da própria morte...
Necessitamos mais de correr só por prazer, de dançar porque se tem vontade, de fazer aquela visita inesperada, de ligar para o velho amigo que não falamos à um certo tempo, de ouvir velhas histórias que sempre nos agradaram...
Necessitamos, enfim, de vivermos hoje sem ter medo do que certamente chegará... 

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