domingo, 1 de abril de 2018

Maldosamente


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A mãe bate maldosamente no menino cego
Porque ele está teimando chorar
Como gostaria que o inferno abrisse o chão!
Por isso me arrependo de todos os pecados
Menos daqueles que um dia cometi
Falta algum perdão em meus bolsos
Já os gastei comigo mesmo
Andar pode ser uma boa opção ou não
Depende de que tipo de fome nós temos
E quais são estes arlequins de cristal
Nem em praias tropicais encontrei tanto
Nem na falência de sólidas fortunas
É que às vezes cinzeiros me surpreendem
Depois da quinta dose do bom e velho conhaque
Eu tento anotar tudo que vai passar
Existir é mais uma não-existência meio teimosa
Não há mais pratos para servirem o almoço
E a simplicidade ainda me leva até as lágrimas
Nunca encontrei mais sabedoria além dela
Mil palavras encontrei no meu baú do tesouro
E não posso reclamar sequer um pouco
Faz parte desta corrida de nosso século
E ainda tem mais depois da espera
Cuidado! Não soltem as feras das jaulas!
Confortavelmente vivemos tão mal!
Mas não sabermos porque é um consolo
Minhas mãos estão trêmulas demais
E os meus pés mais vacilantes do que nunca
E os meus passos afoitos para o nada
Quase nunca tudo foi tão assim
Mas agora já foi dada a última largada
Não duvidem de toda essa incerteza
Tudo foi feito para rir e não para chorar
Se repito coisas e coisas e mais coisas ainda
É porque fui sorteado para tal encargo
Eu até não queria e insisti para tal
Mas os argumentos que foram apresentados
Valeram bem mais que as trinta moedas de praxe
Não existe mais perigo algum que o valha...

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