domingo, 22 de abril de 2018

Crônica da Casa Destruída

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Por mais que queiramos - não sabemos. Onde vamos parar? Não imaginamos. Porque o insólito, o inédito, o absurdo são os temperos usados nessa estranha alquimia que estamos submetidos. Não esperemos o final feliz, esperemos apenas mais um final...
A minha, a nossa, a paciência de todos é deveras muito pouca. Somos humanos. Não somos pedras. E mesmo quando gostamos - a dor nos incomoda. 
Somos culpados disso tudo? Em parte sim, em parte não. Pulamos do abismo, a culpa é nossa, mas nossos olhos nasceram cegos, esta não foi nossa culpa. Que culpa temos se nos falta a sensatez?
Andemos, andemos até não podermos mais, é a única coisa que podemos fazer aqui e agora. Nem o tempo nos espera tomar algum fôlego. Cada dia tem sua triste tarefa de se matar...
Amemos, sempre e mais um pouco. Não importa qual tipo de amor, grandioso ou mesquinho. As próprias cores não nasceram para agradar à todos. A unanimidade é a coisa mais perigosa que há...
Não nos preocupemos de forma alguma com o amanhã. O amanhã é um animal arisco que nos desconhece. E mesmo quando tentamos lhe fazer algum carinho, algum afago, ele nos estranha e nos ataca. Sua mordida dói e seus ferimentos nunca cicatrizam...
Vivamos, é a único bem que temos de verdade. Não faz parte de nossa natureza abreviar nada. Há duas formas de suicídios e todas elas desastrosas. A primeira é a do corpo, quando você num egoísmo desesperante vai embora antes da piada terminar. A outra, a pior delas, é quando você continua vivo e não quer mais ser você mesmo. Muitos mortos andam por aí sem seu atestado...
Por mais que queiramos - não sabemos. Esperamos ás vezes o mais certo dos nãos e a resposta seria sim. A felicidade é como a água, inodora, insípida, incolor. Nem eu, nem você, nem ninguém saberá quando ela vem, quando ela está, nem quando ela vai embora...
Use a ternura quando puder, mas tenha muito, mas muito cuidado mesmo. Ela pode fazer qualquer coisa, quase como Deus. Ela pode levar anos à fio para derrubar um castelo feito pelo menino na areia e num segundo apenas destruir estrelas apenas com sua vontade...
Não se culpe pelas tristezas do mundo, pelas injustiças dos homens, pelas maldades que são executadas nos segundos que correm. Você certamente não as causou. Mas, se culpe sim, de não ter feito nada para que elas se acabassem...
E por fim, tenha sempre esse mal em mãos - a esperança. Toda casa destruída pode ser reconstruída mesmo quando já não é a mesma...

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