Trapos do dia.
Cheiro de comida no ar.
Urina também.
Pombos com seus alvos.
Pássaros desconfiados.
Sonos nas calçadas.
A ventania varre.
Todo lixo possível.
Cemitério de folhas.
As putas vão dormir.
Uma bala perdida zune.
Qual abelha enfurecida.
Pobre cidade.
Apática e fodida.
Tudo tem pressa.
Sobretudo morrer.
Cachorros mordem pulgas.
Gatos tomam seus banhos.
Mediocridades pedem palmas.
E bundas novas.
A favela morre de medo.
Toda crueldade acaba.
É só questão de tempo.
Tudo acaba.
Carnes tão frescas.
As moscas irão pousar.
Pentelhos cairão também.
A manhã será tarde.
A tarde virará noite.
A noite se suicidará.
Trapos do dia...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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