quinta-feira, 6 de julho de 2023

Não

Não perca nunca o silêncio

E convide o barulho pra dançar.

Um sorriso sem graça no canto da boca

Pode salvar um dia quase morto.

Entramos na máquina do tempo

E agora não podemos sair.

Todos os caminhos poderão

Apenas chegarem na esquina.

Todo plano pode ter dado água abaixo

E os rios às vezes são cruéis.

Repetir pode até ser bom

Só vai depender de qual doce será.

A novidade caiu no chão e quebrou

Na hora do conserto faltou a cola.

Toda verdade é em preto-e-branco

Todo boato possui todas as cores.

No Calvário de um pobre poeta

Choram desesperadas todas as palavras.

No meu funeral foi tão pouca gente

Que até eu esqueci de comparecer.

O resto sempre será apenas resto

Já disse um dia um grande sábio.

Na praça da agonia não achei graça

Para gastar meu escasso riso.

Eu tenho apenas singelos gestos

E os olhos fazem o resto das tarefas.

Vamos alimentar nossos monstros

Antes que ele nos coma também.

Todas as invenções de Hollywood

Não chegam aos pés da realidade.

Encanto de velhas canções já caíram

Da parede e ninguém notou.

Selinho dado às pressas no portão

Para nenhum curioso nos notar.

Desconheço se é amor ou paixão

Nunca fui muito bom em cálculos.

Os espelhos continuam indecisos

Em suas mais simples questões.

Algumas respostas são amargas

Enquanto outras nem tanto assim.

Não perca nunca o silêncio

E convide o barulho pra dançar.

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