Faço gestos perdidos com meus dedos
Mais um louco contando passos
Mas perdendo as suas contas
Eu tenho medo que a roda me atinja
Como o condenado amarrado
Na boca do canhão que será disparado
Arrasto meus chinelos como um inútil
Que perdeu seu tempo em bizarrices
Que tentou entender coisas tão fúteis
E não deu importância ao que era
Meus olhos agora são vãs artefatos
E minhas palavras não podem retroceder
Como num filme americano de suspense
Que eu mesmo acabei esquecendo o roteiro
E as próprias palavras não sabem seu lugar
Todos os momentos tornaram-se meias-noites
E nem mesmo eu sei se isso é bom ou ruim
Alguns passarinhos invadem placidamente
O silêncio do meu quintal impregnado de saudade
Mesmo quando finjo que não há mais nenhuma
Sorrateiramente ainda fujo do inevitável
Até o carrasco cumprir seu papel
A bailarina ainda não caiu no palco
Tim-Tim por Tim-Tim junto minhas saudades
Para fazer disto um arranjo para a sala de estar
Muitos carnavais congelaram-se eternamente
Enquanto algumas varandas dormiam
Todo sossego é uma simples e banal ilusão
Eu sigo meus rastros de forma meticulosa
Não há mais estátuas de material algum
Só algumas tristes estátuas feitas de ar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário