Minha imperfeição (quase amor)
saúda e pede passagem...
Acordei cedo nessa manhã fria
(silêncio nesse bairro filho-da-puta...)
e mesmo não tendo coragem suficiente
de sair debaixo desse chuva de merda
para escorregar nesse asfalto traiçoeiro,
fico aqui com raiva dos meus sonhos
igualzinho um siri na lata...
Não devo fazer barulho nenhum,
já basta o barulho do dia,
desse dia que será uma merda igual aos outros...
Senão vejamos o que vai acontecer:
alguma bala perdida (achada)
irá matar mais um inocente
para que haja a mesma falsa comoção
dos nobres componentes desse nosso rebanho,
outras violências, novos humanos erros,
novas orações para quem cagará e andará...
Senão vejamos o que não vai acontecer:
outro amor não resultará em nada
(apenas mais uma brochada feia, não?)...
Mas mesmo assim será a mesma rotina:
Outra promessa solene para ser descumprida,
outro anjo arranjando vaga no inferno,
outra boca beijando finalmente o asfalto
antes de dar um lindo passeio de rabecão...
Ajoelhe-se na minha frente lentamente
e faça sua boca me levar até as nuvens...
Sente lindamente em meu colo
e me faça sentir o peso de todos os séculos...
Estou quase me sentindo humano,
quase não prestando novamente,
feito um desgraçado que xinga a mãe,
que taca pedra em passarinho
(e que acaba escondendo tudo isso
nesse novo moralismo de merda)...
Na verdade, eu não presto,
ninguém vale porra nenhuma,
é tudo farinha do mesmo saco
e apagar esse meu desabafo não vai dar em nada...
Nada, nada, nada, porra nenhuma,
tudo vai continuar a mesma coisa,
a mesma fome e a mesma vontade de cagar,
a mesma vontade de mijar no ataque de riso,
igual medo com uma arma apontada nos cornos,
a mesma mediocridade de versos vulgares
que dias melhores irão chegar (o caralho!)...
Não me faça promessa alguma!
Esperança é um vírus que mata também...
Minha imperfeição (quase amor)
saúda e pede passagem...
Foda-se o seu sono que não dará em nada!
Eu queria agora era dançar um tango
(mesmo com a barriga vazia)
colocando a mão no traseiro dela...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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