- Circo de cavalinho chegou na cidade!
- Fala não, zerento de proa! Verdade?
- Verdade mais verdadeira do que do Zé Muleta! Daquelas boas que nem pingota goela abaixo!
- Hum... Assim sim... E quando estréia?
- Acho que no dia da estréia...
- Isso, como manda o figurino.Tem alefante?
- Ih, tem não. Tá no regime dos brabos...
- Mas tem leão, apois?
- Esse se atrasou na outra cidade fazendo permanente na cabileira...
- Vaidoso que nem ele só... Mas tem paiaço?
- Tem não, esse riu demais, engasgunou e foi parar no cartola...
- Ah... Tem tirador de faca?
- Tem não, seu minino... Deu uma soluceira das de quebrar varido e quase que acertou em todo mundo...
- Mágico tem?
- O que tinha saiu estrumbado por aí porque disseram pra ele que mágica é coisa do demonho...
- Mas que cirquinho merdota, hem? Tem equilibrista?
- Ter, tem, mas deu labirintite no cidadão...
- Ara, só falta dizer que não tem bailarina...
- Casou e foi simbora...
- Tem cara que bota fogo pelas ventas?
- Teve crise de soluço e queimou as beiças...
- A bandinha toca bem?
- Que bandinha? Tem não...
- Mas que fuleca! E o apresentador? Tem vergonha não? Mostra o que?
- Mostra nada... Quer dizer... Mostra o que o circo tem, uai...
- E lá tem alguma coisa pra mostrar?
- Tem sim, até demais...
- Minha entendença foi lá pra esquina beber uma e já volta...
- É simples, simples, simples...
- Começa...
- Pois abem.. Tava eu na bodega do Toinho da Miota, aquela de esquina na praça, conhece?...
- Craro, conheço sim...
- Pois abem... Escuto aquela fogança, aquele andajo de gente pra lá e pra cá... Muito barulhado pra pouco ouvido e fui ver...
- E...
- E aí foi aquela maravilha, bicho gago...
- E...
- Primeiro aquela faixona do tamanho das ventas do pai-d'égua:
"CIRCO DO MUNDO".
- Ara, Circo do Mundo? Que tica de circo do mundo é esse se não tem nada...
- Mas aí é que tá...
- Tá o que?
- Depois vinha aquele cara de bigode parecendo duas asas de tiziu chamando atenção dos zoiudo:
"Respeitável público, é com muito prazer que apresentamos o Circoooooo do Mundooooooo!!!!!!"
- Continua nessa sua continuança birolha...
- E aquele som bonito vindo de lugar nenhum...
- Coisa do capeta, então!
- Bem, na verdade, vinha dumas caixa grandona que tava em cima duma fubica...
- Ah, coisa dessas de cidade grande...
- Acho que sim, acho que não, nunca se sabe a mandinga do mandingueiro... Mas vamo que vamo... E continuou falando. E falou e falou e falou, parecia até minino fazendo pregunta...
- Falou do que?
- Do circo, uai! Das tetas da mocha que não foi né?
- Isso eu sei, estrume de gato, mas o que?
- De que aquele ali era um circo diferente.
- Diferente como?
- Diferente, não tinha as atrações dos outros cirquinhos.
- Exprica...
- Esse tal de circo é bem fuzuco, deve ter mais tempo que a cumadre Carola Benzedeira, num sabe? No começo era um circo desses que tem por aí... Com alefante, domador, paiaço, bailarina que rebola mais que dança, cara forte de rasga-peido, tudo conforme manda o catecismo... Só que deu uma estrimbeira no tal do dono...
- ...
- Estrimbeira essa daquelas que dá em quem percorre o mundo e nem é cego e nem é bitoco da cachola, entende?
- ...
- Viu de tudo por aí, sabe? Viu, tocou, provou, do bem-bom ao mairuim. Como poucos podem fazer...
- Sei...
- Que bandinha? Tem não...
- Mas que fuleca! E o apresentador? Tem vergonha não? Mostra o que?
- Mostra nada... Quer dizer... Mostra o que o circo tem, uai...
- E lá tem alguma coisa pra mostrar?
- Tem sim, até demais...
- Minha entendença foi lá pra esquina beber uma e já volta...
- É simples, simples, simples...
- Começa...
- Pois abem.. Tava eu na bodega do Toinho da Miota, aquela de esquina na praça, conhece?...
- Craro, conheço sim...
- Pois abem... Escuto aquela fogança, aquele andajo de gente pra lá e pra cá... Muito barulhado pra pouco ouvido e fui ver...
- E...
- E aí foi aquela maravilha, bicho gago...
- E...
- Primeiro aquela faixona do tamanho das ventas do pai-d'égua:
"CIRCO DO MUNDO".
- Ara, Circo do Mundo? Que tica de circo do mundo é esse se não tem nada...
- Mas aí é que tá...
- Tá o que?
- Depois vinha aquele cara de bigode parecendo duas asas de tiziu chamando atenção dos zoiudo:
"Respeitável público, é com muito prazer que apresentamos o Circoooooo do Mundooooooo!!!!!!"
- Continua nessa sua continuança birolha...
- E aquele som bonito vindo de lugar nenhum...
- Coisa do capeta, então!
- Bem, na verdade, vinha dumas caixa grandona que tava em cima duma fubica...
- Ah, coisa dessas de cidade grande...
- Acho que sim, acho que não, nunca se sabe a mandinga do mandingueiro... Mas vamo que vamo... E continuou falando. E falou e falou e falou, parecia até minino fazendo pregunta...
- Falou do que?
- Do circo, uai! Das tetas da mocha que não foi né?
- Isso eu sei, estrume de gato, mas o que?
- De que aquele ali era um circo diferente.
- Diferente como?
- Diferente, não tinha as atrações dos outros cirquinhos.
- Exprica...
- Esse tal de circo é bem fuzuco, deve ter mais tempo que a cumadre Carola Benzedeira, num sabe? No começo era um circo desses que tem por aí... Com alefante, domador, paiaço, bailarina que rebola mais que dança, cara forte de rasga-peido, tudo conforme manda o catecismo... Só que deu uma estrimbeira no tal do dono...
- ...
- Estrimbeira essa daquelas que dá em quem percorre o mundo e nem é cego e nem é bitoco da cachola, entende?
- ...
- Viu de tudo por aí, sabe? Viu, tocou, provou, do bem-bom ao mairuim. Como poucos podem fazer...
- Sei...
- Aí, não sei o pobre ficou fraco dasidéiam ou então asidéia que ficaro franca que nem vela quando cai no tombo...
- E aí?
- Aí, premero o cabrito berrou que nem leitoa nazora da pururuca e depois caiu num mudismo de fazer abrir butuca de cego... Aí...
- Fala logo, condenado de bria, tá parecendo cãodidato querendo vaga na roubadagem, seu pedaço de tica...
- Pois bem, o tal dono, arrumou um negócio mió dosmiores, num sabe?
- Ara! Arrumou o que? Fala logo, seu alumiado de querosena!
- Pois um circo bem diferente, nada que nem esses cirquinho de punduca que tem porraí - o "Circo do Mundo"...
- Exprica mais...
- Nesse circo as tais de atrações num são as mermas, cumpadri do Demo...
- Então são o que, ordenança do Malino?
- Aí que tá, o homi é o curisco fazendo chá. Ao invés das melecanças que andam porraí, mostra o pau a pau.
- Continua, banha véia...
- Mostra tudo que tem por aí... Mostra a raça ruim que é o serumano, a bosta que é cada um.
- Por exemplo?
- Ara, mostra que esse tal de capitalismo é fuzança e meia. Que por dinheiro matam até a mãe. Trai amigo. Xinga Deuspai, faz criança chorá e arranca rabo de totó. Pica o gato. Deixa o pato pelado. Mexe na cova e acorda o difunto. Mostra que a guerra é pior que o que se enterra na areia. O cara é mucunfo mesmo, mostra ali, na lata ou sem lata. É no pinico mesmo!
- Esse é louco...
- Louco porra nenhuma. Percisava alguém pra mostrar isso pras butucas do gentio. Todo mundo nasce enxergando, mesmo que ansim inocente, num sabe? Depois com tempo, enceguesse de uma vez. Credita em mintira, vira um monte de bagueira e não tem volta. ManCristo tentou isso um dia, acabou dando pelo avesso. Matou mais que veneno no formilgueiro, tava carecendo mais alguém, num sabe?
- Mas quem vai aperceber isso?
- Num pricisa, pricisa nom. Carneiro e gente, gente e carneiro, tudo farinhola da mesma saquinha. Vê até toma vregonha, vregonha que interessa, Num sabe?
- Acho que entrei no trilho. Quando vai ter espetácu?
- Ainda não sei, mas logo que tiver passo lá na tua tapera e aviso. Pode ser, manhoso de mula seca?
- É craro. Só não erra minha cova que nem da última vez, madruguento de peido e meio...
- Tá certo...
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