Em um dia desses, me encontre. Só por alguns instantes detém teu caminho. A pressa não vai diminuir o avanço do tempo, relógios são apáticos e nunca terão pena alguma de alguém. Descansa um pouco, isso não faz mal, essa sombra que aqui está não tem dono algum, não será preciso pagar por ela, é de graça. Assim como tantas pequenas coisas que valem tanto e nem as vemos. Compreendo agora (e antes não pude compreender) que os homens aceleraram demais a história, mas abre uma exceção para mim. Senta, sem medo algum, o medo é apenas uma ilusão que foge ao nosso primeiro grito. Feio que é, vai se esconder em seus inúteis labirintos e de lá não sairá tão cedo. Não há importância alguma se as passarem e olharem com a desconfiança própria dos humanos. Conversar um pouco comigo poderá lhes parecer alguma loucura, assim como todas as outras são, exceto para seus autores. Cada cabeça, uma sentença. Olha agora com atenção minha inscrição. Observa com uma inteligência incomum que ofereço. Enxergue além das aparências. Não está vendo mais além? Olhe novamente, agora com um pouco mais de calma? Conseguiu ver o que mostro? Eu mostro sempre, mesmo quando o tempo continua correndo, as folhas dão seus mergulhos ao chão, os passarinhos se cansam de cantar por aqui e procuram outros lugares para demonstrar sua arte, a poeira acaba se acumulando mais um pouco para repousar sobre mim até que outro vento a leve embora daqui. Compreendeu agora? Eu trago comigo um claro e simples enigma que pode ser decifrado de forma fácil, se for lido com outros olhos. Que olhos? Com os olhos da alma, olhos que nunca cegam se soubermos usá-los com a sensatez dos sábios ou a ternura dos santos. Conseguiu agora? Repare bem nos códigos que trago. Duas datas? Não, não é isso, não são apenas duas meras datas. Não indicam apenas um começo e um fim, mostram um meio, um extenso meio que contém muito mais do que isso. Paixões escondidas, erros não-declarados. Tentativas vãs cobertas de algum riso e muito choro. Maldade e bondade misturadas num só copo qual o veneno que eu mesmo fiz e eu mesmo tomei até que sentisse o seu efeito. Tem mais? Sim, tem mais. Tem uma extensão enorme e a fugacidade pequena dependendo do ponto de vista que seja observado. É tudo que tive de uma só vez e agora aí está. Acima tem um nome. Que nome é este? Foi motivo de pragas e de bênçãos. Muitas foram as ingratidões feitas contra ele e outras tantas cometidas por sua causa. Esse foi aquilo que sempre será e também não. Todo um infinito e apenas mais um dado para uma seca estatística como tantas outras que alguém queira fazer. Apenas palavras, Já leu? Grato pela atenção, esse foi um bom presente, alguns segundos que me foram dados e um dia farão parte de outra história. Todas as histórias serão contadas com a memória das pedras que são únicas para poderem contar, mesmo outras mais tristes que conterão apenas mais alguns enigmáticos números de registro. Segue então o caminho, a curiosidade já foi satisfeita sem mesmo ter sido notada. Tudo sobre uma campa, contido numa lápide, numa simples lápide. Em um dia destes, me encontre, novamente...
Perdido como hão de ser os pássaros na noite, eternos incógnitas... Quem sou eu? Eu sou aquele que te espreita em cada passo, em cada esquina, em cada lance, com olhos cheios de aflição... Não que eu não ria, rio e muito dos homens e suas fraquezas, suas desilusões contadas uma à uma... Leia-me e se conforma, sou a poesia...
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Alguns Poemetos Sem Nome N° 322
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