Eu que ri sem motivo algum
enquanto meus olhos percorriam invisíveis paisagens
e mentia para mim mesmo sobre as alegrias
Eu que fiz os planos mais falhos
esperando que não chovesse em dias de passeios
e acabei com pés cansados e mãos vazias
Eu que fui justamente amar ao desamor
como quem se procura perdido dentro da selva
até que seja tarde demais e as feras tenham fome
Eu que enlouqueci de forma homeopática
que calculei de forma errada quais os venenos
que poderiam me torturar ou não antes do fim
Eu que carnavalei durante todo ano
mostrando para não mostrar o meu desespero
enquanto os dias corriam e se tornavam noites
Eu que me tornei um rei sem reinado
e que cheguei atrasado ao meu próprio funeral
mesmo com frágeis convicções de haver algo à mais
Eu que sorri sem motivo algum
enquanto meus olhos percorriam estreitos labirintos
e tentei responder perguntas que causaram dúvida...
(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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