domingo, 9 de julho de 2023

Lopede


Estar em lugar nenhum fazendo nada

Faltam até mosquitos para me atormentar

Águas paradas e incompreensão quase nula

Em desespero acabei fazendo neologismos

Sentir falta daquilo que afinal nunca tive

Como podem ser cruéis como qualquer um

Muito cuidado com letras e seios também

Par de coxas podem ser tais opcionais

Diversos tipos de loucuras fazem fila

Para subir em meu crânio pouco habitado

Quem erra o tiro acabou mesmo errando

Eram dias chuvosos sem nenhuma chuva

Como o objeto mais abjeto que se pode ter

Minha solidão dispensa quaisquer justificativas

Até o dourado acaba perdendo a sua cor

O peso exato de tudo é o mesmo da lápide

As moscas parecem que hoje tiraram folga

Todo segredo é arquitetado para ser exposto

O meu desagrado tem sempre endereço

E os virais apresentam new doenças inventadas

De goela abaixo ou goela acima a mesma droga

Toda quimera carrega seu domingo feito cruz

Espadas cantam solenes o brilho dos metais

Enquanto Pégasos sem asas agora pastam

O vil metal compra um vilão novo por dia

E os nomes acabam se repetindo sem sentido...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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