quarta-feira, 26 de julho de 2023

Como Um Trocado

Toda liberdade é ilusória

O céu também tem suas barreiras

Não somos apenas números

O tempo é uma ilusão viciante

A esfinge cumpre seu papel

O passado foi o presente nauseado

O presente fez uma cara de bobo

O futuro esqueceu de pagar a conta

Do Leme ao Pontal tudo é igual

O repórter dá uma boa notícia

E depois enfarta ao vivo e à cores

Vocês querem bacanal?

Então vão roubar na peidaria 

O demônio vem hoje para almoçar

Todo dia é dia de mania

Eu fico desnorteado e dessulado

Falta tudo na minha vida 

Até o que tenho falta também

O depois acaba me dando porrada

E o talvez quer me matar logo

O meu óbvio é coberto de absurdos

Mais uma letra e acabo vomitando

Quem não gasta paga a conta

Muitos afogamentos são em copos

Os canalhas são a maioria por aqui

Não consigo conter minhas taras

Mas acabei domesticando meu ódio

Agradeço todas as pragas rogadas

E os espinhos que me escolheram

O frevo é o fervo da massa amassada

Vou bloquear até eu mesmo logo

Todo mundo sobrevive até que 

Escadas para escorregar e mais mais

Lagos que nunca existiram

Vitamina contida no que não tem

Tudo que desconhecemos presta

Eu tenho a leveza das pedras

A vida é o troco que esquecemos de pegar...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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