segunda-feira, 31 de julho de 2023

Desarmado

Desarmado...

Sem nenhuma estrela no bolso,

Dessas estrelas vadias

Que enfeitam os céus 

De um triste e solitário...


Desarmado...

Sem defesa contra a escuridão da noite,

Dos bichos que a povoam,

De seus males abundantes

Que podem me engolir...


Desarmado...

Sem unhas e também sem dentes,

Nu do jeito que eu nasci,

Sem esperança alguma

De encontrar a felicidade...


Desarmado...

Sem nenhum argumento plausível,

Desprovido de um grito,

De um segredo ou enigma

Que me permita asas...


Desarmado...

Sem nenhum motivo para festa,

Fumando pontas velhas,

Comendo somente sobras,

Sou apenas um decadente...


Desarmado...

Sem algum anel nos dedos,

Sem algum amor vulgar,

Falta-me um beijo sujo

Como qualquer um tem...


Desarmado...

Sem nenhuma estrela no bolso,

Dessas estrelas pequenas

Que enfeitavam coisas antigas

Que eu não tenho mais...


Ainda Delírio

Onças no café da manhã

Potes de doce no Imperial

Orquídeas safadas da rede

Retirei todas as teias

Com calma sufocante e ri

A geladeira vazia e gelada

Mas a alma tão cheia

De estranhas modernidades

Nada foi nunca como antes

E as sobrancelhas eriçadas

Numa forma tão artificial

Espeto os dedos nos espinhos

De um passado que puxo

E não voltará jamais

O fluxo de um rio nervoso

Faz que ria desesperado

Eu coleciono pedras do acaso

Para mastigá-las surdamente

Minha voz em falsete

Lembra algumas terribilidades

Enquanto as montanhas caem

Bate o atabaque com pressa

E com a brasilidade do mundo

Esfriou dentro do vulcão

Mesmo na hora da erupção

Erraram comigo e eu também

Fiz uma festa profana e sã

Reclamações e sardinhas

Folias de Reis e tamancos

Máscaras tribais e jilós doces

Farinha e sal impossíveis

Tatus e cajus rimantes

E narcisos gagos e vesgos

A morte é uma folia sem

E o polvo é do povo

Tragédia grega favelada

E nomes insinuantes de nada

O poeta riu até se cagar...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).


(C)Sem

Esperança ou teimosia?


Água nas pedras

A comemoração sem motivo

Travessia sem espaço

Até o morto está vivo?

Nada demais

Todo mundo é fugitivo...


Ilusão ou loucura?


Dinheiro no bolso

A barriga cheia ou vazia

O crime do burguês

Minha solidão está fria

Pedimos esmola

Só que ninguém via...


Mentira ou desculpa?


Lento e finalizando

É apenas uma ferida

Eis o bem e o mal

Nesta bola dividida

Todo nosso caminho

Termina com descida...


Histeria ou polêmica?


Apedrejem o que ama

A ternura será rejeitada

Haverá alguma vertigem

Lá do alto da escada

Nada é permanente

É apenas a jornada...


Lacração ou estratégia?...

domingo, 30 de julho de 2023

Natureza de Mim II

Cada vez menor do que o menor

Quanto mais lembranças - assim

O vinho secou em velhas taças

E eu até não lembro mais de mim


Esqueci

Não quero

Quase morri

Desespero


Cada vez mais pobre do que o pobre

Aumentam minhas cicatrizes - é o fim

Não há nem mesmo uma simples moeda

E até eu não gosto mais de mim


Machuquei

Nem mesmo vi

Nem mesmo sei

O que eu vivi


Cada vez mais louco que o demente

Só cresce mato nesse meu jardim

Vamos nos ferir com muitas pedras

E eu faço uma armadilha para mim...

Natureza de Mim

o gato e o fato

o feio e o meio

o barulho noturno da rua

tudo nos protege é a lua

toda fantasia sempre é nua


vou repetir até a exaustão

vou me consumir na solidão

vou partir sem ter estação


a meta e a seta

a cara e a tara

a nossa escolha é ser boneco

a nossa fala será mais um eco

a nossa tarefa é pintar o caneco


vou esperar fazendo tocaia

vou brincar na areia da praia

vou me misturar com sua laia


a estaca e a faca

a mata e a lata

a morte será brinquedo

o meu dia será mais cedo

todo poema é um segredo


vou correr feito um louco

vou comer mais um pouco

vou gritar até ficar rouco...

sábado, 29 de julho de 2023

O Rastro da Serpente

 

Monocórdios 

Assuntos de estado

E as visões

Para gelar o sangue

Enlouqueço

Querendo o que não

Viver não é fácil

Mas morrer é simples

Sepultar nem tanto

Modismos

Única necessidade

Fome canina

Cadê os meus ossos?

Roupa velha

Mais velha a carne

Marcas quase eternas

Séries sem graça

Mataram nosso rei

Esconderijos

O meu é teu corpo

Pecadilhos

Fazem alguma falta

Minha dor

Assinou um contrato

O verme nas tripas

As cáries nos sorrisos

Me droguei sem drogas

Inutilidade

Escada de nuvens

Praia vazia

Com garças talvez

Barcos velhos

Aportados na lama

A serpente rastreia

Sem ninguém vendo

Seu próximo bote...


Palavras de três sílabas e uma inocência inexistente que nunca esteve lá e nem estará... Um feixe de galhos secos indo direto para a fogueira com algum requinte de repetição, eu que o diga...

Oralidade perigosa essa. Algumas abolições que ocorreram faz séculos. A tanga no tango e a majestade perdida não sei lá onde. Trouxeram o trombone? Algumas frases são suficientes para essa tortura chinesa tipicamente american.

O que temos para hoje? O ontem requentado, por isso, já não é mais o mesmo, nem nunca será... A moda caiu no chão e espatifou-se num franco deboche. Pegaremos um velho trem pedindo aos céus que tudo acabe falhando.

- Um segundo é uma outra tinta! - Falava o mestre de coisa alguma para ninguém... 

Marcas epidérmicas quais tatuagens fazem um cortejo. As marcas nas nádegas dela são como um mapa mais que seguro para meu cego itinerário. Teremos hoje para o jantar, aquilo que, inexistente, ainda solta gritos.

- Olha a sardinha! - Era apenas o começo de uma corrida de absoluta imobilidade...

A habilidade das agulhas um dia acaba. E os primórdios acontecem desde as bandas de rock mais ou menos antigas. Olhares nos espelhos são meros e fortes indícios de uma fraqueza que se esconde atrás das paredes que cairão logo.

Um fio de cabelo foi parar dentro do cigarro. E mesmo sem razão alguma, todos temos um pouco. Éramos algo que agora não sabemos mais o que é. Todo risco na memória tem seu risco de uma aposta já perdida de antemão.

Estarei sempre no mesmo lugar, no mesmo horário, com as mesmas lágrimas que secam e não, eternamente. Minhas ideias acabaram falhando como o motor velho da fubica que subia o pequeno morro tanto tempo decorrido.

- Tem uma bala aí pra me dar? - Quase que a palavra foi engolida novamente...

Tudo acaba doendo, sobretudo o prazer. A unanimidade é um resto que sobrou no prato. A fome acontece com regularidade espantosa. 

Uma simples caricatura (dependendo do ângulo), todos estão rindo de quem ri. Toda pequenez se acha com o tamanho certo de forma tão errada. Pode estar todos dormindo agora, mas, em breve, dormirão um outro sono que apodrece e só possui ossos...

As unhas dela estão roídas e as de outras mãos com esmalte barato. Mas a fisiologia permanece a mesma. O prato na mão e o pé no chão. As unhas prontas para o arranhão, sendo gatos ou não.

A minha cara de eterno sono já diz aquilo que não foi mais dito. Muito tempo e tão pouco de uma vez só... 

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Morrerá

Ela morrerá...

Cachaceira puta safada

Vagabunda e drogada

Ladra e também viciada

Pra sociedade um nada...


Pra mesma sociedade que disfarça

Que diz tem tanta pena da desgraça

Que paga o tráfico e fabrica a cachaça...


Ela morrerá...

No barraco ou na sarjeta

Rezando ou dando a boceta

De graça ou por uma gorjeta

Sorrindo ou fazendo careta...


Pra mesma sociedade que pena não tem

Que diz que o mal é que o bem

E quando vê a miséria só diz amém...


Ela morrerá...

Miserável suja roubada

Ser humano enganada

Sonha e é também azarada

Pra morte também um nada...


Ela morrerá...

Como todos nós...


(Extraído da obra "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

Dias Difíceis

Dias difíceis estes...

Onde a nulidade de nossos sonhos

Acaba fazendo que realizemos pesadelos

Acabando em gostar de todos eles...


Gostos amargos estes...

Aquilo que vem na boca de forma forçada

Desperdiçando o nosso pouco tempo

E não acertando nenhum dos alvos...


Miragens vãs estas...

Que nos fazem procurar o que não existe

Enquanto nos esquecemos do mais importante

Que só a ternura ainda pode nos oferecer...


Ruas perigosas estas...

Onde o mal acaba batendo cartão de ponto

E a dor acaba indo dar seu passeio diário

Nada pode ser tão ruim quanto nós mesmos...


Verdades mentirosas estas...

O preconceito é mais um câncer que mata

A crueldade é um teste para nos fazer demônios

A banalidade nos transforma em marionetes...


Dias difíceis estes...

Quando falar a verdade é acrobacia arriscada

Estamos bem no alto sem ter proteção alguma

E a queda no abismo será nos próximos segundos...


Dias difíceis estes... De muito frio...

Mesmo quando o dia está muito quente...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

quinta-feira, 27 de julho de 2023

Alguns Poemetos Sem Nome N° 241

É uma arapuca do destino,

É mesmo, é!...

Amar pessoa errada,

Sonhar com o impossível,

Escolher perigos cruéis,

Desafiar a saudade,

Jogar fora o tempo...

É uma arapuca do destino,

É mesmo, é!...


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O trem evem,

O trem evai,

Nunca se sabe quando,

Nunca se sabe onde,

Nunca se sabe quem vem,

Nunca se sabe quem vai,

Só se conhece pelo barulho

E algumas vezes (raras)

Pela sua fumaça...


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A saia dela tem feitiço

O feitiço duma graça interminável

O meu desejo quase me afogando

O caos que vem me carinhar

A resposta que nunca vou entender

O rodopio que é mais que vento

A tontura que acabo gostando

Tudo isso na saia dela...


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Tudo marcado num certo livro

Choros com razão e choros fúteis

Desejos comuns e desejos vedados

Caras estranhas com muita vaidade

Sorrisos preciosos e outros cínicos

E um festival de egos para cegos...


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Acabei comprando um mar!...

Não custou muito não...

Tinhas umas moedas de sonho

Aqui no meu bolso de lembranças...

Juntei todas elas e deu certinho...

Um mar desses de azul bem bonito,

Um azul bem caprichado...

Acabei comprando um mar!...


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Toda nudez será notada

Toda mudez será escutada

Toda lucidez será olhada

Toda embriaguez será celebrada

Toda solidez será derrubada

Toda rispidez será cortada

Toda avidez será parada...


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O tempo do show é tão curto

Todos nós temos o nosso

As flechas que cortam o ar são detalhes

Cada dor é mais um enfeite

Até nos rimos quando dói

Há uma trilha sonora para cada um

Mesmo quando ela é o silêncio...


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Poesia Gráfica XLI

E X A G E R O

M O R R E R T O D O D I A

M O R R E R U M P O U C O

M O R R E R M E T A D E

M

O

R

R

E

R


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C A R A - P Á L I D A

C A R A - P I N T A D A

C A R A - L A M B I D A

C A R A - D E - P A U

C A R A - D E - C U

C A R A - D E - C A R A


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C A R N E A O S L E Õ E S

C A R N E A O S B A R Õ E S

C A R N E A O S P A T R Õ E S

C A R N E A O S L A D R Õ E S

C A R N E A O S P A D R Õ E S

C A R N E A O S C I F R Õ E S

C A R N E A O S B O B Õ E S

C A R N E A O S B A B Õ E S

C A R N E A O S L E Õ E S


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B E B E R - S E

C O M E R - S E

F U M A R - S E

E N C A N T O S

E M C A N T O S

F E I T O P A S S A R I N H O S


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I N T E R R O G A Ç Ã O

I N T E R R O G A S Ã O

I N T E R R O G A A Ç Ã O

I N T E R R O G A C Ã O


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K I T - C A R N E

K I T - L I M P E Z A

K I T - M U N I Ç Ã O

K I T - E S M O L A

K I T - P U T A R I A

K I T - D E S E S P E R O

K I T - F O M E 

K I T - N E T 


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G R A N D E P R O M O Ç Ã O :

P E Ç A E S M O L A E G A N H E U M N Ã O

P E Ç A L U Z E F I Q U E N A E S C U R I D Ã O

P E Ç A P A Z E G A N H E P E L O T Ã O

P E Ç A T U D O E G A N H E U M G R Ã O

P E Ç A U M G A T O E G A N H E U M C Ã O

P E Ç A C A M A E R E C E B A O C H Ã O

G R A N D E P R O M O Ç Ã O


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quarta-feira, 26 de julho de 2023

Como Um Trocado

Toda liberdade é ilusória

O céu também tem suas barreiras

Não somos apenas números

O tempo é uma ilusão viciante

A esfinge cumpre seu papel

O passado foi o presente nauseado

O presente fez uma cara de bobo

O futuro esqueceu de pagar a conta

Do Leme ao Pontal tudo é igual

O repórter dá uma boa notícia

E depois enfarta ao vivo e à cores

Vocês querem bacanal?

Então vão roubar na peidaria 

O demônio vem hoje para almoçar

Todo dia é dia de mania

Eu fico desnorteado e dessulado

Falta tudo na minha vida 

Até o que tenho falta também

O depois acaba me dando porrada

E o talvez quer me matar logo

O meu óbvio é coberto de absurdos

Mais uma letra e acabo vomitando

Quem não gasta paga a conta

Muitos afogamentos são em copos

Os canalhas são a maioria por aqui

Não consigo conter minhas taras

Mas acabei domesticando meu ódio

Agradeço todas as pragas rogadas

E os espinhos que me escolheram

O frevo é o fervo da massa amassada

Vou bloquear até eu mesmo logo

Todo mundo sobrevive até que 

Escadas para escorregar e mais mais

Lagos que nunca existiram

Vitamina contida no que não tem

Tudo que desconhecemos presta

Eu tenho a leveza das pedras

A vida é o troco que esquecemos de pegar...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).

terça-feira, 25 de julho de 2023

Poesia Gráfica XL

L E M B R A R D E E S Q U E C E R

E S Q U E C E R D E L E M B R A R

N A D A Q U A S E É I G U A L

A B E L H A S E F L O R E S

B O R B O L E T A S I G U A L F O R M A

S Ó OS C H O R O S S Ó O S C H O R O S


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C O M P R E O N A D A

E M M I L H A R E S D E P R E S T A Ç Õ E S

G A S T E A S U A V I D A

E M D E Z E N A S D E I L U S Õ E S

P E R C A A S U A R A Z Ã O

E M M U I T A S N O V A S I N V E N Ç Õ E S

M E T A C A R A N A P A R E D E B A B A C A


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A C H O R U I M

P O R I S S O T E N H O Q U E C O M E R

O D E I O

P O R I S S O T E N H O Q U E A M A R

É M U I T O F E I O

P O R I S S O T E N H O Q U E V E S T I R

É I M O R A L

P O R I S S O T E N H O Q U E F A Z E R

É M A L V A D O

P O R I S S O T E N H O Q U E P R A T I C A R

M E F A Z M U I T O M A L

P O R I S S O T E N H O Q U E U S A R

É M E N T I R A

P O R I S S O T E N H O Q U E C O N T A R

N U N C A V I

P O R I S S O R E V E R E N C I O S E M P R E

H U M A N O E S S A M E R D A A Í


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T O D O G O Z O Q U A N D O

A C A B A M O R R E

T O D A P U T A R I A Q U A N D O

A C A B A E N O J A

T O D A S E D E Q U A N D O

S A C I A A F O G A

T O D A F O M E Q U A N D O

C O M E D E M A I S V O M I T A


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P A L A V R A S C E N S U R A D A S

A Ç Õ E S E R R A D A S N U N C A

C R I M E S M A Q U I A D O S N Ã O

L I B E R D A D E A R T Í S T I C A S I M

M E D I O C R I D A D E A P L A U D I D A

G Ê N I O E S P A N C A D O S E M P R E


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G O S T O D O C E E A M A R G O

E S T É T I C A D U V I D O S A

Q U E S E M P R E D Á T E S Ã O

B E B I D A F R A C A Q U E E N G A N A

C O M O D R O G A L Í C I T A

T E A M O S E M P R E V I U ?


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Sobre O Tempo e Sobre O Não

Cravo sem tempero. Não entendo uma palavra sequer fora de mim. Eterna dúvida sobre certezas que escapam entrededos como areias de uma praia constante em que durmo o mais pesado dos sonos.

Que tudo mais vá para o inverno!

Não quebre meu brinquedo. Custei a ganhar todos eles e sangraram pés e mãos ao mesmo tempo enquanto o coração batia mais forte fazendo uma mancha mais vermelha sobre o asfalto.

Na casa do espeto, o ferreiro é de pau!

Encontrei uma caverna. Nela posso desfrutar de absoluta escuridão enquanto crio centenas de morcegos e outros mimos de peçonha que farão parte do cortejo que desconheço.

Não me segura que eu quero cair!

Até a alegria tem sua lápide. Cada sonho surgiu do nada feito ferida de mordida de um pequeno inseto e quando vemos já empesteou tudo ao redor e o socorro é inútil.

Menina eu não quero chá!

Para a minha satisfação serve uma praça. Não terei mais medo da chuva como algum poeta de barbas longas e muito famoso já teve um dia antes de sair de cena não muito.

Galinha que bota um ovo também bota um cento!

Dançar em frente ao nada basta. Qualquer praça serve e estando vazia não será problema já que a solidão me acompanhou por todos os dias sem faltar em nenhum deles.

Viva a neta da Chiquita!

Acabou toda genialidade. E a mediocridade vive nos pregando suas peças sem graça alguma e nos dá o desperdício de tudo que poderia durar mais um pouco.

Uma merda na cabeça e um celular na mão!

Queremos o inédito sem graça alguma. Nossas carnes irão para as mesas dos modernos canibais e ao sentirmos esta dor agiremos como masoquistas que não perceberam nem o corte.

Isso aqui tá ruim demais!

Nada podemos escolher por aqui. Mas se pudesse escolheria dias mais tranquilos com mais pássaros e menos bombas espalhando-se pelos ares mesmo quando as mesmas não são vistas.

Desesperar jamais!!!

Poesia Gráfica XXXIX

F E M O R A L

T E M M O R A L

I M O R A L 

A M O R A L

T E M P O R A L 


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S E Q U E L A S D E J A N E L A S

J A N E L A S D E S E Q U E L A S

F A V E L A S D E Q U E R E L A S

Q U E R E L A S D E F A V E L A S


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C O M O S E M P R E 

N Ã O C O M O S E M P R E

C O M O S E M P R E

N Ã O B E B O S E M P R E 

C O M O S E M P R E 

N Ã O F U M O S E M P R E


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D I F E R E N Ç A B Á S I C A D O Q U E E R A E O Q U E É A G O R A E S C O L A D E N O V A S I M P E R F E I Ç Õ E S M A Q U I A D A S T A N T O T E M P O E M V O L T A E P O U C O T E M P O P A R A S E V I V E R P E N A M U I T A P E N A A T É D E M I M . . .


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P E S S O A C O M U M

P E S S O A N E N H U M

P E S S O A A L G U M

P E S S O A B E B U M 


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V A C A L O U C A 

V A C A B O C A 

V A C A T O U C A

V A C A R O U C A 

V A C A M O U C A

V A C A P O U C A

M U U U U U U U U U . . .


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I M Ó V E L

I N M Ó V E L

Q U A S E M Ó V E L

S E M M Ó V E L

O V I V O

O M O R T O

O Q U A S E V I V O

O Q U A S E M O R T O

P R E S E N T E !


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Alguns Poemetos Sem Nome N° 240

Guardo em mim todos os desastres,

Todos as mancadas,

Os mais tolos erros...

Como cicatrizes, amores falhos,

Planos que falharam,

Saudade aos montes...

Feito um velho baú,

Uma gaveta esquecida,

Uma carta perdida...

Guardo em mim toda tristeza...

Só isso...


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Se aquele beijo acontecesse

(Mesmo que não fosse o melhor do mundo,

Sem fundo musical apropriado

Igualzinho a uma cena de novela...)

Pelo menos a lembrança dele

Sobreviveria à essa minha noite eterna...


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Não consigo dar um passo

sem que o corpo canse,

sem que a perna fraqueje,

sem que o medo de cair chegue...

Não consigo respirar direito

sem que a exaustão levante o dedo,

sem que o tempo não faça cara feia,

sem que a morte verifique a lista...

Mas a minha teima é mais teimosa...


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Levantou um copo vazio

com um drink imaginário,

Olhou para todos os rostos

que não estavam lá,

Fez discurso lembrando

os sucessos que não houveram,

Implorou para aquele Deus

que não acreditava,

Bebeu com gosto total

do seu resto de saliva,

Pensou que era carnaval

e era dia de finados...


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Quero e teimo na mesma brincadeira,

Fazer alguns versos meio desajeitados,

Assim, tipo que estão fora de moda,

Não falarei do otimismo que não tenho

(Acho que a tolice não gosta muito de mim),

Mas de um mundo, um outro mundo,

Que se não construí com as mãos,

Construí com alma usando os sonhos...


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Isso se chama chama

Coisa bonita que pode queimar

Pássaro que não tem asa

Indo pra lá e pra cá

Ela não tem olhos

Mas pode fazer enxergar

Clareia no meio da noite

Aquece aonde está

Isso se chama chama...


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Aquilo que sangra, tem sangue, 

Mas até o que não é, pode ser,

Lágrimas são água, mas sangue também,

Sonhos mortos, também sangram,

Amores desfeitos tingem de vermelho

Todas as mãos que lhe alcancem,

Aquilo que tem sangue, sangra...


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segunda-feira, 24 de julho de 2023

Poesia Gráfica XXXVIII


L O Ç Ã O P Ó S - B A R B A

L O U Ç Ã O P Ó S - B A R B A

L O C U Ç Ã O P Ó S - B A R B A

A T R Á S D O Ó C U L O D E L A O A B I S M O

S O R V E T E S I M P R Ó P R I O S

N Ã O T E N H O S A Ú D E P A R A T A L


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O C A R R O B A T E U

O T A M B O R B A T E U

A C A R A B A T E U

O T E E N B A T E U


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J O H N N Y W A L K E R

B L A C K L A B E L

R E D L A B E L

J A C K D A N I E L S

C H I V A S R E G A L

R O Y A L S A L U T

B A L A N T I N E S

5 1


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A P A N H O U M U I T O

E N T R O U N A P O R R A D A

E N T R O U N O C A C E T E

L E V O U C A C E T A D A

T O M O U U M A S U R R A

T O M O U U M A S O V A

E N T R O U N A C H I M B A

E R A P O B R E . . .


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P A P A - L É G U A S

P A P A - R É G U A S

P A P A - É G U A S 

C A D Ê M E U P A P Á ?


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A L E G R E P O R Q U E T R I S T E 

M E S U J E I C O M U M B A N H O

A M E N T I R A E R A M A I S R E A L

Q U A N T O M A I S Q U A N T O M E N O S

Q U A N T O M E N O S Q U A N T O M A I S


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Q U A T O R Z E M E N O S

Q U A T O R Z E M A I S

Q U A T O R Z E A M E N O S

Q U A T O R Z E A M A I S

U M R I T U A L D E S O B E J O S E F A L T A S


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Alguns Poemetos Sem Nome N° 239

Existem muitos aindas que me atormentam

Pedaços de saudades mais teimosos

Farrapos de sonhos flutuando no ar

Sinto como se algo apertasse a garganta

Seriam fantasmas de antigos carnavais?


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Fui à lona, fui à lona

Quando tentei disfarçar 

Fingindo que não te amo mais

Fui jogado, fui jogado

Num abismo de desejos

Antes que pudesse me proteger

No meio da tempestade

Feito um náufrago sem tábua

Continuo em meus versos

De puro desespero...


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Cama estreita

Mesa para um só

Pouco barulho

Ninguém reclama

Vida curta

Mais que o dinheiro

O que cai fica

Nada importa

Com nada mesmo

Morro aos poucos

De forma absoluta


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Tenho uma faca apontada para o coração

A morte tenta fazer seu trabalho de ameaça

Ri enquanto eu a olho sério e impassível

Não vê que a tristeza pode ser mais forte ainda...


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A reta da felicidade

São várias curvas perigosas

Que pode dar em abismos...

As nuvens mais suaves

Podem ser arapucas

Para acabar com o voo...

Não pense em pessimismo

Mas sim em realidade

A ilusão é um demônio...


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Acabaram-se os espelhos

Alguns mancharam

Outros quebrados estão

O sorriso para eles

Agora se ausentou

Só as novas preocupações 

De um novo dia

Estarão presentes,,,


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Cansa-me por demais

Este desprezo

Que causa solidão

Cansa-me ao extremo

Essa cruel estrada

Que vai dar em nada

Prefiro certos enigmas

Que me incomodam...


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Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...