segunda-feira, 30 de abril de 2018

A Rua

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a rua a rua a rua
é minha é nossa é tua
ela é dos vagabundos dos tolos dos amantes
dos cegos dos mortos dos vivos dos retirantes
das bundas bonitas das vidas aflitas dos ambulantes
dos bêbados dos viciados mal amados e passantes

a rua a rua a rua
anda fantasiada vive nua
é dos tolos dos sábios demônios e dos santos
é pra rir pra dormir pra acordar toda em prantos
e tem gritos e também silêncio em todos os cantos
ela sabe falar qualquer língua até o esperanto

a rua a rua a rua
é doce é amarga é crua
é a passarela mais bela dos réus confessos
é a cura mas também o pus escorrendo de abcessos
é o poeta desesperado está faltando os versos
de sentimentos mais puros e outros perversos

a rua a rua a rua
trepa com o sol namora a lua
ela é a mais fiel das companheiras
é o palco mais enfeitado de nossas besteiras
é a vida e também é a morte em suas fileiras
só tenha cuidado com a fera não dê bobeira

a rua a rua a rua
ensaia ensina e atua
ela é a notícia do dia que saiu no jornal
ela é a polícia delícia matando geral
vamos lá minha gente chegou o carnaval
vamos falar da vida alheia que isso é normal

a rua a rua a rua
é minha é nossa é tua
ela é ganha pão dos pedintes e dos assaltantes
dos caras mais bobos e também farsantes
do que resta e das festas mais humilhantes
me perdoa rua se não fiz esses versos antes

Sem Dança, Sem Chuva

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Levo meu coração nas mãos feito brinquedo
E os dias passam mais rápidos do que esperava
Não sei porque razões eu tenho medo
Se fui eu ou sei foi meu espelho que chorava

Estou no escuro da noite em pleno dia
Tropeço em minhas armadilhas e caio no chão
Em muitas rezas eu implorei pela alegria
Mas veio a encomenda errada - a solidão

Não vejo mais nada somente os apartamentos
Cada um protegendo sob o silêncio das vidraças
Os dramas e as tramas protegidas do vento
Mas que não os protegem de suas desgraças

Anoitece quase agora e quase que não vejo
Não tenho culpa pois a vista estava turva
Eu até que queria era assim meu desejo
Mas não teve dança e nem teve chuva...

Pequenas Histórias - Número 1 - Sob a Árvore

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Sob a árvore se abrigava o menino... 
Não do sol, este é sempre amigo de todas as horas. Não da chuva, essa ainda não veio lhe dar mais inocentes beijos. Veio se abrigar do tempo que maltrata os seres e as coisas também.
- Quando nos veremos?
- Não sei. Irei embora daqui...
-Vai pra onde?
- Pra bem longe...
-Não nos veremos mais?
-Acho que não.
Nada mais restava do que um adeus...
Não sei mais que dia foi, em que árvore ele estava, nem seu nome me lembro mais... Só sinto um aperto em meu coração e como dói. Ver que tudo passou e não há mais como voltar...
Em que terras terá caminhado? Que países terá visitado? Teve muitos amores? Chorou ou riu muito? Ainda tem muitas fantasias?
Perguntas, perguntas, perguntas, só isso a minha mente tem e nada mais...
Só posso afirmar que ele existe, vivo em minha alma, com o mesmo rosto e os mesmos sonhos, alguns cobertos de poeira pela infelicidade do destino.
 -Adeus, até um dia.
 Esse menino era eu...

Jovens Corações

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Podem acabar todos os caminhos,
Podem esfriar todos os verões,
Podem rasgar a minha blusa
E me arrancar todos os botões.

Podem me incomodar pela manhã,
Podem gritar à plenos pulmões,
Podem tirar todo o meu tempo
E deixar apenas algumas frações.

Podem fazer mil perguntas chatas,
Podem me encher de tolas indagações,
Podem construir milhares de muros
E distribuir mais medo entre os porões.

Podem distribuir todas as tristezas,
Podem piorar as nossas condições,
Podem inventar essas novas guerras
Trazendo injustiça e dor à milhões.

E ainda podem me arrancar o amor,
Não é preciso lhes dar satisfações,
Ainda terá restado a minha alma,
Ainda são jovens os nossos corações...

domingo, 29 de abril de 2018

Nenhuma Poesia

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Nenhuma poesia deve ser desprezada...
Nenhuma nenhuma poesia...
Quando grita ou se é calada...
Se anda na noite ou brinca no dia...

Se ela chora ou se ri à toa...
Se fala coisas que fazem pensar...
Se é malvada ou se é boa...
Se fala em ódio ou em amar...

Nenhuma poesia deve ser jogada...
Como se um resto no lixo...
Se foi perfeita ou mal calculada...
Feita ao acaso ou com capricho...

Se fala do óbvio ou da rotina...
Se possui versos muito açucarados...
Se não sabe ao que se destina...
Os poetas nunca estão errados...

Nenhuma poesia deve ser julgada...
É coisa única feito um deus...
Que fale tudo ou não fale nada...
Que diga olá ou diga adeus...

Se mostra verdades ou nada acrescenta...
Se escandaliza ou ninguém notou...
É a imaginação que a si inventa...
São os suspiros de quem amou...

Nenhuma poesia deve ser desprezada...
Nenhuma nenhuma poesia...
Mesmo a lembrança mal lembrada
Do menino que já fui um dia...

A Estranha Inquietância do Grande Nada

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Estranha inquietância
Além da morte
Na distância
Medem sua sorte

É o tempo em bando
Feito passarins
Estão encantando
Os seus jardins

Mas é nada!
Eis o menino arteiro
Nesta fatal estrada
Feita de fevereiro

Eu posso e quero
Segundos de sucesso
Converso e lero
Para réu confesso

Os vassalos avassalam
O campo faminto
E nada mais falam
Do vinho tinto

Carpideiras aos montes
Vão gargalhando
Destruímos as pontes
Vamos passando

São símbolos simbolistas
Eu não entendo
Depois das conquistas
Eis que me vendo

Estranha inquietância
Além da morte
Na distância
Medem seu corte

Dança das Fadas

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estranhos abismos abissais
feitos no céu...
e frases agudas 
de qualquer uma garganta...
não sei não sabem pouco importa
é o mesmo marasmo
que infecta noites quentes...
sem sentido...
desvalido...
armas à postos!
dentes e mãos ao mesmo itinerário...
queremos a nudez estonteante
de uma inocência má...
é tom é som é com e tudo ainda...
não me deixem morrer sem libações...
quase mudo... quase nada...
a ação do cinema entre domingos
e algum qualquer dia...
particularmente o particular 
é apenas uma partícula...
apenas um fato sem foto e sem arquivo...
nem quero... no quero...
um desenho animado malacabado
entre vitais decisões...
louça suja usada no jantar...
um perito sem perícia e com delícias...
foi ao Éden quase agora 
e não voltou...
o som do machado contra o lenho
e as interposições de novos poetas...
um mar quase grande feito
e espinhas dorsais em bando...
pirilampos e pardais em uníssono
vão dando velhas lições...
chicletes de menta... sem mente...
apenas cintilações vazias...
e eu estou lá
quase agora...

sábado, 28 de abril de 2018

Entardece



Poema de minha autoria declamado pelo poeta Jullyano Lourenço (Poetinha).

Mal Acabou

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Mal um cigarro acabou 
Acendo outro
Mal a dose terminou
Eu quero mais
Eu sou o tolo que lutou
Que esgotou sua paz...

Mal o caminho acabou
Recomeço sempre
Mal o livro fechou
Quero outra história
Eu sou o cego que enxergou
E guardo tudo na memória...

Mal a noite acabou
Engulo o dia
Mal o canto calou
Quero gritar
Sou quem o medo não espantou
Só faltam as asas para voar...

Mal o amor se acabou
Quero outras paixões
Mal o pranto desabou
Há mais motivos para rir
Se por mim alguém perguntou
Fale que acabei de partir...

Mal um cigarro acabou 
Acendo outro
Mal a dose terminou
Eu quero mais
Pois o tempo assim andou
E um dia encontrarei a minha paz...

Quase Que Chorei

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Quase que chorei por tanta coisa
Quase que chorei por não ter paz
Coisas que um dia aqui estavam
E hoje aqui já não estão mais...

Quase que chorei pela saudade
Quase que chorei sem ter ais
Por todos os barcos que partiram
E que não retornaram ao cais...

Quase que chorei pela tristeza
Quase que chorei em temporais
Por todas a alegrias que seguiam
Acompanhando os meus carnavais...

Quase que chorei pela ternura
Quase que chorei pelas espirais
Da fumaça que subia solitária
É o tempo que não volta atrás...

Quase que chorei por tanta coisa
Quase que chorei por não ter mais
Coisas que um dia aqui estavam
As mesmas coisas que me davam paz...

(Para o poeta e amigo, Miguel Guerreiro)

A Loucura Segundo C.A. Número 2

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Não jogue na minha cara todos os meus erros
Eu não tive culpa se acordei e ainda era manhã
Pois cada dia sempre terá seus próprios enterros
E cada enterro nada mais é que seu próprio afã

Eu gargalho sim e assim vou acordando o mundo
Os passarinhos nos galhos também não o fazem?
É melhor sair deste silêncio quase que profundo
Que os mais feios pesadelos as tristezas nos trazem

Deixe-me fazer algumas piadas sem ter propósito
Que eu dance mesmo quando a música não tocar
As minhas fantasias enchem um grande depósito
E o meu amor é ainda maior do que o próprio ar

Eu ando por este mundo como quem pisa em ovos
Conheço todos os caminhos e também as trilhas
Todos os problemas são velhos e nunca são novos
Minhas paixões não caíram em suas armadilhas

Não jogue em minha cara toda a minha loucura
Eu não tive culpa se fiquei acordado até de manhã
Ela não é um mal e assim não precisará de cura
É apenas o que eu guado para o meu amanhã...

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Nada Novo

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Nada novo. Tudo igual. A novidade é tão banal. É o que eu quero. Com seu final. É a cidade. É o rural. Felicidade. Cadê a tal? Atravessei. Não vi o sinal. Pra cada dia. Basta seu mal.
Nada novo. Tudo correto. Cada confissão. Tudo secreto. Esqueceram das nuvens. Veio o concreto. Não tem camelo. No meu deserto. Me sinto o grande. Como um inseto. E o teu beijo. Meu objeto. E aquela paixão. Foi meu decreto.
Nada novo. Só é brincadeira. Faço discursos. Falo besteira. Vamos dar um mergulho. Na ribanceira. Se tem funeral. Viva o Zé-Pereira. Onde está o morto? Está na esteira. E eu na rede. Tenho pasmaceira. Vamos pra casa. Suba a ladeira.
Nada novo. Onde é que estou? Eu estava aqui. Sou mais um triste. E nem percebi. Era essa a piada? Até que eu ri. Quem salvou o meu sonho? Salvador Dali. Estou ficando ansioso. Tenho um piriri. Por não ter argumentos. É que me convenci. 
Nada novo. Está tudo bom. Nem sei cantar bonito. Saio do tom. Não mexa nesta caixa. É meu bombom. Às vezes estou sozinho. E às vezes com. O dia nasceu quase cinza. Quase um marrom. Quase estou surdo. Foi culpa do som.
Nada novo. Nada nasceu. Ainda pergunto. Que rei sou eu? De vez em quando. Me sinto um fariseu. Levei um soco. E nem doeu. E aquele sonho. Já se perdeu. E até o meu medo. Esse se escondeu. Por que essa cara? De boi-lambeu. Muito prazer. Seu Já-morreu.
Nada novo. São velhas revistas. E nossos crimes. Deixaram pistas. São tantas guerras. Que encheram listas. Com tantas novidades. Gastei as vistas. Caprichem nas favelas. São para os turistas. 
Nada novo. É tanta rima. Quando não chega o amor. Pintou um clima. Somos todos iguais. Falta o carisma. Mas eu ainda teimo. Maldita cisma. Tinha algum espinho. Mas era lima.
Nada novo. Nem as novidades...

Poema de Cada Dia

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Acordamos e nem sabemos,
Quando muito temos
A certeza que nada está certo
Meu coração deserto...

Cada dia, cada luta,
Cada carne, cada fruta,
Cada riso, cada luto,
Tudo terno, tudo bruto,
Tudo cego, tudo vendo,
Eu me nego, eu me rendo,
Fui na festa, fui na missa,
O que resta, tenho preguiça...

Acordamos e nem notamos
O quanto nós erramos
E nossos erros são louvados
Nesse palco ovacionados...

Cada dia, cada toque,
Cada samba, cada rock,
Cada voo, cada queda,
Tudo nice, tudo merda,
Tudo surdo, tudo ouvindo,
Eu descendo, eu caindo,
Fui na rua, fiquei em casa,
Tenho chifre, tenho asa...

Acordamos sem ter noção
Do que é mau, do que é bom,
Nesse teatro mal ensaiado,
Não há certo, nem errado...

Cada dia, cada prova,
Cada antiga, cada nova,
Cada pulo, cada tombo,
Tudo costura, tudo rombo,
Tudo loucura, tudo nexo,
Eu na dança, eu no sexo,
Fui na fila, saí correndo,
Eu me definho, estou crescendo...

Acordamos e nem percebemos,
Vivemos e morremos
A própria morte é a vida
Quem pode fechar a ferida?...

quarta-feira, 25 de abril de 2018

Hoje Eu Acordei

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Hoje eu acordei com saudade
Uma saudade sem tamanho de mim mesmo...
Hoje eu acordei com saudade 
De velhos dias que não voltarão atrás...

E o tempo corre por esta estrada
Louco, desabalado que nem um assustado
Um menino que enxergou a própria morte...

Hoje eu acordei com vontade de chorar
Não me perguntem, nem sei o motivo...
Hoje eu acordei com vontade de chorar
Deve ser dessas por carinho ou alguma ternura...

E os prédios vão caindo tão lentamente
Como um castelo de areia ou um filme antigo
Naquela velha televisão que a vida levou...

Hoje eu acordei com vontade de ficar mudo
Virar para a parede até o dia acabar...
Hoje eu acordei com vontade de ficar mudo
Igual à tantos magoados que desfilam...

E uma dormência ruim invade a alma
E nem quero mais fazer nenhum verso
Como alguns idiotas que nem sabem amar...

O Poeta Morre

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O poeta morre em cada linha que escreve,
Em cada verso que ele executa,
Em cada composição que é formada.
Seu sangue vai se esvaindo aos poucos...

O poeta morre em cada partida inesperada,
Em cada bomba que explode,
Cada maldade comemorada pelos homens.
Seus batimentos cardíacos acabam enfraquecendo...

O poeta morre em cada beleza que perece,
Em cada amor que foi traído,
Em cada encontrou que não aconteceu.
Ele agora respira com toda a dificuldade...

O poeta morre com toda banalidade que triunfa,
Em toda a rotina que vem para ficar,
Pobres sentimentos do qualquer lugar-comum.
Nem sempre sobreviver é viver...

O poeta morre quando acaba o carnaval,
Em todo silêncio inquietante que não queria,
Toda palavra escrita ou falada que faz sofrer.
Seu diagnóstico é o pior dos possíveis...

O poeta morre quando o mar perde o encanto,
Em todas as velas que agora jazem pelo cais,
Nada há mais para descobrir e nem temer.
Este é o grande fim do caminho...

Carta ao Poetinha Número 3 ou É Apenas Um Vento

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Meu caro Poetinha:
Escuta com atenção essas minhas mais tristes linhas. Mas não fiques triste como elas. Tudo nessa vida pode se tornar em riso, até o pobre ofício de carpideiras, eu assim o aprendi...
Aprendi também à gostar dos temporais, com seus cheiros peculiares e cores inéditas que nenhum pintor poderá reproduzir. Eles estarão sempre ao nosso dispor e sempre ajudarão à lavar nossas almas de todas as mágoas...
Tens chorado por infelizes amores? Sim? Chora mesmo! Chorar e rir faz parte de todas as coisas, nem os amores escapam de tal destino. No teatro da vida existem palmas e vaias, não depende de nós o que irá acontecer. Toda a aventura é por nosso risco e conta...
E o medo? Tem te acompanhado pelas esquinas da vida? Não o desprezes em tempo algum. Ele é o companheiro de todas as horas, é ele que acaba por te impulsionar para a frente, ele que marca teus encontros com a coragem, ela tem sempre sua agenda cheia e não é tão fácil de se encontrar...
Tens ficado muito só? Toma muito cuidado com tal coisa, a solidão é como uma rosa, tem uma linda cor, um lindo perfume, mas junto consigo traz o espinho e espinhos sempre ferem. Tens usado a solidão como tua fiel companhia? Toma cuidado com tal coisa, a solidão é como água, a mesma água que salva milhares de vidas, essa mesma água acaba por matar o náufrago no meio da imensidão...
E aquela falta de tempo? Ainda continua? Não te cegues com tal ilusão feia. Nós somos os grandes fazedores do nosso próprio tempo. Ele sai cambaleando sem olhar para trás, surdo, mudo e cego, mas nós somos o seu mestre. Por isso, mesmo que a vida tente te negar determinados prazeres, insiste assim mesmo. A tentativa faz parte da vitória e a teimosia pode ser uma virtude das mais preciosas que podemos ter...
Por isso, nunca esqueças de olhar as nuvens, elas são as respostas para muitas perguntas que nos atormentam. Nunca esqueças de cumprimentar o sol, ele é o grande portador de boas notícias que ainda podem enfeitar nossa vida. Trata com reverência e atenção cada novo dia, os dias não se repetem, mas são sempre parte de nossas histórias...
Dança mais e se preocupa menos; ria mais porque chorar muitos já o fazem; duvida mais porque é a dúvida a única que pode nos conduzir à certeza; canta mais, fomos criados para isso, os que emudecem porque assim o querem acabaram de escolher o mais triste dos esquecimentos; torna-te adulto, mas não esqueças que o menino que abrigas em teu peito é eterno.
Não te preocupes se teus planos nem sempre saem do jeito que querias, quase sempre os remédios possuem um gosto amargo. Lembra-te sempre disso: todos os ventos passam e a tristeza é apenas um vento...
Manda-me notícias tuas. Faz todo o esforço para poder vir me ver. Eu estou contando aquilo que me resta como o mendigo que conta detalhadamente suas moedinhas para comprar um cigarro barato. Eu bordo todos os dias uma grande colcha, mas só Deus sabe o risco que ela tem, nunca fui bom em desenhos e o desenho da vida é uma grande surpresa.
Bem, fico por aqui, desculpa se me alonguei muito como sempre.
Do teu sempre amigo,
                                    Poeta.

Tudo É Teatro

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Tudo é teatro... Fazemos questão!
De palmas até cansar,
Da plateia à delirar,
Gritos e gritos sem a mínima noção!

Necessitamos do mais belo figurino,
Do som, da luz exata,
Do tempo que nos mata,
Dessa comédia chamada de destino...

Tudo é teatro... Hoje tem apresentação!
Compre logo seu ingresso,
Vai ser aquele sucesso,
Nada possui qualquer explicação!

Necessitamos de sermos notados,
O anonimato é castigo,
A indiferença é perigo,
É assim que fomos marcados...

Tudo é teatro... Até mesmo no coração!
Ensaiamos e então vivemos,
Isso até quando morremos,
Último ato chamado - exaustão!

terça-feira, 24 de abril de 2018

Um Pequeno Poema de Fuga

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Abriram a porta da gaiola
e eu fugi...
Levaram-me à beira do abismo
e eu caí...

E andei por caminhos inauditos,
caminhei por várias estradas,
lugares feios e outros tão bonitos,
alguns tinha tudo, outros - nada...

Deram-me as chaves da prisão
e eu fugi...
Se foram atrás me recapturar
eu nem vi...

Ainda não chegou o meu fim,
mas sei que ainda está chegando,
deixem-me que fuja dentro de mim,
não importa se rindo ou chorando...

Apontaram-me o caminho das estrelas
e eu fugi...
Se quiserem me ver, olhem pro céu
eu estou aí...

É O Que Tenho

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É o que tenho...
Aquele ursinho de pelúcia com cara de triste
Que ela por alguns dias abraçou e ninou
Antes que a morte a levasse pra longe de mim...

É o que tenho...
Alguns momentos bons capturados em velhas fotos
Que em desespero imploro que voltem
E que me fazem chorar mesmo que por dentro...

É o que tenho...
A maior de todas as minhas tristes indecisões
Não sei se continuo fugindo da morte
Ou se me acovardo e vou ao encontro dela...

É o que tenho...
Um frio bem maior que o que me aflige o corpo
Um frio na alma um frio de revolta muda
Quando vejo as notícias de tanta barbaridade...

É o que tenho...
A mais enganosa que qualquer outra ilusão
De que ainda encontrarei algum outro amor
Que não me traia e me faça ainda feliz...

É o que tenho...
Me sobrou um pedaço dessa minha sã loucura,
A mesmo loucura que faz dançar sob a chuva 
E conversar com estrelas e também com flores...

É o que tenho...
Os meus passos que ainda teimam por ruas vadias
Não me importando se escondido no meio da noite
Ou se exposto à nudez de tudo que está sob o sol...

É o que tenho...
Não tenho riquezas que o inveja poderá corromper
E nem a beleza que Se acabará num passe de mágica
Só tenho alguns versos nos bolsos que guardei pra você...

É o que tenho... É tudo que tenho...

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Canção da Longa Noite

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Longa noite que começa cedo
Longa noite que termina tarde
Apesar de ter todo esse medo
Eu ainda não fui um covarde...

Pássaros noturnos pelos ares

No seus silêncios inquietantes
Carrego em mim meus pesares
O mais infeliz dos retirantes...

Longa noite que começa cedo
Longa noite que termina tarde
A minha vida foi um arremedo
E a minha paixão fez alarde...

Outros seres mais estranhos
São a minha infeliz companhia
De todas as formas e tamanhos
Atravessamos a madrugada fria...

Longa noite que começa cedo
Longa noite que termina tarde
Apesar de ter todo esse medo
O meu coração ainda arde...

Teoria da Necessidade

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Necessitamos de alguma coisa sempre. Assim somos nós. Não poderia ser diferente. Somos o que somos e não podemos evitá-lo. Faz parte de nossa natureza. Como negá-lo? Grandes exigidores no tempo que corre com sua infinda paciência...
Necessitamos de coisas simples. Mas acabamos complicando tudo. Faz parte do nosso drama. Tragédias gregas são encenadas sem palcos e sem plateia alguma. Choramos mais por hábito. A nossa realidade sempre traz consigo sua lente de aumento...
Mas... do que realmente necessitamos?
Necessitamos de mais um pouco de ternura. Acabamos cegando à nós mesmos. Para depois reclamarmos de nossa escuridão. Olhamos as pedras do caminho, mas esquecemos das flores. Reclamamos da falta de tempo, mas ignoramos as oportunidades que a alegria nos dá...
Necessitamos de mais compaixão. Compaixão por nós mesmos. Deixemos de nos sacrificar por algumas moedas à mais, por alguns comentários mais favoráveis que nem sempre são sinceros, por ganhar uma corrida que não levará à lugar algum, por uma fama que nos levará ao ridículo em algum tempo futuro. Compaixão pelo próximo. Pelos defeitos dos outros, pelos erros das pessoas, pela inconsequência delas. Afinal de contas, nosso tribunal sempre acaba nos absolvendo...
Necessitamos de mais um pouco de loucura. Não a loucura que enche as celas dos cárceres, não a loucura que lota os pátios dos manicômios, desta não necessitamos. Mas a sã loucura que alimenta a alma, a alma que diversas nos implora o fim da rotina. Saibamos tentar mais, correr mais riscos necessários, rir sempre, dançar nas ocasiões mais insólitas, perdermos o medo de mostrar o que realmente sentimos...
Necessitamos de mais asas. É preciso uma imaginação que nos incomode, que chegue nos momentos mais inoportunos. São precisas mais paixões, mesmo que elas representem seu perigo, assim como os abismos que sempre são belos...
Necessitamos mais de nós mesmos. Levamos o tempo todo nos aniquilando pela unanimidade, nos tornando uma página em branco pelo óbvio, temos mais medo das críticas do que da própria morte...
Necessitamos mais de correr só por prazer, de dançar porque se tem vontade, de fazer aquela visita inesperada, de ligar para o velho amigo que não falamos à um certo tempo, de ouvir velhas histórias que sempre nos agradaram...
Necessitamos, enfim, de vivermos hoje sem ter medo do que certamente chegará... 

Enquanto Morte

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Enquanto morte vai pra todos os cantos,
Visita países, percorre ruas, todo o lugar,
Enquanto morte quebra todos encantos.
Cessa os corações, acaba com o respirar...

Enquanto morte inspira todo nosso medo,
Tragédia grega ou algum quadro sem cor,
Enquanto morte vem sempre mais cedo,
Faz que cesse todo e qualquer um amor...

Enquanto morte inspira todos os dramas,
É o real motivo que faz o corajoso tremer,
Enquanto morte aumenta todas as chamas,
Faz a própria terra sinistramente gemer...

Enquanto morte é a nossa real saideira,
Aproveita agora pois amanhã não tem mais,
Enquanto morte não é a última, é primeira,
Num canto qualquer, que descanse em paz...

Enquanto morte é só a mão do carrasco,
Não há nada que reste, só há despedida,
Mas, por favor, não lhe tenha algum asco,
Pois é dela que eis que nos surge a vida,,,

domingo, 22 de abril de 2018

Tudo Tem Nome

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Tudo tem nome...

Ai de mim se não tivesse!
O amor preso no peito,
A vida que não tem jeito
E a praga que virou prece!

Tudo tem nome...

O dia que deu errado...
Quem me dera desse certo!
Ando por dias nesse deserto
Por amar e não ser amado...

Tudo tem nome...

Ai de mim se não tivesse!
O crime que mora ao lado,
O caso que foi encerrado,
O medo que agora cresce...

Tudo tem nome...

O olhar que foi alagado...
Quem me dera se não mais!
Muitas guerras e pouca paz
Nesse mundo tão errado...

Tudo tem nome...

Ai de nós se não tivesse!
Uma luz por esses caminhos,
Uma rosa entre os espinhos,
O coração que padece...

Tudo tem nome...

Não, Estrelas!

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Não, estrelas! 
Não venham hoje me visitar...
A noite está tão linda!
Mas eu acabei de chorar...

Existem coisas mais importantes
Pra fazer por aí, pelo mundo...
Junto com a lua, inspirem os amantes,
Não se preocupem com este vagabundo...

Não, estrelas!
Não venham hoje me visitar...
Nem arrumei o quarto!
Nada está no lugar...

Há tantos no meio desta noite fria
Precisando da sua atenção...
Necessitam bem mais de sua companhia,
Bem mais de sua compaixão...

Não estrelas!
Não venham hoje me visitar...
Hoje não tenho versos!
Nada tenho para lhes ofertar...

Vocês precisam de alegres memórias,
Eu só tenho os meus queixumes...
Vão procurar mais felizes histórias
Para aumentar os seus lumes...

Não estrelas!
Não venham hoje me visitar,,,
A noite está lindo!
Mas eu ainda quero chorar...

Vai Saber...

Resultado de imagem para carnaval triste
Virou banalidade a bunda de fora
Vai ser tão legal vai ser da hora
É porque está faltando até o pano
É muito complicado ser humano
Virou lugar-comum ser desonesto
Lá vem a procissão e vem o resto
Resto jogado e apanhado no lixo
A maldade é servida no capricho
E o covarde até criou coragem
E a puta corou com a sacanagem
E eu ainda sou apenas um moço
Pra cozinhar esse angu de caroço
Na TV tá passando mais besteira
E no jornal a mentira costumeira
Você mente e eu finjo que acredito
Porque o carneiro é bicho bonito
Não peça pra assinar aí no branco
Já caí e ralei o joelho no barranco
Caí de boca e fiquei quase banguela
E sujei os meus dedos nessa aquarela
Vou dançando e pulando é carnaval
E fingindo que vou rindo tão normal
Fui sincero e acabei sendo castigado
O errado é certo e o certo é errado
Amanhã será o mesmo que ontem
E a água passa agora sobre a ponte
Não importa ir no portão e trancar
Se existem formas sutis de atacar
Já tentamos errar com mais afinco
Bota aí dois contos no ornitorrinco
Não há prato vazio não tem prato
O gato agora virou compadre do rato
Me perdoem os moralistas de plantão
Mas se xingo tenho lá minha razão
Só tem cama de pregos não sou faquir
Estar vivo é o motivo de não desistir
Estamos no deserto e sem camelo
Quem sabe ao acordar acabe o pesadelo
Eu nunca pedi pra ser uma exceção
Mas se continuar isso tudo pego o avião...

(Ao grande terapeuta, amigo e camarada Angel Rojas Filho)

Crônica da Casa Destruída

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Por mais que queiramos - não sabemos. Onde vamos parar? Não imaginamos. Porque o insólito, o inédito, o absurdo são os temperos usados nessa estranha alquimia que estamos submetidos. Não esperemos o final feliz, esperemos apenas mais um final...
A minha, a nossa, a paciência de todos é deveras muito pouca. Somos humanos. Não somos pedras. E mesmo quando gostamos - a dor nos incomoda. 
Somos culpados disso tudo? Em parte sim, em parte não. Pulamos do abismo, a culpa é nossa, mas nossos olhos nasceram cegos, esta não foi nossa culpa. Que culpa temos se nos falta a sensatez?
Andemos, andemos até não podermos mais, é a única coisa que podemos fazer aqui e agora. Nem o tempo nos espera tomar algum fôlego. Cada dia tem sua triste tarefa de se matar...
Amemos, sempre e mais um pouco. Não importa qual tipo de amor, grandioso ou mesquinho. As próprias cores não nasceram para agradar à todos. A unanimidade é a coisa mais perigosa que há...
Não nos preocupemos de forma alguma com o amanhã. O amanhã é um animal arisco que nos desconhece. E mesmo quando tentamos lhe fazer algum carinho, algum afago, ele nos estranha e nos ataca. Sua mordida dói e seus ferimentos nunca cicatrizam...
Vivamos, é a único bem que temos de verdade. Não faz parte de nossa natureza abreviar nada. Há duas formas de suicídios e todas elas desastrosas. A primeira é a do corpo, quando você num egoísmo desesperante vai embora antes da piada terminar. A outra, a pior delas, é quando você continua vivo e não quer mais ser você mesmo. Muitos mortos andam por aí sem seu atestado...
Por mais que queiramos - não sabemos. Esperamos ás vezes o mais certo dos nãos e a resposta seria sim. A felicidade é como a água, inodora, insípida, incolor. Nem eu, nem você, nem ninguém saberá quando ela vem, quando ela está, nem quando ela vai embora...
Use a ternura quando puder, mas tenha muito, mas muito cuidado mesmo. Ela pode fazer qualquer coisa, quase como Deus. Ela pode levar anos à fio para derrubar um castelo feito pelo menino na areia e num segundo apenas destruir estrelas apenas com sua vontade...
Não se culpe pelas tristezas do mundo, pelas injustiças dos homens, pelas maldades que são executadas nos segundos que correm. Você certamente não as causou. Mas, se culpe sim, de não ter feito nada para que elas se acabassem...
E por fim, tenha sempre esse mal em mãos - a esperança. Toda casa destruída pode ser reconstruída mesmo quando já não é a mesma...

Este Pequeno Poema

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Este poema é igual ao meu coração...
Pequeno... Apertado... Aflito...
Sujeito às dores, ao fim da estação...
Sem olhos... Sem boca... Maldito...

Nele descansam coisas já passadas...
Jazem nele o que acabou...
Lembranças de velhas estradas...
Um outro sono enfim começou...

Quando passarem por ele, quietos...
Cada um tem sua hora...
Seus desejos, calados, secretos...
Sempre iremos, embora...

Este poema é igual ao meu coração...
Malfeito... Abjeto... Errado...
Apenas a soma de mais uma paixão...
Tudo passou. ele está - descansado...

sábado, 21 de abril de 2018

Nosso Trato

Vamos fazer um trato:
Vamos repartir tudo de forma igual,
Você com a tristeza e eu com o carnaval,
Tome o ar abafado, quero o vendaval,
Você com o dinheiro e eu com a alegria,
Eu prefiro a noite, pode ficar com o dia,
Leve as nossas roupas, deixe minha fantasia,
Leve os móveis, mas me deixe as flores,
Carregue as mágoas, me deixe os amores,
Carregue as formas, eu fico com as cores,
Leve o carro novo que está na garagem,
Não esquento se você levar vantagem,
Eu só preciso dos pés pra minha viagem,
O cachorro deixe que ele é meu amigo,
Leve o gato pra te proteger do perigo,
Não deixe quase nada, não quero abrigo,
Leve os títulos, aquela fama e a posição,
Me deixe todos os sins e pode levar o não,
Leve até o amor, mas não leve minha paixão,
Pode catar tudo das gavetas, as lembranças,
Os planos passados, as nossas esperanças,
Prefiro as nossas festas passadas, as danças,
Faço questão de todos os risos que dei,
Todas as perguntas sem resposta que perguntei
E dos demônios que um dia exorcizarei,
Leve, leve, pode me levar quase tudo.
Vá embora de mansinho com pés de veludo,
Eu só quero a canção e o meu verso mudo...

Tão Perto Demais

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Tão perto demais das tormentas
Destes ventos, destes temporais,
Das guerras, das coisas violentas,
Espero em vão outros carnavais

Me escondendo triste em um canto,
Espero em vão que tudo isso passe,
Uma nova vida, algum novo encanto,
Um outro sol alegre que não nasce

Tão perto demais de certas pessoas,
Espero que a esperança não seja notada,
Esperanças afinal não são coisas boas

É apenas mais a ânsia assim aumentada,
Apenas mais o grito desesperado que ecoa,
Apagado e seco nesta minha madrugada...

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Ventemos

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Eu vento,
Tu ventas,
Ele venta,
Nós ventamos!

Vamos pra todo e qualquer lugar,
Onde que exista algum amar,
Um sonho bonito pra gente ter,
Um carinho, um afeto, um bem querer

Eu vento,
Tu ventas,
Ele venta,
Nós ventamos!

Vamos roubar flores do jardim,
Cantar aquele amor que ainda há em mim
Chorar de ternura até enlouquecer,
A noite vai passar e o dia vai nascer

Eu vento,
Tu ventas,
Ele venta,
Nós ventamos!

Vamos fugir da noite mais escura,
Acabar com a doença trazendo a cura,
Se tudo acaba que tenha um bom final,
Façamos de cada dia uma folia, um carnaval

Eu vento,
Tu ventas,
Ele venta, 
Nós ventamos!

Vamos visitar outros estranhos mares,
Será o fim de todos os nossos pesares,
Vamos continuar na difícil tarefa de ir amando,
Aproveitemos o tempo que está ventando...

Não Há Outro Dia

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Não há outro dia,
Certamente não há,
Cantemos hoje,
O amanhã calará...

Não há outro sonho,
Estaremos despertos,
E nossos jardins
Serão desertos...

Não há outra dança,
Apague a fogueira,
O nosso maior bem
Será besteira...

Não há outro amor,
Esse morrerá,
E será nossa dor
Que socorrerá...

Não há outro tino,
A loucura vem,
Pra qualquer mal
Existe um amém...

Não há outra peça,
Acabou o drama,
Tudo o que temos
A mesma lama...

Não há outra máscara,
Só tem a cara,
Nossa tristeza
Ninguém repara...

Não há outra festa,
Só tem folia,
É tudo disfarce
Sem alegria...

Não há outra cura,
Só há ferida,
Costumamos chamar
Isso de vida...

Joia Barata

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Eu te sonhava naqueles sonhos mais confusos que tremem
Eu te queria como um desesperado queria a salvação
Como os mortos ainda vivos que no silêncio gemem
Com a fidelidade maior do que a de qualquer um cão

E contava algumas histórias mais bonitas que inventava
Rindo aquele meu riso que não tinha e era meio forçado
E com o canto silencioso dos meus olhos eu te ninava
Eu velava teu sono atravessando as noites triste e calado

Eu te explicava aquelas coisas que mesmo nem eu sabia
E contava as estrelas do céu só pra poder te agradar
E fazia os planos mais inocentes, ah! como eu fazia...
Mesmo sabendo que os meus planos poderiam falhar

Tudo custa tão pouco mas mesmo assim tem seu preço
Tem seu preço as coisas boas e também as coisas más
E tu partiste sem ao menos deixar o teu endereço
E até hoje ainda te lembro nestes meus carnavais

E agora triste e pobre sem ter nem mesmo uma janela
Conto os segundos e isso tudo a mim muito maltrata
Como poderia saber eu que tu eras a mais bela
E ao mesmo tempo aquela joia assim tão barata?

(Para Renata Ramos de Souza, in memorian enquanto viva).

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Nada Tenho Contra a Tristeza

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Nada tenho contra a tristeza
Se ela chegar devagar,
Sem não me dar muito susto,
Se me deixar reclamar,
Se deixar tomar o último copo,
Se eu acabar de cantar,
Se me deixar ver a lua
E o novo dia clarear,
Se me despedir dos amigos,
Dizer que não vou voltar,
Que tenho um compromisso,
Que não posso mais adiar,
Que acabou meu sorriso,
Que agora só posso chorar,
Não tenho culpa, ninguém tem
Dela poder me enxergar,
Mas quero um beijo da amada,
Pra poder também relembrar,
Eu vou andando sozinho,
Ainda tem terra e tem mar,
Nem faço questão do céu
Porque senão não vou voltar,
Mas se quiser ficar um pouco,
Ela pode até se sentar,
Vamos abrir uma cerveja,
Podemos comemorar,
Que ela fez mais um triste,
Que é coisa de se admirar,
Porque fiz versos alegres,
Mas acabou, já não há,
Pois é assim mesmo a vida,
O açúcar pode amargar,
Nada tenho contra a tristeza,
Se ela chegar devagar,
Se não me der muito susto,
Posso até me acostumar...

Paisagem em Cinza

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Não há mais o que reclamar...
Todos os tons se esmaeceram no mesmo cinza...
As velhas lembranças se desfizeram 
Como antigas roupas que as traças comeram...
O tempo está frio, muito frio mesmo
E meu coração se esconde como covarde sol...
Vês aquele pássaro voando bem alto?
Talvez meu coração foi assim um dia,
Mas agora é apenas mais um cão vira-latas 
Que mexe nas latas de lixo procurando alguma coisa
Mas agora nem sabe mais o que...
Cansa-me ver o tempo tão triste lá fora
E aquele mesmo gosto amargo castiga a boca
E qualquer perfume agora virou lugar-comum...
Não saio daqui, nem tenho vontade,
É muito triste saber que algumas coisas
Estarão no mesmo lugar e outras não...
As surpresas boas foram visitar outras paragens
E eu acabei ficando tão só...
Não vou ver as horas no relógio,
Receberei a mesma resposta de todos os dias...
Não há mais o que reclamar...
Até os incômodos podem ser bem melhores...
A tristeza pode enfeitar alguma coisa...
Mas todos os tons se esmaeceram no mesmo cinza...

Alguns Poemetos Sem Nome N° 322

O amanhã é o hoje com requintes de ontem. Todo amor acaba sentindo raiva de si mesmo. Os pássaros acabam invejando as serpentes que queriam ...