terça-feira, 1 de agosto de 2023

Pangeia

Tudo.

Onde eu piso.

De onde vim.

Para onde irei.

Limitação ilimitada.

Faço prodígios.

Céleres desesperos.

Um sinal.

Entre tantos.

Divagações.

Alguma febre.

Até o impossível 

Pode ser possível.

Uso os dentes

Que me restaram.

E a tarefa leve

Dos faquires.

Cama de pregos.

Tapetes de espinhos.

Minha cabeça

Numa bandeja.

Meu sangue

Num grande pote.

E a casa.

E a reza.

O futuro não tem.

Uso a lâmina

Para meu sacrifício.

Um jogo.

Tudo tão entorpecido.

A vulgaridade rara.

Nem estamos.

Me calo.

Como um prédio

Que vai ser implodido.

Tanto caindo do bolso.

Está furado.

Não fui eu o vilão.

Mas nem o herói.

Era apenas sono.

Um pedaço Cão

O outro também.

Reze logo.

O tempo engole.

Tem apetite.

Engole os mortos.

Palita os dentes.

Que fome,

Só de você...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida).   

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