- Um estrambenho do curisco maiado, isso é...
- Nem me diga!
- Digo sim, a boca é prisso...
- Mas fala baixinho...
- Ara! Mas por que?
- Tem orelhudo pra tudo que é lado...
- Ah! Isso é...
- No nosso tempo de curta-calça era lavadeira, vizinha gorda e dona de peixe que esticava a língua, hoje mundo...
- Eu não sei?
- Tá aparecendo que nom...
- Pois vai nessa, vai, o bobo aqui já se aposentou na dobra de esquina...
- Mas vamo lá... Tem visto?
- Tem visto o quê?
- Ué, não tem botado as butuca pra funcionar?
- Pois tenho, todo dia, acordei, as pobrezinhas funcionam até cair de pesada de novo... Mas fale aí, marmanjo garoto, do que me falas em tantas ralas?
- Pois falei dessa cumbuca sem macaco que é o mundo...
- Ara! Continua a mesma pingonça de sempre, não?
- Parece, mas não...
- Pois pra mim é a mesma meleca de bolinha de sempre. Um espirro aqui, um peido lá, arroto agora virou até boeducação...
- Aí que tá, compadre dosoutro, parece, mas não é...
- Me mostra...
- Pois mostro sim, zaroio cubango... Antes não se tinha, mas se fingia que tinha; hoje tem, mas se finge que não... Compreendeu?
- Nem um pipico destamanho...
- Não era bom, mas era... Hoje não é, mas tumbém não é...
- E...
- Bezerro tinha fome, mas num gritava; se mentia por baixo da roupa, putarico sempre foi; belengo matava truado, mas parecia pouco...
- E...
- E como tinha menos, menos se ficou...
- Mas tudo ficou escrivinhado...
- Ficou uma tonga, isso sim. Muito debaixo da trapeira, muito nas lápide apagada. Era a mesma tinsca, a mesma necesseira, ah, se era...
-...
- Quanto parece que tinha mais, aí que nem tinha. Tinha é pior que lepra, isso sim...
- Se isso que cê fala é verdade, fulingou tudo...
- Nem tanto e nem tão-porco... Isso é mais antigo que fuleco na bosta, é sim. Acaba infeliz todo estalo de dedo, cada peido dado, o mundo demora. Ainda tem muita pilha, tem sim...
- Tem muito titico por aí...
- Sobra muito. Pra mala e tuia, pra mala e tuia, Zé Pepé...
- Muito bundeco sobrando...
- Demais...
- É só sentar e ligar a caixa de bobageira...
- Nem me fale...
- Apois já falei...
- Ou então meter o dedo no caixãozinho...
- Pior ainda, pior ainda...
- Só uma cana agora...
- Isso tem sempre...
- Hoje não, meu ruim, hoje não. Tou sem uma chapinha véia...
- E daí?
- Daí não tem...
- Ara, acha que vou levar peso por penitença? Nem me amalucando, nem endoidezando feito um cruque?
- Tem?
- Craro, craro...
- Vamo no goleio?
- Só agora, só agorinha. E essa é das boa, garrifinha de prástico. E se cabar tem de onde veio essa.
Um brinde então...
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