Repito mais um cigarro
Como quem anda à esmo
Sem prerrogativa alguma
Os homens falam de tanta coisas
Mas esqueceram os versos
No bolso da outra calça
Sou imenso como o mundo
Que acabei criando
Entre tantas necessidades
E poucas futilidades então
As cabeças estão descobertas
Enquanto tudo se embriaga
Parei no sexto dos infernos
Sem nenhum samba-canção
Numa brasilidade sem motivo
Apenas alguma grana e fama
A alegria não possui verniz
O bebê bebe bebendo baba
Nunca mais subirei no morro
Nem tirarei selfies patéticas
Mostrarei o dedo do meio
Anjos portadores de chifres
E a estética perfeita e duvidosa
Os sonhos-pesadelos do poeta
E a cortina-pano tapando o janela
É de um verde-quase-desmaiado
Não sei se mato ou me mato
Falando e fazendo frases iguais
Quem trouxe o trombone
Deixe aí num canto qualquer
Minha inspiração tem assim
Um jeito quase enjoativo
De tentar derrubar as paredes
E quebrar com as pedras os socos
É apenas uma coisa sensata de louco
Reviver as raras figurinhas
Enquanto todos os computadores
Acabam pensando mais do que eu
Muito prazer eu mesmo
Temos algum choro para a tarde
E bardas comemorações astrais
A poesia me dá um chute no traseiro
E eu apenas consigo falar isso
Eis o charme decadente dos novos
Enquanto os outros nunca tiveram
A velha batucada do carnaval passado
Que já faz muito que se calou
Nem sei mais o que quero
No meio de tantas atrocidades
Acabaram-se todas as bananas
E a porcelana está quebrada
A internet caiu quase agora
Para desespero geral da nação
Faltam espinhos para esta coroa
Mas não chorarei por isso...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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