Esperar em minha insignificância
Um tanto que meio grandiosa
Que os bicos fiquem túrgidos
Enquanto esse meu silêncio
É mais uma máquina do tempo...
Rabiscar despretensiosos sinais
Em esquecidas paredes
Para que a posterioridade leia
Mesmo que meu pedido de ajuda
Já tenha de uma vez naufragado...
Colher alguns grãos qual os pombos
Já que descobrir ter iguais asas
Mesmo não me chamando Ícaro
E tendo medo de qualquer altura
Contida em misteriosos sonhos...
Mistura de noites dançantes
Como fantasmas pelos corredores
Com um sabor incomum do escuro
Que não poderá mais ferir
Esses meus olhos cruéis de rapina...
Cada sílaba é uma farsa
Cada vocábulo um esconderijo
E cada construção me abriga
Enquanto não desabar o teto
Sobre a minha pobre cabeça...
Ronrono pedindo novelo de lã
Um telhado que esteja calmo
Peço também todos os dias idos
Não fui eu que os mandei partir
Falta-me forças para buscá-los...
Esperar em minha insignificância
Um tanto que meio grandiosa
Que teus bicos fiquem túrgidos
Enquanto esse meu silêncio
É mais uma máquina do tempo...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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