quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Avis Rara XXIV (Poema Anímico)

 

Esperar em minha insignificância

Um tanto que meio grandiosa

Que os bicos fiquem túrgidos

Enquanto esse meu silêncio

É mais uma máquina do tempo...

Rabiscar despretensiosos sinais

Em esquecidas paredes

Para que a posterioridade leia

Mesmo que meu pedido de ajuda

Já tenha de uma vez naufragado...

Colher alguns grãos qual os pombos

Já que descobrir ter iguais asas

Mesmo não me chamando Ícaro

E tendo medo de qualquer altura

Contida em misteriosos sonhos...

Mistura de noites dançantes

Como fantasmas pelos corredores

Com um sabor incomum do escuro

Que não poderá mais ferir 

Esses meus olhos cruéis de rapina...

Cada sílaba é uma farsa

Cada vocábulo um esconderijo

E cada construção me abriga

Enquanto não desabar o teto

Sobre a minha pobre cabeça...

Ronrono pedindo novelo de lã

Um telhado que esteja calmo

Peço também todos os dias idos

Não fui eu que os mandei partir

Falta-me forças para buscá-los...

Esperar em minha insignificância

Um tanto que meio grandiosa

Que teus bicos fiquem túrgidos

Enquanto esse meu silêncio

É mais uma máquina do tempo...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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