sábado, 19 de agosto de 2023

Avis Rara XXVII (Luxury)

Mesmo sem sal engoliremos

Numa nova estética sem números

Qual caleidoscópios desregulados

Desde que a nossa fome consinta

Somos os novos bárbaros

De uma dieta que quase não deu 

Tampa de panelas para o artista 

Palmas fingidas para os idiotas

Pratas jogadas dentro do sal

Vamos nos banhar no Ganges

Pedindo que alguma coisa ocorra

Não me importando quais os pentelhos

Que brotarão em seus sexos

Tudo é uma questão de gramática

E meus nervos não possuem mais flores

Morro cada vez menos e menos

E isso pode ser apenas lamentável

Uma barata voa mais do que eu

E enquanto monto meu inferno com legos

Não vejo mais o relógio correr de mim

O orgasmo é o fim de todo riso

Mesmo se a piada não se acabou

Cavalos brancos de matéria plástica

E bonecas do sex-shopping sinceras

Vou mastigar tudo que não existe

Até conseguir cuspir no chão do bar

Separados estamos desde a maternidade

E nossas estrelas se recusam brilhar

Quase esqueci de certas proibições

E me utilizei de novos códigos secretos

O amor não durou mais que um segundo

E nem por isso morreu ou vai morrer

Mesmo sem sal engoliremos...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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