Mesmo sem sal engoliremos
Numa nova estética sem números
Qual caleidoscópios desregulados
Desde que a nossa fome consinta
Somos os novos bárbaros
De uma dieta que quase não deu
Tampa de panelas para o artista
Palmas fingidas para os idiotas
Pratas jogadas dentro do sal
Vamos nos banhar no Ganges
Pedindo que alguma coisa ocorra
Não me importando quais os pentelhos
Que brotarão em seus sexos
Tudo é uma questão de gramática
E meus nervos não possuem mais flores
Morro cada vez menos e menos
E isso pode ser apenas lamentável
Uma barata voa mais do que eu
E enquanto monto meu inferno com legos
Não vejo mais o relógio correr de mim
O orgasmo é o fim de todo riso
Mesmo se a piada não se acabou
Cavalos brancos de matéria plástica
E bonecas do sex-shopping sinceras
Vou mastigar tudo que não existe
Até conseguir cuspir no chão do bar
Separados estamos desde a maternidade
E nossas estrelas se recusam brilhar
Quase esqueci de certas proibições
E me utilizei de novos códigos secretos
O amor não durou mais que um segundo
E nem por isso morreu ou vai morrer
Mesmo sem sal engoliremos...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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