Você tem todo ar do mundo para respirar
Mas só tem duas narinas para isso
Tem todo chão para andar por aí afora
Mas o cansaço não é bom colaborador
Dançar faz parte de nossa natural natureza
Mas nem sempre a música foi tocada
Você não está dentro da cela ou da jaula
Mas há uma gaiola maior para limitações
Pode escolher usar aquilo que quiser
Mas não pode calar a boca da moda
Pode comer aquilo que você desejar
Desde que a sua grana lhe deixe fazer
Você pode escrever nos muros sobre o amor
Mas não sabe a mágica para que aconteça
Esquecer a dor para que ela morra pode
Mas seu corpo talvez não concorde com isso
Evitar certas partidas que entristeçam
Até que o tempo tome a direção e faça
Você tem todo direito de reclamar das coisas
Mas isso não impede que elas aconteçam
Remar contra a corrente é possível
Desde que a corrente não seja você mesmo
Pode se afastar de qualquer inimigo cruel
Desde que esse inimigo não seja sua sombra
Você pode suportar a pior das solidões
Desde de que ela não tenha sido sua criação
Pode atravessar com calma um tiroteio
Se não confiar apenas no mero acaso
Pode ver o que acontece com olhos abertos
Desde que não estejam cegos para a ternura
Você tem todo ar do mundo para respirar
Mas só tem dois pulmões para isso
Um só coração bate em seu peito
Para aguentar todas as suas paixões
E o mesmo fogo que lhe protege e aquece
Pode servir para fazer as suas cinzas...
(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).
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