segunda-feira, 28 de agosto de 2023

É Que Eu Não Entendia

Olho  para a frente calmamente

(Uma calma que até me irrita)

E ando com certa dificuldade

Só como velhos e aleijados andam

Mas por que parar se o espaço

É de apenas um quarteirão?

Peço mentalmente que não chova

(Eu não posso tomar chuva)

E me sinto como se estivesse

Em uma máquina do tempo

O filme foi de baixo orçamento

E seus efeitos são sofríveis?

Dia desses mesmo eu não entendia

(Ou pelo menos forçava a barra)

Para entender coisa alguma

Pensando que a saudade não viria

Fora a doença e também a velhice

Elas engolem tudo e todos?

Agora consigo entender algo

(Mesmo com as cores fugindo)

Me deixaram num preto-e-branco

Como uma velha foto post-mortem

E como as mãos trêmulas pergunto:

Será a morte uma grande vida?

Há nuvens e pássaros sobre a cabeça

(Escuto os sons viciados do dia)

E vejo minha solidão é um engano

Minha alma irá me acompanhar

Como aquela sombra mais fiel

Será que ela não descansa nunca?

Olho para a frente calmamente

E acho que agora entendo...


(Extraído do livro "Escola de Mortos" de autoria de Carlinhos de Almeida). 

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