quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Avis Rara XXII (Bando Sem Pássaros)

Vamos estudar a nova estética

Não-aparente de coisa não-estática

Sambar sozinho no meio do mato

Esperando aquela salva de palmas

Deu cupim no cavalo de Tróia ontem

O motorista acabou desmaiando

Nem sempre a tática é também ótica

Temos espinhas pelo rosto todo

Bacanais inocentes rolam por aí

Mais nunca não é nunca mais

A ordem do produto altera as parcelas

As nuvens são um véu nos céus

Espirais podem ser linhas retas

O travesseiros são pedras macias

Meu celular dorme mais do que eu

As palavras podem ser lavras

Douraram a pílula de amarelo

A paz está custando os olhos da cara

Nem tudo que gira deixa tonto

Nossa apatia anda tão apática

Façam o cálculo errado de vez

Vamos correr todos de costas

De frente somente para o crime

Elementar meu caro nada

Agora teremos sinais de fumaça

Na mais refinada das tecnologias

Atravessamos o Atlântico nadando

E o Saara com roupas de esquimó

Os carros agora usam sapatos

Vou ali na esquina ver se estou lá

Todo batuque tem seu truque

Mandrágoras são pets de estimação

Um chá de hora em hora para nós

Frutas bem doces tão amargas

Caça às bruxas ou caça aos patos

Tire logo o dedo do meu nariz

A reserva de mercado é tão egoísta

Que eu tenho medo de mim mesmo

Gelatinas feitas em muda oração

Seis bananas pelo preço de uma

Houve muita farofa na convenção

E muitos guaranás de igual forma

Raposas para guardar as galinhas

E lobos tomando conta do rebanho

Falo em libras com luvas de box 

O mudo falou-me mais que podia

Vou uivar em direção ao sol

Como quem se crucifica por prazer...


(Extraído do livro "Farol de Nulidades" de autoria de Carlinhos de Almeida).

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