terça-feira, 15 de agosto de 2023

Fragmentos de Um Diário Torto 1

Querido diário:

Vou começar você meio sem pressa, sabe? Vivemos num mundo muito apressado, as pessoas têm pressa de um monte de coisas, inclusive se foderem, perdendo o tempo para depois se arrependerem, mas aí já é tarde demais. Muita pressa tem alguns para tropeçarem e caírem, dispenso isso.

Me chamam de mole, sabe... Pois eu não acho que isso seja moleza, é que dificilmente perco a calma. Se por acaso ela cai do bolso, acabo sempre achando perto de onde caiu. Sonhos possuem asas e podem ir longe demais, a calma não, ela tem passos pesados.

Mas vamos o que interessa:

Acordei cedo demais como sempre acontece. Não posso afirmar que isto seja insônia, simples vontade de mijar ou os dois. Mas depois que passo tropeçando e vou ao banheiro, acabo olhando a garrafa de café em cima da pia, acabou o meu sono e começou um dia chato como qualquer outro desses.

Acendo mais um cigarro (burrice confessável de minha parte, pois não?) e sento na frente do computador. Uma vez li uma definição bem interessante sobre sua tela: é uma janelinha onde milhares (melhor dizer, milhões, não é?) de condenados olham o mundo lá de fora e não conseguem se libertar. Era só levantarem seus traseiros das cadeiras, simples, só que ninguém quer. Se fossemos plantas, criaríamos raízes em nossas bundas...

Pois é, não fique aborrecido comigo, meu amigo. Não faça cara feia em seu papel. Vou levantar mais um pouco para pegar um outro café. Se acontecer alguma coisa digna de nota, juro que volto aqui e escrevo mais algo mais. 

Até.

 

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